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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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Revigorado, Kaká atinge fronteira final na seleção


Sensação no futebol italiano, ex-são-paulino começa seu 1º jogo ao lado dos principais astros


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A LEICESTER

Titular do São Paulo com 18 anos. Pentacampeão mundial. Vaga no time principal do Milan, um dos mais badalados do planeta, em poucas semanas. Maior astro da atual seleção olímpica.
Apesar do currículo, o meia-atacante Kaká, 21, terá no domingo uma experiência inédita, mas já vivida por atletas menos badalados. Em amistoso contra a Jamaica, na Inglaterra, às 11h de Brasília, vai começar um jogo da seleção principal com suas maiores estrelas pela primeira vez.
Em quase dois anos no time nacional, Kaká disputou seis confrontos vindo do banco. A única titularidade aconteceu com Luiz Felipe Scolari, antes da Copa-2002, em jogo contra a Islândia, quando só atletas que então atuavam no Brasil foram chamados.
"É uma oportunidade, e a vida é feita de oportunidades que a gente tem que aproveitar", disse Kaká, ao saber que Carlos Alberto Parreira o confirmou como titular na vaga do lesionado Ronaldinho.
O posto no time principal da seleção é o cume da transformação do jogador em apenas um ano.
No primeiro semestre, Kaká viveu na enfermaria do São Paulo e, quando jogava, era vaiado no Morumbi. Agora trocou as críticas e as incertezas por uma lua-de-mel na Itália, para onde foi depois de abrir mão de seus 15% na transferência que rendeu US$ 8,5 milhões para o São Paulo.
Em dois meses, deixou para trás estrelas como Rivaldo e o português Rui Costa para ganhar a vaga de titular no Milan, atual campeão europeu. E até já tem direito a gritos exclusivos de apoio da torcida e virou um dos preferidos dos cartolas e da imprensa.
"Vivo momento especial na minha carreira. Estou feliz no meu novo clube e na seleção. Sinceramente, não esperava uma ascensão tão rápida", afirmou o meia-atacante, que, pelo menos no discurso religioso, não mudou. "Deus tem as coisas muito maiores do que pedimos ou pensamos. É o que acontece comigo", comentou sobre sua atual situação.
Kaká garante não guardar mágoa dos são-paulinos que o vaiaram. "Não tenho esse ressentimento. Quando as críticas e as vaias chegaram, eu disse que aquilo era essencial para meu crescimento profissional. Aquilo valeu a pena para a minha carreira", disse o jogador, que também tenta evitar problemas com seu empregador e com a CBF.
O atleta não entra na polêmica sobre sua participação no Pré-Olímpico, que será realizado em janeiro, no Chile. "Eu quero jogar, seja no Milan ou na seleção. Não vou me envolver nesse caso. Os dirigentes que se entendam."
No Milan, Kaká afirma desempenhar funções diferentes a cada jogo. "Contra a Inter [domingo, quando marcou seu primeiro gol pelo clube], joguei como estava acostumado [mais adiantado]. Mas está sendo bom aprender a mudar de posicionamento a cada jogo", disse o ex-são-paulino, que aponta a comida como um dos fatores que facilitam sua adaptação ao modo de vida italiano.


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