São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Em dia histórico, país conquista cinco ouros

Tenório vira 1º judoca a vencer quatro Paraolimpíadas seguidas, bocha obtém título inédito, e equipe vê três recordes mundiais

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil viveu um dia histórico ontem na Paraolimpíada de Pequim ao conquistar dez medalhas (cinco de ouro, três de prata e duas de bronze).
O país abocanhou quase 10% dos ouros distribuídos (61) no terceiro dia de competições.
Com isso, o Brasil subiu ao quinto lugar no quadro de medalhas -havia terminado o segundo dia em sétimo.
Dos ouros, três foram com recordes mundiais, e os outros dois, inéditos para o Brasil.
Ao derrotar Karim Sardarov, do Azerbaijão, com uma chave de braço na final da categoria meio-pesado (até 100 kg) do judô, Antônio Tenório, 37, tornou-se o primeiro judoca paraolímpico a ganhar quatro medalhas de ouro seguidas.
"Dedico essa medalha para aqueles que torceram por mim. A todos que acreditaram", afirmou o primeiro brasileiro tetracampeão paraolímpico, que em Atenas-04 havia dito que até poderia lutar em Pequim, mas dificilmente iria ao pódio.
Ele perdeu a visão do olho esquerdo aos 13 anos, com um estilingue. Seis anos depois, um deslocamento de retina do olho direito o deixou cego. Em Pequim, Tenório venceu suas quatro lutas por ippon.
No feminino, Deanne de Almeida conquistou a prata ao perder a final contra a chinesa Yuan Yanping, por ippon.
O outro ouro inédito veio na bocha, modalidade na qual o Brasil fez sua estréia em Paraolimpíadas. Dirceu Pinto venceu Yuk Wing Leung, de Hong Kong, por 3 a 1 na final da categoria BC4 (distrofia muscular).
Derrotado pelo compatriota na semifinal, Eliseu Santos completou o pódio ao bater o espanhol Jose Maria Dueso.
Os ouros com recordes mundiais foram conquistados na natação (dois) e no atletismo.
No Cubo d'Água, Daniel Dias, 20, conquistou com facilidade seu terceiro ouro ao completar os 200 m livre da classe S5 em 2min32s32. O segundo colocado terminou mais de seis segundos depois do brasileiro.
"Queria nadar para 2min34 e acabei em 2min32s32. Estou muito feliz", afirmou o brasileiro, que teve má formação congênita dos membros superiores e da perna direita.
Na classe S10, André Brasil venceu os 100 m livre com a marca de 51s38 e viu o compatriota Phelipe Andrews terminar em segundo, com 54s22.
"Foi muito bom quando eu bati e vi meu recorde. E foi melhor ainda quando eu vi que o Phelipe estava em segundo", disse Brasil, que teve seqüela de poliomielite e já havia batido o recorde dos 100 m borboleta.
A terceira vitória com recorde mundial aconteceu no Ninho de Pássaro. Lucas Prado venceu os 100 m da classe T11 (cegos totais) com o tempo de 11s03, batendo o próprio recorde mundial, que era 11s19.
Na mesma prova, mas entre as mulheres, Terezinha Guilhermina e Ádria Santos ganharam prata e bronze.
"Perdi para mim mesma, mas essa prata vai ser uma motivação a mais para as outras provas que eu vou disputar", disse Terezinha, recordista mundial da prova, que largou mal e se desequilibrou no início.


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