Percentual de acerto de séries irá definir qual será exibida na final

Para técnico, 1º brasileiro a chegar à final nos Jogos usará movimento batizado de Hypólito, mas ainda pode escolher entre 2 acrobacias

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Após se tornar o primeiro ginasta masculino brasileiro a se classificar para uma final olímpica, Diego Hypólito se apoiará agora nas estatísticas para definir a série de solo que exibirá na decisão do próximo domingo.
""Estou na final olímpica, que era meu maior objetivo", comemorou Diego, 22. ""Se não estivesse [entre os oitos finalistas], ficaria frustrado, é um trabalho de muitos anos, antes até da Olimpíada de Atenas, à qual não fui. Desta vez me garanti."
Ontem, com nota de partida (valor máximo que o atleta pode tirar) de 16,70, o brasileiro foi o mais bem avaliado entre os 77 atletas que atuaram no solo, tirando 15,950. Na final, daqui a uma semana, o bicampeão mundial do aparelho usará série ""mais forte", com nota de partida entre 16,80 e 16,90.
Seu técnico, Renato Araújo, reafirmou que Diego usará o ""Hypólito" (duplo twist carpado com pirueta), movimento ao qual deu o nome e do qual não lançou mão até agora em Pequim -poupa-o para a final.
A dúvida de Araújo é se Diego incluirá o duplo twist grupado (giro com duplo mortal para a frente, com as pernas flexionadas), que representa um décimo a mais, ou o carpado (com as pernas esticadas), mais difícil e que renderia dois décimos.
""Agora começaremos a treinar a nova série, que será mais forte. As estatísticas é que definirão. Usaremos a série que ele acertar mais", diz o técnico.
Segundo Araújo, os números provam ao atleta se a série tem um nível alto de acerto. ""Anoto e mostro quantas vezes acerta e quantas erra. Pergunto: "Quantas você já fez certo desse jeito?".", fala o técnico. ""Se ocorrem muitos erros, abaixo um ou dois décimos a dificuldade, para o Diego acertar", diz, acrescentando que julga 85% um ""bom nível de acerto".
O ginasta, estreante nos Jogos, disse não ter ""sentido" a atmosfera olímpica. ""Fiquei mais nervoso no Mundial de 2007."
""Estou muito bem preparado. Neste ano, abdiquei de muita coisa, só treinei. Tive problemas com lesões, a dengue."
Ao ser questionado se crê ser o favorito no solo, Diego desconversou: ""Não há favorito".
Ontem, além do solo, o brasileiro disputou o salto, para aquecer, e até registrou boa nota, 16,10. Mas, como fez só um salto, não avançou no aparelho.
O romeno Marian Dragulescu, maior rival de Diego Hypólito nos últimos anos, também avançou à decisão do solo.
""Espero ganhar medalhas. E a única coisa que falta em minha carreira é um ouro olímpico. Essa é minha meta aqui", afirmou Dragulescu, que participará, além do solo, da competição por equipes e do salto.
Outro que se classificou à final foi o chinês Zou Kai. ""Minha série não foi boa o suficiente, mas ainda posso melhorar."
Mais um forte rival, Brandon O'Neal (CAN), prata no solo no Mundial-05, está fora da final -lesionado, tirou nota baixa.
Um aspecto que chamou a atenção dos brasileiros foi o rigor da arbitragem. ""Fizemos a pontuação de um chinês, com todos os descontos possíveis. Ao ver que a do júri bateu com a nossa, confirmamos que estavam bem rígidos", disse Araújo.
Agora, o técnico e Diego prometem usar a semana para estudar os rivais, fazer as contas e treinar muito para a decisão.

0,025 PONTO

separou Diego Hypólito, 15,950, de Marian Dragulescu, 15,925. Gervasio Deferr (15,825), Fabian Hambuechen (15,800), Kohei Uchimura, Zou Kai (15,700) e Anton Golotsutskov e Alexandr Shatilov (15.600) também disputam a final.


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