São Paulo, sábado, 10 de julho de 2010

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Motor

Politizado , praticante de pebolim nas horas vagas, torcedor de rival do seu Barcelona quando criança, espanhol Xavi se multiplica em campo e é quem mais deu passes e mais conduziu a bola na Copa

FÁBIO ZANINI
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A POTCHEFSTROOM

Ninguém teve tanto a bola no pé nesta Copa-2010 quanto o espanhol Xavi, 30.
É o jogador que mais deu passes e que mais conduziu a bola na competição. É assim que, sem ter dado um único chute na direção do gol, tornou-se um jogador temido pelos rivais neste Mundial.
O meia soma 570 passes para companheiros na competição. Acertou quatro em cada cinco toques que dá na bola para outros atletas.
Apesar disso, não é dos jogadores mais caçados em campo, por preferir sempre o toque e o jogo corrido.
"Não me dão muitas [entradas duras]", disse o meia ao "El País", recentemente.
Herdou seu estilo da escola do Barcelona, aonde chegou aos 11 anos e só deve sair ao encerrar a carreira, possivelmente em quatro anos.
É tão catalão que nasceu em Las Ramblas, rua famosa de Barcelona. Diga-se, porém, que torcia para o Espanyol, rival de seu time atual, quando ainda era criança.
Mas foi no time mais famoso da cidade que estreou (no lugar de Guardiola, seu atual técnico), como volante.
Desde então, seu estilo discreto, pelo passe preciso e pela ausência de enfeites, tornou-se dominante no clube e na seleção da Espanha.
Em caso de título da Fúria, é sério candidato a ser eleito o melhor da Copa, como já ocorreu na Eurocopa-2008.
O jogo de Xavi é tão dinâmico que as estatísticas e mapas da Fifa com sua movimentação mostram que ele aparece em praticamente todos os setores do campo.
A distribuição de seus passes se estende por 17 das 18 posições possíveis listadas pela entidade. Todos os jogadores do time trocam toques com ele durante a partida.
Não é à toa. Xavi é o espanhol que mais corre em campo, com 65 quilômetros nas seis partidas jogadas na Copa-2010 até aqui. Recebe e distribui quase todas as bolas do ataque espanhol.
É também o jogador que mais cobrou escanteios em toda este Mundial, além de ser responsável por algumas das demais bolas paradas.
Foi após um escanteio no qual ele combinou a jogada com Puyol que resultou o gol na Alemanha. O lance foi idêntico a um gol que Puyol fez pelo Barcelona, em goleada contra o Real Madrid (6 a 2). "Já sabia que seria gol quando ia bater", falou Xavi.
A jogada também revela que, além da dinâmica, o meia é um estudioso do futebol. Sabe nomes de jogadores da história do esporte, a estratégia tática e a característica de atletas adversários.
Fora de campo, foge do modelo do jogador de futebol moderno ao preferir o pebolim (chamado no Rio de totó) ao videogame PlayStation. Mostra conhecimento sobre a política nacional, especialmente sobre a Catalunha.
É que Xavi é apegado às raízes. Já é o segundo jogador que mais atuou pelo Barcelona, com 452 partidas. Soma também 93 pela Espanha.
Por ironia, sua estreia pela seleção foi contra a Holanda, em amistoso em 2000. Perdeu por 2 a 1 naquela ocasião.
Mas, agora, acredita saber a fórmula para obter um resultado diferente amanhã, na final da Copa do Mundo.
"Temos que dominar a partida e impor nosso futebol. Se fizermos isso, temos boa chance", definiu, de forma simples, como um dos seus passes em campo.


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