São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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Em guerra, Geórgia deixa seus atletas na Olimpíada

DO ENVIADO A PEQUIM
DA REPORTAGEM LOCAL

Derrotada em jogo na primeira fase do vôlei de praia, a dupla Cris e Andrezza, brasileiras que representam a Geórgia sob os pseudônimos de Saka e Rtvelo, estiveram ameaçadas de sair da Olimpíada independentemente dos resultados. O governo do país cogitou deixar os Jogos por conta da guerra com a Rússia, mas decidiu mantê-los no evento por ora.
Os russos invadiram a região separatista da Ossétia do Sul, que faz parte do território georgiano. Estimativas dos dois governos apontam entre 1.500 e 2.000 os mortos até agora.
Outros dois brasileiros, Renato e Jorge, conhecidos como Geor e Gia, competem pelo país, também no vôlei de praia.
"É um momento muito triste. Na Vila está todo mundo preocupado. Olimpíada é um momento de paz, não para acontecer uma guerra como essa", afirmou Andrezza.
O Comitê Olímpico da Geórgia informou que o governo, a princípio, vai manter os atletas em Pequim. O presidente da República, Mikhail Sackahvli, até enviou mensagem aos esportistas dizendo que essa era a melhor solução no momento.
Informações de agências diziam que alguns atletas (a delegação tem 35 integrantes) são da reserva do Exército e poderiam ser convocados. A informação não foi confirmada.
"Todos estão muito nervosos", analisou o porta-voz da equipe da Geórgia, Giorgi Tchanishvli. "Eles têm que ficar tranqüilos e se concentrar na competição, mas é difícil."
Na Vila Olímpica, a delegação georgiana fica a poucos metros da equipe russa, bem maior.
Apesar da guerra, as duas equipes têm relação normal, segundo os porta-vozes dos dois comitês olímpicos. Até houve conversas entre eles no Estádio Nacional, durante a cerimônia de abertura da Olimpíada, anteontem.
Dois dos atletas da delegação são da Ossétia do Sul: os levantadores de peso Albert Kuzilov e Arsen Kasabiev.
Em conjunto, todos os atletas da delegação fizeram uma declaração com pedido do fim das agressões da Rússia à Geórgia. "Essa deliberada estratégia de agressão tem sido uma escalada de intervenção no nosso país", dizia o texto.
O norte-americano Jim Easton, membro do COI, pediu que houvesse uma paralisação da guerra em nome da Olimpíada.
"Estamos tentando dizer: "Ei, vamos fazer uma trégua durante os Jogos Olímpicos. Assim, faremos paz por ao menos duas semanas. O timing dessa guerra não poderia ser pior. Guerra nunca é boa em qualquer momento. Mas, no primeiro dia da Olimpíada, é muito ruim", defendeu o cartola.
É tradicional o COI e a ONU pedirem trégua durante o período olímpico. Houve um pedido de cessar-fogo feito pela Geórgia, no sábado, mas não houve resposta russa até o fechamento desta edição.


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