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Em guerra, Geórgia deixa seus atletas na Olimpíada
DO ENVIADO A PEQUIM
DA REPORTAGEM LOCAL
Derrotada em jogo na primeira fase do vôlei de praia, a
dupla Cris e Andrezza, brasileiras que representam a Geórgia
sob os pseudônimos de Saka e
Rtvelo, estiveram ameaçadas
de sair da Olimpíada independentemente dos resultados. O
governo do país cogitou deixar
os Jogos por conta da guerra
com a Rússia, mas decidiu
mantê-los no evento por ora.
Os russos invadiram a região
separatista da Ossétia do Sul,
que faz parte do território georgiano. Estimativas dos dois governos apontam entre 1.500 e
2.000 os mortos até agora.
Outros dois brasileiros, Renato e Jorge, conhecidos como
Geor e Gia, competem pelo
país, também no vôlei de praia.
"É um momento muito triste. Na Vila está todo mundo
preocupado. Olimpíada é um
momento de paz, não para
acontecer uma guerra como essa", afirmou Andrezza.
O Comitê Olímpico da Geórgia informou que o governo, a
princípio, vai manter os atletas
em Pequim. O presidente da
República, Mikhail Sackahvli,
até enviou mensagem aos esportistas dizendo que essa era a
melhor solução no momento.
Informações de agências diziam que alguns atletas (a delegação tem 35 integrantes) são
da reserva do Exército e poderiam ser convocados. A informação não foi confirmada.
"Todos estão muito nervosos", analisou o porta-voz da
equipe da Geórgia, Giorgi
Tchanishvli. "Eles têm que ficar tranqüilos e se concentrar
na competição, mas é difícil."
Na Vila Olímpica, a delegação
georgiana fica a poucos metros
da equipe russa, bem maior.
Apesar da guerra, as duas
equipes têm relação normal,
segundo os porta-vozes dos
dois comitês olímpicos. Até
houve conversas entre eles no
Estádio Nacional, durante a cerimônia de abertura da Olimpíada, anteontem.
Dois dos atletas da delegação
são da Ossétia do Sul: os levantadores de peso Albert Kuzilov
e Arsen Kasabiev.
Em conjunto, todos os atletas da delegação fizeram uma
declaração com pedido do fim
das agressões da Rússia à Geórgia. "Essa deliberada estratégia
de agressão tem sido uma escalada de intervenção no nosso
país", dizia o texto.
O norte-americano Jim Easton, membro do COI, pediu que
houvesse uma paralisação da
guerra em nome da Olimpíada.
"Estamos tentando dizer: "Ei,
vamos fazer uma trégua durante os Jogos Olímpicos. Assim,
faremos paz por ao menos duas
semanas. O timing dessa guerra
não poderia ser pior. Guerra
nunca é boa em qualquer momento. Mas, no primeiro dia da
Olimpíada, é muito ruim", defendeu o cartola.
É tradicional o COI e a ONU
pedirem trégua durante o período olímpico. Houve um pedido de cessar-fogo feito pela
Geórgia, no sábado, mas não
houve resposta russa até o fechamento desta edição.
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