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Juca Kfouri
Que merde, Zidane!
No limite entre
sucesso e fracasso,
italianos erraram
menos e venceram
NO FUTEBOL , a fronteira entre a glória
e a maldição é tênue. E nele, com freqüência, a história se repete, como drama ou como farsa.
Pois a final da Copa de
2006 teve um pouco de cada coisa. Assim que começou, lembrou as finais de
1998, 1974 e 1966.
A de Paris, quando
Thierry Henry caiu desmaiado no gramado. Impossível não lembrar de
Ronaldo, com a diferença
de que não houve nada de
mais grave com o francês.
A de Munique, com o pênalti logo de cara. Com a
diferença de que o que favoreceu a Holanda aconteceu e o que o argentino
Elizondo assinalou não
houve. E a de Londres,
com a bola batendo no travessão e no chão, com a diferença de que em Berlim
a bola entrou e em 1966,
não. Zidane brincou com a
fronteira. Se perdesse, diriam que foi irresponsável.
Como marcou, poderia ser
elogiado pela frieza por
bater pênalti deste jeito no
melhor goleiro da Copa.
Mas, se a Alemanha saiu
atrás em 1974 e empatou
em seguida, também a Itália foi à luta buscar o empate na cabeçada de Materazzi. E, por pouco, pelo
travessão, não virou na
primeira etapa, com Toni.
A França conseguiu o
gol que precisava no início
da decisão, mas, ao contrário dos dois últimos jogos
contra Brasil e Portugal,
não teve como assumir o
controle do jogo.
Coisa que fez durante
todo o segundo tempo,
quando Malouda até sofreu o pênalti que não
acontecera no primeiro, e
durante a prorrogação, período em que Buffon fez a
maior defesa da Copa, em
certeira cabeçada de Zidane. O mesmo Zidane que
fez a maior barbaridade de
sua vida, em outra cabeçada, injustificável, inexplicável, insondável, estarrecedora, no peito de Materazzi, que lhe valeu a expulsão de campo como
derradeiro ato de sua brilhante carreira de atleta.
Entenda o futebol, a vida, o ser humano. Zidane
atravessou a fronteira que
nos faz vilões. E Trezeguet
desperdiçou o pênalti que
Zidane marcou, com a sutil diferença de a bola bater fora ou dentro do gol.
A Itália, sem erros fatais,
é tetra no estádio em que
conquistou o ouro olímpico 70 anos atrás.
blogdojuca@uol.com.br
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