São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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VIOLÊNCIA

Americano é morto por chinês em local turístico

Vítima era sogro do técnico de seleção de vôlei dos EUA

FÁBIO SEIXAS
LUÍS FERRARI
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM

O assassinato de um turista norte-americano em Pequim, parente de um membro da delegação dos EUA, manchou o primeiro dia dos Jogos, mobilizou as autoridades no Parque Olímpico e provocou os primeiros rumores sobre o abandono de um time do evento.
O crime aconteceu às 12h20 locais, 1h20 de ontem em Brasília, na Torre do Tambor, construção do século 13 localizada a 8 km do Ninho de Pássaro.
Segundo a agência estatal Xinhua, um chinês armado com uma faca investiu contra um casal de turistas americanos e um guia local. O marido morreu. Os outros ficaram feridos e foram levados a um hospital. Ainda de acordo com a Xinhua, o assassino, identificado como Tang Yongming, 47, cometeu suicídio, jogando-se do segundo andar da torre, a cerca de 40 metros de altura.
O Usoc, comitê olímpico americano, informou que o morto é Todd Bachman, sogro de Hugh McCutcheon, técnico da equipe masculina de vôlei dos EUA, e pai de Elisabeth Bachman, da seleção americana de vôlei em Atenas-2004.
No fim da tarde chinesa, circulavam rumores de que o time masculino deixaria a competição, informação não confirmada pela federação americana -a estréia, contra a Venezuela, aconteceria nesta madrugada, no horário brasileiro.
À noite, pouco antes de o jogo feminino de vôlei entre EUA e Japão começar, no Ginásio Capital, a Folha localizou o porta-voz da equipe norte-americana. Indagado sobre a possibilidade de se retirarem do torneio olímpico, disse acreditar que isso não acontecerá. Mas enfatizou que era uma opinião pessoal, não a posição oficial.
Após a partida, a chinesa Lang Ping, técnica da seleção feminina dos EUA, disse que suas jogadoras ficaram chocadas. "Mas os Jogos têm que continuar", afirmou.
O Comitê Olímpico Internacional divulgou nota solidarizando-se com a família e a delegação americana e dizendo-se "profundamente triste" com o incidente. Shao Ziqiang, da divisão de comunicações do Bocog, a organização da Olimpíada, disse que os turistas não trajavam uniformes da delegação nem roupas que os identificassem como americanos.
China e EUA guardam diferenças históricas, agravadas nos meses pré-Jogos Olímpicos com a exacerbação do patriotismo dos anfitriões.
Anteontem, na cerimônia de abertura em Pequim, a delegação norte-americana teve como porta-bandeira o sudanês Lopez Lomong, integrante do Team Darfur, organização que critica a atuação do regime chinês na África.
Na noite de sexta, um incidente mais leve foi registrado no bairro de Haidan, no noroeste de Pequim. Enquanto a cerimônia de abertura acontecia no Ninho de Pássaro, um repórter australiano foi atacado na rua, a 100 m do seu hotel, perto do Palácio de Verão: um chinês bêbado o acertou com uma cadeira. O saldo: um corte na palma da mão esquerda.
Ataques contra turistas estrangeiros são raros na China. Em março, um homem manteve dez australianos reféns por três horas num ônibus em Xian, um dos principais destinos turísticos da China. Ele foi morto a tiros pela polícia.
O último assassinato havia acontecido em 2002. Na ocasião, um turista britânico foi morto em Badaling, trecho da Grande Muralha localizado a 75 km da capital chinesa.
São esperados 450 mil turistas estrangeiros na capital chinesa durante os Jogos.


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