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Separação "esvazia" festa corintiana no Pacaembu
Espaço exclusivo para organizadas fica com lugares vagos, e fã comum se aperta
Diretoria do Corinthians diz que acordo prevê liberação de cadeiras vagas no setor de torcedores cadastrados só
se público passar de 25 mil
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O cadastramento e o isolamento de torcidas organizadas
em jogos no Estado têm causado um efeito colateral incômodo para os fãs comuns, sobretudo em jogos do Corinthians.
Por conta da determinação
imposta pela Federação Paulista de Futebol, em concordância
com o Ministério Público Estadual, de separar as facções do
restante do público, o Pacaembu tem punido torcedores normais com desconforto.
A medida é válida para todas
as arenas paulistas, mas é no estádio municipal, onde o Corinthians tem mandado seus jogos
na Série B, com média de quase
25 mil torcedores, que os problemas têm se concentrado.
Todo um setor de arquibancadas do Pacaembu -o amarelo, onde tradicionalmente se
instala a Gaviões da Fiel- fica
destinado exclusivamente a
abrigar membros de organizadas já cadastrados pela federação para facilitar a identificação de pessoas eventualmente
envolvidas em brigas ou atos
violentos no estádio.
"O Corinthians tem que
cumprir o que foi determinado
pelo Ministério Público e pela
Federação Paulista de Futebol.
Eu tenho que ter ao menos 25
mil pessoas no estádio para poder liberar aqueles lugares a
torcedores comuns", diz Lúcio
Blanco, responsável no Corinthians pela venda de ingressos.
A medida, no entanto, tem
dificultado o acesso dos torcedores comuns ao estádio.
Enquanto a parte amarela
abriga um número de torcedores bem abaixo de sua capacidade máxima, as arquibancadas verdes, ao lado do setor exclusivo para organizadas, e o tobogã, localizado atrás do gol de
fundo da arena municipal, concentram a maior parte dos corintianos que têm preferido assistir no campo aos jogos de seu
time na Série B do Brasileiro.
Isso tem contribuído para
provocar filas no acesso ao estádio para os setores mais procurados pela torcida.
Além dos problemas, a separação também causa um efeito
visual peculiar no estádio.
Enquanto as arquibancadas
amarelas ficam divididas em
grupos de torcedores -cada
um de uma organizada- que ficam distantes entre si, no tobogã e na arquibancada verde a lotação chega perto da capacidade máxima. Há ainda casos de
torcedores que tentam se juntar às organizadas e pulam a
grade que separa a arquibancada verde da amarela.
Apesar de a medida ser obrigatória em todos os estádios,
somente o Pacaembu tem tido
problemas com a falta de espaço para alguns e sobra para outros em setores com ingressos
vendidos a um mesmo preço.
"Aqui não tem acontecido isso. Quando o setor das organizadas fica vazio e o resto da arquibancada enche, a polícia
abre o espaço", diz Ebem Gualtieri, diretor responsável pela
venda de bilhetes no Palmeiras.
O clube do Parque Antarctica, no entanto, tem enfrentado
problema com filas e longa espera para entrar nos jogos do time, mesmo em partidas menos
concorridas, como foi o caso do
duelo contra o Náutico, em que
torcedores chegaram a esperar
até três horas para entrar.
A Folha tentou falar com
Marcos Marinho, da comissão
de segurança da FPF, e com o
promotor Paulo Castilho, do
Ministério Público, mas seus
telefones estavam desligados e
eles não responderam aos recados deixados pela reportagem.
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