São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A maior Olimpíada do mundo, pela escala, é chinesa, mas será a melhor?

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR DE ESPORTE

No espaço de apenas uma década, a palavra "chinês" mudou de significado. É comum hoje em dia ouvir, por exemplo, que algo tem crescimento "chinês". Ou seja, cresce muito e rapidamente. Nem sempre foi assim.
Há alguns anos, um produto "chinês" era pirateado ou malfeito, sinal de má qualidade, pejorativo até. Atualmente, basta olhar em volta ou para o próprio corpo e constatar: algo que você está usando ou vestindo é "made in China". E é bom.
Para um país quase agrário há poucas décadas, um salto e tanto. Mas não para a China, o centro do mundo, a civilização milenar, que inventou o papel e a bússola, mesmo sem saber direito o que faria com aquilo.
Com o cofre abarrotado, a China foi às compras. No supermercado do mundo, quem tem dinheiro faz a festa e, da IBM aos Jogos Olímpicos, a China encheu o carrinho. Só que o vendedor esqueceu de dizer que, com os Jogos, a mídia, Richard Gere, Mia Farrow e outras criaturas vestidas de laranja viriam junto, de brinde.
Em tese, nada disso atrapalha. A escala chinesa é outra. Se metade do mundo que tem dinheiro parar de comprar produtos chineses, a outra metade, composta basicamente por chineses, os comprará em dobro. Se todos os turistas estrangeiros em Pequim resolverem ir embora hoje, sobrarão ainda o dobro de visitantes -chineses.
Um poder que garante, com certeza, a maior Olimpíada já realizada, não a melhor. Para tanto, a China precisa repetir, de forma bem mais complexa, o fenômeno descrito no início deste texto. Não está à venda.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: O que ver na TV

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.