São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Ricardinho festeja "recomeço"

Na Itália, levantador se prepara para estrear em time dirigido por Renan, amigo de Bernardinho

Feliz com a nova equipe, o Treviso, jogador conta ter assistido à final em Pequim, mas evita comentar sobre a seleção, "coisa do passado"


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A TREVISO

Há cerca de um mês, Ricardinho sorri à toa. Completamente recuperado de uma cirurgia que fez na mão esquerda em março, trocou o Modena, seu time nos quatro últimos anos e onde já não se dava bem com companheiros e torcedores, pelo Treviso, também da Itália.
Ironia do destino, o que o levantador chama de "recomeço" acontece justamente na equipe treinada por Renan Dal Zotto, um dos melhores amigos de Bernardinho, com quem não o jogador fala desde que foi cortado da seleção às vésperas dos Pan do Rio, no ano passado.
Depois disso, o jogador, eleito o melhor da Liga Mundial em 2007, não voltou mais à equipe. Chegou a ser pré-convocado por Bernardinho para a Copa do Mundo, em novembro, mas o técnico condicionou seu retorno a um pedido público de desculpas. Que não aconteceu.
Neste ano, a seleção não conseguiu repetir o sucesso de temporadas anteriores. Na Liga, jogando no Rio, perdeu para os americanos na semifinal e terminou fora do pódio. E, há menos de um mês, nova derrota para os mesmos adversários frustrou o sonho do ouro olímpico nos Jogos de Pequim.
Ontem, em sua primeira entrevista a um jornal brasileiro após a Olimpíada, o levantador disse à Folha que não pensa mais na seleção. "Assisti à semifinal e à final masculina aqui na Itália", disse ele, no Palaverde, ginásio de seu time.
"Vi os dois jogos, mas prefiro não comentar nada, não quero falar de seleção. Seleção para mim é coisa do passado. Não sinto falta, acho que isso faz parte, é um processo. Não sou um cara que fico pensando, remoendo coisas...", completou.
Ricardinho falou também que desde o corte não manteve contato com ninguém do grupo brasileiro. No Modena, porém, jogava com Murilo, André Heller e André Nascimento, todos do time de Bernardinho.
Agora, terá como companheiro Gustavo. Mas, quando questionado sobre o relacionamento com o jogador, desconversa. "Faz um ano e dois meses que não falo com ninguém. Mas nós somos profissionais."
Segundo ele, sua saída do Modena se deu porque a equipe queria cortar custos e investir em jogadores jovens. "Eles pegaram um levantador novo, que precisava jogar. E comigo por lá ficava um pouco difícil. Modena me cedeu, e Treviso me abraçou rapidamente."
Sem ter de defender o Brasil, o levantador aproveitou o tempo livre nas férias do Italiano para curtir a família.
"Sem a seleção, eu consegui ficar uns dois meses e meio em Maringá [PR], em casa, o que eu adoro", disse ele, que mora em Treviso, no nordeste da Itália, desde o dia 15 de agosto.
"Fiquei quatro meses parado depois da fratura na minha mão e agora voltei cheio de vontade de recomeçar. Agora é tudo novo, casa nova, vida nova, novos jogadores, gente que eu só conhecia de jogar contra. Esse time é praticamente uma seleção italiana, e eu estou muito contente", completou.
A família do jogador também está se adaptando à nova vida. Sua filha mais nova, Bianca, 5, começa as aulas hoje. Júlia, 10, volta à escola na próxima semana. O pouco tempo na cidade já causou alguns contratempos a Ricardinho. "Já me perdi aqui umas três vezes, mas Treviso é bem menor que Modena, então é mais fácil se achar. Além disso, hoje, com GPS, essas coisas que temos aqui na Europa, é muito mais tranqüilo para se virar do que no Brasil."


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