São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Separação "esvazia" festa corintiana no Pacaembu

Espaço exclusivo para organizadas fica com lugares vagos, e fã comum se aperta

Diretoria do Corinthians diz que acordo prevê liberação de cadeiras vagas no setor de torcedores cadastrados só se público passar de 25 mil


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O cadastramento e o isolamento de torcidas organizadas em jogos no Estado têm causado um efeito colateral incômodo para os fãs comuns, sobretudo em jogos do Corinthians.
Por conta da determinação imposta pela Federação Paulista de Futebol, em concordância com o Ministério Público Estadual, de separar as facções do restante do público, o Pacaembu tem punido torcedores normais com desconforto.
A medida é válida para todas as arenas paulistas, mas é no estádio municipal, onde o Corinthians tem mandado seus jogos na Série B, com média de quase 25 mil torcedores, que os problemas têm se concentrado.
Todo um setor de arquibancadas do Pacaembu -o amarelo, onde tradicionalmente se instala a Gaviões da Fiel- fica destinado exclusivamente a abrigar membros de organizadas já cadastrados pela federação para facilitar a identificação de pessoas eventualmente envolvidas em brigas ou atos violentos no estádio.
"O Corinthians tem que cumprir o que foi determinado pelo Ministério Público e pela Federação Paulista de Futebol. Eu tenho que ter ao menos 25 mil pessoas no estádio para poder liberar aqueles lugares a torcedores comuns", diz Lúcio Blanco, responsável no Corinthians pela venda de ingressos.
A medida, no entanto, tem dificultado o acesso dos torcedores comuns ao estádio.
Enquanto a parte amarela abriga um número de torcedores bem abaixo de sua capacidade máxima, as arquibancadas verdes, ao lado do setor exclusivo para organizadas, e o tobogã, localizado atrás do gol de fundo da arena municipal, concentram a maior parte dos corintianos que têm preferido assistir no campo aos jogos de seu time na Série B do Brasileiro.
Isso tem contribuído para provocar filas no acesso ao estádio para os setores mais procurados pela torcida.
Além dos problemas, a separação também causa um efeito visual peculiar no estádio.
Enquanto as arquibancadas amarelas ficam divididas em grupos de torcedores -cada um de uma organizada- que ficam distantes entre si, no tobogã e na arquibancada verde a lotação chega perto da capacidade máxima. Há ainda casos de torcedores que tentam se juntar às organizadas e pulam a grade que separa a arquibancada verde da amarela.
Apesar de a medida ser obrigatória em todos os estádios, somente o Pacaembu tem tido problemas com a falta de espaço para alguns e sobra para outros em setores com ingressos vendidos a um mesmo preço.
"Aqui não tem acontecido isso. Quando o setor das organizadas fica vazio e o resto da arquibancada enche, a polícia abre o espaço", diz Ebem Gualtieri, diretor responsável pela venda de bilhetes no Palmeiras.
O clube do Parque Antarctica, no entanto, tem enfrentado problema com filas e longa espera para entrar nos jogos do time, mesmo em partidas menos concorridas, como foi o caso do duelo contra o Náutico, em que torcedores chegaram a esperar até três horas para entrar.
A Folha tentou falar com Marcos Marinho, da comissão de segurança da FPF, e com o promotor Paulo Castilho, do Ministério Público, mas seus telefones estavam desligados e eles não responderam aos recados deixados pela reportagem.


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