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Por contrato, CBF libera álcool na Copa
Após bani-la dos estádios, Ricardo Teixeira pede a sedes que modifiquem lei e abram exceção para cerveja no torneio
Budweiser, cuja dona é parceira da confederação, tem acordo de patrocínio com Fifa até 2014 que prevê venda de bebida no Mundial
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Dia 25 de abril de 2008. Juntamente com representantes
do Ministério Público, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assina um documento pelo
qual proíbe bebidas alcoólicas
nos estádios brasileiros.
Dia 9 de junho de 2009. O
COL (Comitê Organizador Local) da Copa-2014 avisa às cidades-sedes que terão de fazer
leis para liberar a venda de álcool nos estádios do Mundial.
A mudança de atitude é explicada por um contrato milionário da Budweiser com a Fifa,
que se estende até 2014. O acordo prevê a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como nas
últimas seis Copas do Mundo.
Os acordos de marketing da
Fifa relacionados ao Mundial
representam mais de um quarto da renda da entidade. A
maioria dos patrocínios para a
Copa do Brasil já foi assinada.
Será com parte desse dinheiro
que a entidade bancará os custos do COL, que receberá repasses periódicos.
A Budweiser faz parte da cervejaria belgo-brasileira InBev,
que é patrocinadora da seleção
brasileira. No ano passado, a
Inbev comprou a rival americana Anheuser-Busch (dona da
marca Budweiser).
Assim, o COL recomendou
ontem, em reunião com as sedes, que terão de abrir exceção
nas suas leis estaduais e municipais que impedem a venda
bebidas alcoólicas nos estádios.
""A Fifa terá direito a tudo nos
estádios. Fomos informados de
que teremos até que mudar a
legislação antiálcool para um
dos patrocinadores da entidade
vender os seus produtos", disse
Ricardo Leitão, secretário da
Casa Civil de Pernambuco.
Pelo menos São Paulo, Rio de
Janeiro e Recife têm lei específica para proibir o álcool nos estádios. Em alguns Estados, é
vetada a comercialização até
nos arredores das arenas.
No Maracanã, a Prefeitura do
Rio adotou essa medida com o
argumento de que se preparava
para a Copa de 2014.
A decisão do comitê de liberar o álcool vai na contramão de
uma tendência mundial sobre
segurança no futebol.
A Uefa, que controla o futebol europeu, recomenda que
não seja vendido álcool nos jogos no continente, em seu guia
para segurança nos estádios.
A final da Copa dos Campeões, principal competição da
Europa, não teve bebida alcoólica. O jogo foi realizado no dia
27 do mês passado, em Roma,
na Itália, onde a embriaguez é
crime. Antes da partida Barcelona x Manchester United, o álcool foi proibido por 37 horas. A
competição europeia também é
patrocinada por uma cervejaria: a Heineken.
Nas ligas nacionais, há regras
diferentes em cada país. Onde
há maior histórico de violência,
em geral, o álcool é proibido.
Segundo o sociólogo Maurício Murad, especialista em violência nos estádios, ""o álcool é o
combustível da violência em
todos os estádios".
Em 2006, a cerveja foi liberada no Mundial da Alemanha.
O comitê organizador determinou que cada torcedor poderia consumir no máximo um litro da bebida dentro dos estádios. O controle seria feito por
comandas destinadas a cada
torcedor, mas o esquema acabou não dando certo. Apesar da
bebedeira nos estádios, o clima
foi tranquilo dentro das arenas.
A Budweiser também poderá
vender a sua cerveja na Copa do
Mundo da África do Sul.
Além de afirmarem que o álcool será liberado nos estádios
no Brasil, os integrantes do comitê organizador informaram
que o espaço aéreo das arenas
terá que ser fechado durante os
jogos. A medida servirá para
impedir a publicidade ""pirata"
em aviões nos dias de partidas.
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