São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

FOCO

Para consultores alemães, Fifa deve incluir até ambulantes na Copa-2014

BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC

Nos dois dias em que se encontraram com o comitê paulista da Copa-14, três consultores alemães defenderam que o governo tenha posição firme perante a Fifa quanto às exigências que a entidade faz às cidades-sedes.
Disseram que o Brasil precisa colocar sua cultura local acima das vontades da Fifa. E que nem o comércio informal deve ser preterido pelo governo, mesmo que ele vá contra os acordos comerciais da federação internacional.
Gerd Kolbe, Helmut Hausmann e Thomas Jedlitschka, consultores de cidades-sedes que participaram das Copas de 2006 e 2010, estiveram com os organizadores do Mundial em São Paulo e alertaram as autoridades sobre possíveis abusos da Fifa.
"A Copa precisa de aceitação popular para ser bem-sucedida na cidade. Para isso, a população não pode ser excluída. Tem que participar do evento", afirmou Thomas.
"Apenas 40 mil pessoas comuns vão participar dos jogos na Copa. Mas o restante do povo precisa estar presente, senão a Copa não dá certo", completou o consultor.
Até mesmo a provável exclusão de vendedores ambulantes no entorno dos estádios durante o Mundial é criticada pelos alemães.
Eles argumentam que esse comércio, por mais que seja irregular, deve ser tratado com a Fifa para que os ambulantes não fiquem ociosos.
"Se a população for integrada à Copa do Mundo, 90% da população vai aprová-la", afirmou Kolbe.
Em visita ao Itaquerão, ontem, eles argumentaram que apenas com uma união das 12 cidades-sedes o Brasil conseguirá se impor à Fifa.
"A Fifa apenas realiza conversas bilaterais. Ou seja, não adianta conversarem todas as cidades separadas. É necessário haver uma união entre elas", declarou Kolbe.
Ele lembrou que, dessa maneira, em 2006, Dortmund, uma das sedes da Copa, obteve grande vitória.
"A Fifa exigia que só fosse comercializada a Budweiser, mas isso foi revertido. Depois de uma negociação acirrada, ela autorizou a ser vendida a cerveja local, a Dortmund."
Kolbe explicou que o Brasil tem que ter como referência a Alemanha, que endureceu nas concessões para a entidade, ao contrário do que a África do Sul fez em 2010.
E apontou que, pelo que pôde perceber no Brasil, o governo federal e São Paulo estão liderando essa "briga".
Para visitar o Itaquerão, ontem, os alemães usaram transporte público. Saíram do centro de São Paulo de trem e voltaram de metrô.
Após fazerem a viagem fora da hora do "rush" -ida e volta em cerca de 30 minutos cada uma-, disseram ter ficado satisfeitos com o que presenciaram na cidade.
Em Itaquera, eles foram recebidos pelo diretor da Odebrecht Antonio Gavioli, que lhes apresentou imagens do estádio e os acompanhou em uma volta pelo terreno.
Os alemães ainda deverão ir a outras cidades do Brasil, entre elas, Belo Horizonte.


Texto Anterior: José Roberto Torero: Rogério é um chato!
Próximo Texto: Scolari ouve 'não' sobre fim de multa
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.