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MOTOR
Fora da ordem
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Se o leitor é um daqueles
que acreditam que mandar e-mails adianta alguma coisa nesta
vida e tem apreço à F-1, dedos à
obra: teamorders@fia.com. Até 1º
de setembro a FIA aceita sugestões sobre ordens de equipe. É
uma emergência. O que está no ar
é de doer. A própria entidade, no
intuito de estimular o debate,
adianta três que já estão "em estudo", todas beirando o absurdo:
1) Eventuais ordens que serão
dadas em um GP devem ser tornadas públicas antes da largada,
desde que a tática de corrida da
escuderia assim permita;
2) Se a ordem de chegada entre
dois pilotos tiver que ser arranjada, que o arranjo aconteça assim
que as circunstâncias permitirem;
3) Ordens do tipo "mantenham
posições" durante um GP devem
ser tornadas públicas assim que
forem determinadas pelo time.
E tem mais. A "F1 Racing", por
exemplo, faz campanha por um
plano de "cinco pontos":
1) Banimento do rádio;
2) Dar três pontos para a volta
mais rápida, dois para a segunda
e um para a terceira (e animar o
piloto a acelerar até o final);
3) Dar US$ 1 milhão como prêmio para cada vencedor de GP;
4) Pontuar os dez primeiros na
base de 10-9-8-7-6-5-4-3-2-1 (e
minimizar a importância das vitórias durante o campeonato);
5) Dar bônus aos líderes de um
quarto, metade e três quartos de
GP (e minimizar os efeitos das ultrapassagens de última volta).
Ufa! Nem a Indy foi tão longe
em sua tentativa de esterilizar
corridas em nome de uma suposta competitividade. E nem o mais
ingênuo dos fãs imaginaria que
qualquer dessas propostas seria
capaz de alterar o atual e péssimo
estado de coisas da categoria.
Mas, sendo ingênuo, imagine
como seria a próxima temporada:
além do grid de largada, os jornais publicariam as eventuais ordens, fulano pode passar ciclano
caso beltrano alcance a liderança,
porém, se beltrano abandonar,
fulano faz o que quiser já que ciclano é segundo piloto etc.
Pior, teríamos que esperar até
pela disputa certamente emocionante do décimo lugar e esperar
também pela última corrida do
ano para ver o campeão que só
não foi campeão antes graças à
matemática "bandeira amarela",
a grande praga da Indy, que neutraliza a única disputa possível no
esporte a motor, a da pista.
A FIA parece esquecer isso. É
impossível que seus dirigentes
não percebam que o problema da
categoria não é um time ordenar
um piloto passar o outro na última volta, mas ter um domínio de
corrida suficiente para tomar atitudes desse tipo. É importante frisar: antes de ter o desplante de
passar a ordem para Barrichello,
a Ferrari teve a chance de fazê-lo.
A discussão não deveria ser as
ordens de equipe, mas toda a categoria. Não apenas o fosso que
separa a Ferrari do resto, mas os
vários fossos que existem por todo
o grid. Não a falta de dinheiro,
mas a responsabilidade financeira. A discussão não deveria ser o
regulamento, mas, sim, no que o
dinheiro em excesso e a tecnologia também em excesso o transformaram, apenas um documento de respaldo -"estamos dentro
das regras", como se ouve tanto.
As palhaçadas da Ferrari não
feriram o regulamento, feriram o
esporte que um dia foi controlado
por ele -não é mais. Adicionar
regras estapafúrdias ou elementos restritivos será inútil.
A FIA deveria consultar os fãs
sobre sua própria utilidade.
Crise
Em menos de uma semana, a coluna recebeu dois e-mails de pilotos que deixam suas respectivas categorias por falta de dinheiro.
Dolarizado ao extremo, o esporte a motor nacional e seus representantes no exterior sofrerão neste turbulento semestre eleitoral.
Nascar
Agora que Christian anunciou finalmente que correrá regularmente na categoria, que tal alguma emissora brasileira se interessar pelo negócio e comprar os direitos? É possível? Ter acesso ao
Mundial de rali já foi um passo. Só falta mesmo a Nascar.
IRL x Indy
A liga rival vive neste fim de semana seu momento de ouro no Brasil, por uma série de circunstâncias. O campeonato original pode
ver Da Matta disparar na tabela e perceber que ele vai embora por
obra da Toyota. A gangorra definitivamente pendeu para um lado.
E-mail mariante@uol.com.br
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