São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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não tem preço

Nacional, Corinthians dá prêmio de Libertadores

Enquanto a taça continental vale R$ 1,6 mi para o Flu, time gasta R$ 4,5 mi

Na ânsia de levantar troféu, cartolas dobram bichos, apesar das dívidas, que vão ser pagas até dezembro com a venda de jogadores

Almeida Rocha/Folha Imagem
O atacante Dentinho em treino do Corinthians para a final da Copa do Brasil, contra o Sport

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Nada melhor do que gordas premiações para motivar os jogadores. Fiel à essa política, o Corinthians ignorou suas dívidas e gastará mais em prêmios se for campeão da Copa do Brasil do que o Fluminense, caso vença a Taça Libertadores.
Abrir os cofres para chegar à final é conseqüência da crença dos corintianos de que a decisão é a vitrine ideal para valorizar os atletas. O clube precisa faturar R$ 40 milhões com vendas para quitar débitos que vencem até dezembro.
De acordo com as quantias a que funcionários e jogadores do Corinthians afirmam ter direito, o clube paulista gastará R$ 4,5 milhões em prêmios se for campeão amanhã em Recife. Nessa conta estão as bonificações em todas as fases.
Já o time do Rio de Janeiro dará a seus atletas, também computando todas as etapas da Libertadores, US$ 1 milhão (R$ 1,6 milhão) se levantar o troféu. A patrocinadora Unimed deve engordar essa quantia. Mesmo se oferecer mais US$ 1 milhão, a soma total será inferior à bancada pelo Corinthians.
Os cartolas do Parque São Jorge admitem terem oferecido aos jogadores, até a chegada à final, R$ 1,6 milhão.
Os gastos já incomodam conselheiros da oposição, para quem a diretoria toma decisões com a mentalidade de jogador de futebol graças ao ex-beque Antônio Carlos. Ele aposentou-se no final de 2007 para ser diretor-técnico do Corinthians.
Como dirigentes em cargos semelhantes em outros clubes, o ex-zagueiro também recebe bichos. "Só passo aos jogadores as propostas da diretoria", afirma ele, que assegura não ganhar a premiação integral.
Foi uma derrota (3 a 1 para o Goiás), que começou a alavancar os prêmios. Assustados, os dirigentes passaram o bicho por jogador de R$ 8 mil para R$ 16 mil. Contra o Barras, na primeira fase, cada atleta embolsara R$ 2 mil. A classificação diante do Fortaleza, na fase seguinte, valeu R$ 4 mil.
Após 4 a 0 na volta contra o Goiás, a diretoria não teve como recuar. Manteve os R$ 16 mil diante do São Caetano.
Para passar pelo Botafogo, segundo jogadores e funcionários, o combinado era R$ 25 mil para cada. Mas cartolas prometeram R$ 50 mil, o que representa um gasto total de R$ 1,4 milhão (a cota individual é multiplicada por 28,5).
Irritado com o assunto, o presidente Andres Sanchez disse que prometeu R$ 50 mil pelas três fases (Goiás, São Caetano e Botafogo). Só que os atletas já receberam R$ 32 mil pelos dois primeiros confrontos.
Pelas contas do cartola, faltariam mais R$ 18 mil, mas todos no clube esperam receber R$ 50 mil por superar o Botafogo, o que pode gerar atritos.
Reservadamente, atletas dizem que receberão R$ 70 mil para serem campeões, se não houver novo aumento. Quem jogou todas levará R$ 158 mil, o equivalente a quase oito vezes o salário de Dentinho.
"Esse time pode ser campeão, mas custa R$ 6 milhões por mês e cada um vai ganhar R$ 98 mil pelo título", disse o presidente Andres Sanchez, quarta, no Morumbi. Falava em tom de ironia por causa das críticas da oposição aos gastos.
À Folha, desmentiu a oferta.
"Quando eu estava lá, dizia para os atletas aceitarem de cara o que a diretoria oferecia porque o presidente acabaria aumentando. Ele é de lua", afirma Nenê do Posto, ex-diretor de futebol. Os reajustes já aconteciam no Estadual.
O vice financeiro corintiano, Raul Corrêa da Silva, diz que o departamento de futebol tem uma verba mensal para gastar. Segundo ele, até o mês passado a cota não foi estourada. Ele argumenta também que a boa campanha gera receitas.


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