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Motor
Politizado , praticante de pebolim nas horas vagas, torcedor de rival do seu Barcelona quando criança, espanhol Xavi se multiplica em campo e é quem mais deu passes e mais conduziu a bola na Copa
FÁBIO ZANINI
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A POTCHEFSTROOM
Ninguém teve tanto a bola
no pé nesta Copa-2010 quanto o espanhol Xavi, 30.
É o jogador que mais deu
passes e que mais conduziu a
bola na competição. É assim
que, sem ter dado um único
chute na direção do gol, tornou-se um jogador temido
pelos rivais neste Mundial.
O meia soma 570 passes
para companheiros na competição. Acertou quatro em
cada cinco toques que dá na
bola para outros atletas.
Apesar disso, não é dos jogadores mais caçados em
campo, por preferir sempre o
toque e o jogo corrido.
"Não me dão muitas [entradas duras]", disse o meia
ao "El País", recentemente.
Herdou seu estilo da escola do Barcelona, aonde chegou aos 11 anos e só deve sair
ao encerrar a carreira, possivelmente em quatro anos.
É tão catalão que nasceu
em Las Ramblas, rua famosa
de Barcelona. Diga-se, porém, que torcia para o Espanyol, rival de seu time atual,
quando ainda era criança.
Mas foi no time mais famoso da cidade que estreou (no
lugar de Guardiola, seu atual
técnico), como volante.
Desde então, seu estilo discreto, pelo passe preciso e
pela ausência de enfeites,
tornou-se dominante no clube e na seleção da Espanha.
Em caso de título da Fúria,
é sério candidato a ser eleito
o melhor da Copa, como já
ocorreu na Eurocopa-2008.
O jogo de Xavi é tão dinâmico que as estatísticas e mapas da Fifa com sua movimentação mostram que ele
aparece em praticamente todos os setores do campo.
A distribuição de seus passes se estende por 17 das 18
posições possíveis listadas
pela entidade. Todos os jogadores do time trocam toques
com ele durante a partida.
Não é à toa. Xavi é o espanhol que mais corre em campo, com 65 quilômetros nas
seis partidas jogadas na Copa-2010 até aqui. Recebe e
distribui quase todas as bolas do ataque espanhol.
É também o jogador que
mais cobrou escanteios em
toda este Mundial, além de
ser responsável por algumas
das demais bolas paradas.
Foi após um escanteio no
qual ele combinou a jogada
com Puyol que resultou o gol
na Alemanha. O lance foi
idêntico a um gol que Puyol
fez pelo Barcelona, em goleada contra o Real Madrid (6 a
2). "Já sabia que seria gol
quando ia bater", falou Xavi.
A jogada também revela
que, além da dinâmica, o
meia é um estudioso do futebol. Sabe nomes de jogadores da história do esporte, a
estratégia tática e a característica de atletas adversários.
Fora de campo, foge do
modelo do jogador de futebol
moderno ao preferir o pebolim (chamado no Rio de totó)
ao videogame PlayStation.
Mostra conhecimento sobre
a política nacional, especialmente sobre a Catalunha.
É que Xavi é apegado às
raízes. Já é o segundo jogador
que mais atuou pelo Barcelona, com 452 partidas. Soma
também 93 pela Espanha.
Por ironia, sua estreia pela
seleção foi contra a Holanda,
em amistoso em 2000. Perdeu por 2 a 1 naquela ocasião.
Mas, agora, acredita saber
a fórmula para obter um resultado diferente amanhã,
na final da Copa do Mundo.
"Temos que dominar a
partida e impor nosso futebol. Se fizermos isso, temos
boa chance", definiu, de forma simples, como um dos
seus passes em campo.
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