São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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No mapa

Sul-coreana Pyeongchang , sede dos Jogos de Inverno-18, busca renovar imagem pelo esporte

CHOE SANG-HUN
DO "NEW YORK TIMES", EM SEUL

Quando a cidade de Pyeongchang tentou pela primeira vez realizar seu sonho olímpico, 12 anos atrás, membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) a confundiram com Pyongyang, a capital da Coreia do Norte.
Mesmo na Coreia do Sul, até recentemente, só era conhecida pelas candidaturas fracassadas aos Jogos de Inverno de 2010 e 2014.
Pyeongchang é uma cidade turística que, no passado, abrigava minas de carvão. Fica 130 km a leste de Seul.
"Não desistimos, e isso fez a diferença", disse Yeom Don-seol, morador da cidade de 43 mil habitantes, após a conquista do direito de sediar os Jogos de 2018, na semana passada. "Agora, pessoas de todo o mundo nos visitarão. Por fim nos colocamos no mapa do mundo".
Os moradores, muitos deles lavradores, viraram a noite da quarta celebrando com fogos e vinho de arroz. "A paciência e a perseverança triunfaram", disse Jacques Rogge, presidente do COI.
Pyeongchang, a 80 km da fronteira com a Coreia do Norte, nas montanhas Taebaek, fica em uma das províncias menos desenvolvidas da Coreia do Sul, Gangwon.
De fato, a campanha olímpica pode ser vista como reflexo do anseio de deixar para trás a imagem antiquada, reforçada pelas minas de carvão abandonadas e pelas colinas íngremes que ostentam arame farpado, casamatas e campos minados posicionados para proteger o país de invasão norte-coreana.
A província também abriga templos budistas, como o famoso Woljeongsa, fundado quase 1.400 anos atrás. E possui o único dos 17 cassinos do país no qual os sul-coreanos podem jogar, projeto que resultou de esforço empreendido 17 anos atrás para reanimar a economia das cidades mineiras decadentes da Coreia do Sul. Pyeongchang talvez seja mais conhecida pelas plantações de batatas e pelo hwangtae, um peixe seco, iguaria sul-coreana.
Mas, nos últimos anos, deu início à transformação que talvez só encontre paralelo na mudança de atitude de alguns sul-coreanos, que consideravam os esportes de inverno hobby de ricos, mas começaram a ver oportunidades nos montes Taebaek, que chegam a 1.600 m. Com o tempo, montanhas e rinques de patinação ganharam o circuito internacional. A cidade sediou os Jogos Asiáticos de Inverno de 1999.
A vitória para 2018 animou um país cercado por vizinhos que despertam hostilidade e desconfiança, em um ano marcado por provocações militares da Coreia do Norte.
O vizinho, na verdade, jamais está muito distante dos pensamentos dos moradores. Muitos deles descendem de refugiados do norte que se radicaram ali depois da Guerra da Coreia (1950-1953).
Queriam estar perto da terra natal para voltar mais rápido se os países se reunificassem.
Há muito, a Coreia do Sul vem recorrendo a eventos esportivos para reafirmar sua confiança. Em 1988, recebeu a Olimpíada. Em 2002, a Copa, ao lado do Japão. No mês que vem, organizará o Mundial de atletismo, em Daegu. Sediar os Jogos de Inverno, dizem muitos, reforçará o "prestígio nacional". O presidente Lee Myung-bak encorajou grandes empresários a liderar a campanha: Lee Kun-hee, presidente do conselho da Samsung, Cho Yang-ho, presidente da Korean Air, e Park Yong-sung, magnata tornado presidente do Comitê Olímpico local.
Os Jogos devem gerar 230 mil empregos e US$ 20 bilhões em investimentos e consumo. E há esperança de que resulte em cooperação com a Coreia do Norte.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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