São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Seleção marca 4; atacantes, nenhum

Na vitória sobre os americanos em Chicago, atletas de frente do time passam em branco, algo comum no pós-Ronaldo

EUA 2
Brasil 4

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Na era "pós-Ronaldo", a chance de a seleção brasileira fazer gols por meio de seus centroavantes é idêntica ao poderio dos adversários em vazar as suas metas. E menor do que com seus próprios zagueiros.
Com Ronaldinho, Kaká e Robinho, mas com Afonso com a camisa 9, o time de Dunga venceu ontem os Estados Unidos por 4 a 2, em Chicago. Foi um placar raro para a magreza artilheira que costuma marcar os confrontos entre as duas seleções -mais da metade dos duelos acabaram em 1 a 0.
O primeiro gol nacional, que saiu perdendo, foi marcado contra pelo zagueiro Oguchi Onyewu. Foi o segundo gol brasileiro na temporada anotado pela infelicidade dos rivais (o argentino Ayala fez o outro), o mesmo número de tentos que os centroavantes de ofício fizeram no ano até o momento.
A virada chegou com um gol de cabeça do defensor Lúcio. Foi o terceiro tento nacional em 2007 feito por um zagueiro.
Afonso até teve chance clara de marcar. Aos 9min, depois de lançamento primoroso de Ronaldinho, ele entrou livre na área, mas acertou a trave. Uma contusão, aos 18min do segundo tempo, o tirou de campo. Foi a vez então de Vágner Love, o centroavante preferido de Dunga, entrar e mais uma vez passar em branco.
O jogo contra os americanos foi apenas o quarto dos 19 da era Dunga em que Ronaldinho, Kaká e Robinho começaram uma partida juntos.
E novamente a seleção brasileira foi vazada com eles -a média de gols sofridos pelo time nos últimos dois anos com os três em campo é mais do que o dobro do que se vê com o trio ausente ou incompleto.
Aos 21min, em escanteio cobrado pelo lado esquerdo, a bola passou pela defesa e chegou para Bocanegra, livre na pequena área, abrir o placar.
O gol de empate brasileiro aconteceu na primeira vez em que o badalado trio de astros da seleção funcionou. Com passes rápidos, a bola, depois de passar pelos pés de Robinho e Ronaldinho, chegou até Kaká, que chutou rasteiro. Howard defendeu, mas a bola bateu em Onyewu, que fez contra.
A jogada mais espetacular da primeira etapa aconteceu já nos acréscimos, quando Robinho enfileirou defensores a partir da lateral até ser derrubado dentro da área, mas o juiz preferiu não marcar o pênalti e ainda advertiu o atacante brasileiro com o cartão amarelo.
O árbitro mexicano "retribuiu" ao não marcar pênalti a favor dos americanos cometido por Edu Dracena no segundo tempo, quando o Brasil já vencia e pouco antes de Dunga desmontar o trio de astros ao trocar Kaká por Júlio Baptista, aos 25min do segundo tempo.
Mas isso não garantiu mais solidez defensiva. Aos 28min, em contra-ataque, Dempsey empatou o jogo novamente. Só uma vez, no distante ano de 1930, em uma derrota por 4 a 3, os americanos haviam marcado mais do que um gol num confronto com o Brasil.
Sorte de Dunga que Ronaldinho, na bola parada (ele também bateu o escanteio que resultou no gol de Lúcio), anotou o terceiro pouco depois em uma cobrança de falta batida com precisão pelo jogador do Barcelona, no canto direito.
Fugindo de suas características, os EUA foram ao ataque em busca do empate, e foram castigados levando o quarto, feito por Elano na cobrança de pênalti sofrido por Júlio Baptista.
Na sua excursão americana, a seleção ainda joga na quarta-feira contra o México, desta vez em Boston. Será o último compromisso do time antes da estréia nas eliminatórias, em outubro, contra a Colômbia, nos 2.600 m de Bogotá.


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