São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Feito põe Powell junto de lendas

Com novo recorde dos 100 m, ele se isola como o 2º velocista com mais performances de alto nível

Jamaicano correu 30 vezes a distância em menos de 10s, sendo superado só por Maurice Greene, que conseguiu o feito 53 vezes

Emiliano Grillotti/France Presse
O recordista mundial dos 100 m, Asafa Powell, posa com a nova marca, 9s74, três centésimos de segundo menor do que a anterior


DA REPORTAGEM LOCAL

Com suas marcas obtidas no GP de Rieti (Itália) ontem, Asafa Powell já é o segundo velocista com mais performances de alto nível na história dos 100 m.
O critério seguido pelos estatísticos do atletismo para medir o desempenho dos atletas na distância é somar quantas performances cada um conseguiu realizar, ao longo da carreira, abaixo dos 10 segundos.
Ontem, Powell cravou 9s74 ainda nas eliminatórias da prova, obtendo novo recorde mundial e gerando enorme expectativa para a disputa seguinte.
Na final, com vento mais desfavorável, ele cumpriu a distância em 9s78, segunda melhor marca desta temporada. Triunfou na competição, mas não baixou seu tempo anterior.
Mesmo assim, com as marcas de ontem, Powell atingiu tempos inferiores a 10 segundos 30 vezes. Ele só fica abaixo do norte-americano Maurice Greene, o campeão da regularidade, que em 53 oportunidades cumpriu a distância em alto nível.
Nesta temporada, Powell já somou mais seis vezes o índice de excelência. Com isso, superou velocistas de destaque, como o namíbio Frank Fredericks (27 vezes sub-10s) e o trinitário Ato Boldon (28 vezes sub-10s), ambos aposentados.
Seus maiores rivais nos últimos anos têm um histórico de performance ainda modesto, se comparado ao do jamaicano.
Suspenso por doping, o americano Justin Gatlin, 25, campeão mundial em Helsinque-05 e um dos detentores do recorde até ontem, correu nesse nível 18 vezes. Outro americano, Tyson Gay, 25, dono de três ouros no Mundial de Osaka, há duas semanas, atingiu o nível de excelência nos 100 m em apenas dez competições.
Sem avistar concorrentes nas estatísticas, Powell acredita que suas marcas podem melhorar ainda mais na próxima temporada, na qual seu principal objetivo passa a ser o título da Olimpíada de Pequim.
"Hoje eu poderia correr abaixo dos 9s7. Adoraria correr em 9s68. Quando marquei 9s77 duas vezes no ano passado, sempre achei que poderia fazer melhor", comentou o velocista.
A façanha de Powell foi ainda mais significativa considerado o fato de que o atleta não enfrentou concorrência em Rieti.
Nas eliminatórias, não viu ninguém ameaçar sua liderança. O norueguês Jaysuma Saidy Ndure, vice-campeão da série, fez 10s07. Na final, ficou à frente de seu compatriota Michael Frater, que marcou 10s03.
A proeza de ontem resgata Powell de um ano frustrante. Ele não passou do bronze nos 100 m no Mundial de Osaka. No revezamento 4 x 100 m, ultrapassou Reino Unido e Brasil, após pegar o bastão. Mas teve que se conformar com a prata, atrás dos EUA de Tyson Gay.
A desilusão foi semelhante à experimentada nos Jogos de Atenas-04, quando não passou do quinto lugar. Em Mundiais, a coleção de decepções é semelhante. Em Paris-03, foi desclassificado nas quartas-de-final por queimar a largada. Dois anos depois, em Helsinque, não competiu por causa de lesão na virilha. (ADALBERTO LEISTER FILHO)


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