São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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No Brasil, bronze vale mais que ouro

Critérios para premiação dos medalhistas em Pequim varia em cada confederação, e bônus vão de zero a R$ 50 mil

César Cielo, campeão olímpico da natação, ficou sem prêmio; judocas sabiam valores de cada pódio antes mesmo das conquistas


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando disparou críticas aos dirigentes da natação, uma das principais reclamações de César Cielo era a falta de premiação por ter chegado ao topo do pódio nos Jogos de Pequim.
Uma medalha de bronze na China rendeu até R$ 20 mil como recompensa. A de ouro, inédita, não levou prêmio algum.
Os valores destinados aos brasileiros que foram ao pódio mostra a disparidade de critérios usados por dirigentes na hora de premiar os atletas.
Os judocas da delegação, por exemplo, já conheciam o valor oferecido pela confederação da modalidade por cada pódio -até R$ 50 mil para o primeiro colocado. Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Ketley Quadros recebem no próximo fim de semana R$ 20 mil cada um pelas medalhas de bronze.
O boxe, que pena com falta de verba e patrocinadores, planejava pagar até R$ 10 mil por medalhas nos Jogos -nenhum brasileiro foi ao pódio.
Já os nadadores viajaram sem prêmio acordado. Agora, após as reclamações de Cielo, a confederação diz que espera acordo com patrocinadores.
"Não há previsão para o fim das negociações, mas, se fecharmos negócio, prometo premiar o Cielo", disse Coaracy Nunes, presidente da CBDA, uma das entidades que recebem maior fatia da Lei Piva.
A confederação de taekwondo, que neste ano esteve envolvida em caso de calote ao atletas, deu R$ 15 mil a Natália Falavigna, atleta que montou estrutura própria para treinos em Londrina (PR) para ser bronze.
A premiação dos atletas nacionais é decidida por cada confederação. O Comitê Olímpico Brasileiro afirma que usa todos os recursos para a preparação dos competidores e que não há verba disponível para esse fim.
O governo federal afirma que premiar atleta individualmente não é sua atribuição.
"De acordo com a legislação, a administração do esporte no Brasil é privada. Por isso, temos as confederações e as federações. O papel do Ministério do Esporte é de fomento do esporte em suas várias dimensões", afirmou o ministro interino do Esporte, Wadson Ribeiro.
Em alguns países, a premiação é centralizada no comitê olímpico ou no próprio governo. Na China, por exemplo, cada ouro rendeu R$ 370 mil. O Comitê Olímpico Alemão deu 30 mil pelo topo do pódio.
As atletas da seleção de vôlei foram as mais bem premiadas do Brasil pelos dirigentes: R$ 2 milhões, mais parte da renda de torneio em Fortaleza -o prêmio é dividido com a comissão técnica. O valor é bem menor do que o reservado para o masculino em caso de ouro -R$ 4,7 milhões. A CBV não premia prata e bronze. Norma seguida pelas seleções de futebol.
"Sempre foi assim, só premiamos o ouro. O valor dos homens era mais alto porque há um histórico maior de conquistas", afirma o presidente da CBV, Ary Graça Filho.
Maurren Maggi, ouro no salto em distância, recebeu R$ 50 mil da confederação, valor que deve mais do que quadruplicar com mimos de patrocinadores.


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