São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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FUTEBOL
Presidente da CBF expõe esvaziada candidatura brasileira já pensando na terceira Copa do século 21
Brasil-2006 cria cenário para 2010


RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

A campanha brasileira para ser sede do Mundial de 2006 vive hoje seu dia mais importante. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, estará expondo na sede da Fifa, em Zurique, na Suíça, o projeto do Brasil para receber a Copa.
Porém, diante das remotas chances de sucesso para 2006, o máximo dirigente do futebol brasileiro já está trabalhando em uma candidatura forte para 2010.
O Brasil disputa o direito de abrigar o segundo Mundial do século 21 com África do Sul, Alemanha, Inglaterra e Marrocos. Hoje, brasileiros e alemães apresentam seus projetos. Os demais concorrentes fizeram suas exposições ontem.
África do Sul, Alemanha e Inglaterra aparecem como principais candidatas a receber o evento. Os sul-africanos têm o apoio da Fifa e de quase todo o continente africano. Os europeus possuem ótima infra-estrutura e fazem poderoso lobby pelo mundo.
Dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa -eles decidem qual será o país-sede do evento-, apenas 3 devem escolher o Brasil: o próprio Ricardo Teixeira, o argentino Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino, e o paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol.
Diante disso, Ricardo Teixeira, que admite uma Copa na África, avança seu projeto para 2010.
A África do Sul, que vem sendo encarada como ""sede natural" após a Copa de 2002 na Ásia, tem pelo menos cinco votos garantidos, inclusive o do presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter.
O máximo dirigente do futebol defende a rotatividade de continentes na organização das Copas, uma idéia de seu antecessor, o brasileiro João Havelange. Em 1994, o Mundial foi na América. No ano passado, aconteceu na Europa. Em 2002, será disputado na Coréia do Sul e no Japão.
Alemanha e Inglaterra rivalizam na tentativa de montar um bloco europeu e no lobby na Fifa e em outros continentes.
A candidatura brasileira só tem, até agora, mais força que a candidatura de Marrocos, país que não se rendeu à candidatura unificada da África, proposta atestada por Joseph Blatter, e está isolado.

Dificuldades
O projeto brasileiro para 2006 apresenta uma série de problemas estruturais e políticos.
O Brasil teria que reformar todos os seus estádios para organizar o evento. O Maracanã, principal palco do evento, já terá que ser remodelado para o Mundial de clubes da Fifa, em janeiro de 2000.
A Fifa exige estádios com assentos para todos os torcedores, o que é pouco comum no Brasil. Poucos estádios no país possuem iluminação adequada aos padrões pedidos pela entidade que rege o futebol mundial.
Pelas dimensões do país, o sistema de transporte deveria oferecer mais opções para atender torcedores de 31 equipes visitantes.
Segundo o projeto brasileiro, o apoio governamental -o presidente Fernando Henrique Cardoso deu seu aval para o torneio- resolveria os problemas estruturais encontrados hoje.
O projeto brasileiro aposta no sucesso do programa de privatizações do governo, especialmente no setor de telecomunicações. Também confia na rede hoteleira do país, que ofereceria 20 mil acomodações em 14 cidades.
Acompanharão hoje Ricardo Teixeira os capitães das últimas conquistas mundiais da seleção, Carlos Alberto Torres e Dunga, e Zico, que criou projeto de modernização no futebol brasileiro.
O presidente da CBF, porém, já recebeu várias negativas. Os capitães de 58 e 62, Bellini e Mauro, não aceitaram o convite para promover o torneio no Brasil.
Pior: Pelé, maior nome do esporte brasileiro, critica publicamente a campanha brasileira.


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