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Holanda conquista apoio negro e aproxima raças
Com projetos
sociais na
África do Sul,
seleção se
livra de ecos
do apartheid
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO
Um negro sul-africano levanta a bandeira da Holanda. Vestido com o uniforme
laranja, ele canta, dança e assopra sua vuvuzela para embalar o treino da seleção europeia, o primeiro aberto ao
público antes da Copa-2010.
Comum em qualquer outro lugar do mundo, o fato
surpreende na África do Sul.
O símbolo holandês, com
suas linhas horizontais e três
cores, serviu de inspiração
para a antiga bandeira da
África do Sul, lembrança da
época do apartheid, que segregava brancos e negros.
Foram os africâneres, descendentes de holandeses,
que junto com os ingleses implantaram o sistema que perdurou até os anos 90.
A população negra não
costuma usar a camisa da
Holanda no dia a dia.
Mas, pelo menos em volta
de um campo de futebol, o
país reconciliou-se com os
nativos sul-africanos.
No estádio de rúgbi da
Universidade de Wits, a movimentação dos atletas encheu com a distribuição de
ingressos gratuitos. Prática,
aliás, condenada pela Fifa,
mas feita com bilhetes com
logos oficiais da Copa.
Negros dividiram arquibancadas com brancos, entre
representantes da comunidade holandesa na África do
Sul e torcedores vindos da
Europa para o Mundial.
"OUTRA" HOLANDA
"Não penso nela [Holanda] ligada ao apartheid", disse Ronny Totjela, negro com
a camisa da Holanda.
Não era um caso único. A
Folha contou pelo menos
outros cinco espalhados pela
arquibancada vestindo casacos e gorros laranja.
Ao lado de Totjela, Van
der Vit, branco e descendente de holandeses, dividia
uma vuvuzela com ele e usava camisa da África do Sul.
Atrás, um grupo grande
de torcedores negros cantava músicas típicas africanas.
A equipe acenou com palmas. É uma seleção, por sinal, que tem como característica a diversidade de cores. Jogadores negros como
Davids, Gullit e Rijkaard já se
destacaram com sua camisa.
Na atual equipe, Babel e
Braafheid são negros.
A federação holandesa
ainda desenvolve projetos
sociais na África do Sul para
a evolução do futebol local.
Assim, distancia-se da
imagem da antiga bandeira
da África do Sul, que não foi
vista ontem no treino.
Holandeses, legítimos ou
descendentes, e negros não
se entenderam ontem apenas em um momento. Quando se impunham ritmos mais
complexos aos cantos, os
brancos se perdiam.
A seleção laranja é a cabeça de chave do Grupo E do
Mundial, que tem também
Camarões, Dinamarca e Japão. A estreia é na segunda,
contra os dinamarqueses.
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