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Tostão
Deu Itália na Copa
Neste Mundial, senti falta de um time que jogasse como o Barcelona
NO PRIMEIRO tempo,
o jogo foi melhor
do que se esperava.
Com o gol de pênalti, bastante duvidoso, batido pelo Zidane à la Marcelinho,
a Itália teve de sair de seu
futebol contido para pressionar e empatar a partida.
No segundo tempo e na
prorrogação, a França foi
melhor e criou algumas
chances de gol. A Itália se
encolheu, passou a jogar
de contra-ataque, e o jogo
perdeu qualidade. Voltou
ao que se esperava.
Buffon fez uma grande
defesa em uma cabeçada
de Zidane. Foi também
com a cabeça que Zidane
manchou a sua atuação na
Copa e o final de sua carreira. Sem bola, ele deu
uma cabeçada em Materazzi e foi merecidamente
expulso. Apagou-se nesse
gesto a única estrela grandiosa da Copa. Retiro meu
voto de melhor do Mundial de Zidane e o transfiro
para Buffon, um excepcional goleiro.
O gesto de Zidane foi extremamente agressivo e
premeditado. Simboliza
bem a ambivalência e a estranheza do ser humano
diante do mundo. O herói
se desmanchou em fração
de segundos. E ainda não
foi receber a medalha.
Nos pênaltis, deu Itália,
campeã do mundo pela
quarta vez, com um futebol que se destacou muito
mais pelo sistema defensivo. Foi uma Copa sem
grande brilho. A exceção
era Zidane. As grandes seleções foram muito táticas, disciplinadas e pouco
ousadas e inventivas. Foi
uma Copa dos defensores,
das pranchetas dos técnicos em vez dos craques.
Todas as seleções tiveram muitos cuidados defensivos, marcando muito
atrás. Daí a baixa média de
gols, só maior do que da
Copa de 90. Senti falta de
um time como o Barcelona, que pressiona, toma a
bola no outro campo e
chega com muitos atletas
ao gol. Senti falta também
do Ronaldinho, a estrela
maior, que teve uns problemas psicológicos e físicos antes do Mundial e
não pôde jogar. Mandaram um sósia, que dele só
tinha a cara e os dentes para fora. Nem o sorriso era
o mesmo.
Faltaram ao Mundial
técnicos que sabem arriscar no momento certo,
que buscam a vitória sem
esquecer a qualidade do
espetáculo, que sejam visionários e racionais, uma
mistura de Dom Quixote e
Sancho Pança.
tostao.folha@uol.com.br
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