São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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Partida que enfim inclui região na agenda das eliminatórias da Copa do Mundo tem poucos jogadores nordestinos, estádio pequeno, ingresso exorbitante e adversário sem categoria

Cada vez mais distante, a seleção reencontra o NE

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MARACAIBO

Depois de um jejum de dois anos, o Nordeste reencontrará hoje a seleção brasileira. Mas o desembarque em Maceió revelará um time diferente, deslocado.
Em 2002, na conquista do pentacampeonato na Ásia, cinco integrantes do grupo formado pelo gaúcho Luiz Felipe Scolari haviam nascido na região. Entre eles, o meia-atacante Rivaldo, uma das principais estrelas da campanha.
Mas na delegação que jogaria na Venezuela, ontem à noite, depois do fechamento desta edição, e jogará na capital alagoana, na próxima quarta-feira, somente dois atletas têm essa distinção: o goleiro baiano Dida e o volante pernambucano Juninho.
O esvaziamento nordestino da seleção coincide com o desdém da agenda da Confederação Brasileira de Futebol aos Estados que, mesmo com somente um representante na primeira divisão nacional, colecionam anualmente recordes de bilheteria.
Região com a segunda maior população do país, o Nordeste testemunhará uma partida das eliminatórias para a Copa do Mundo da Alemanha-06 depois do Norte (Manaus), do Sul (Curitiba) e do Sudeste (São Paulo).
O adversário, os colombianos, ocupava a vice-lanterna do torneio qualificatório até a rodada deste fim de semana.
O palco também está longe de estar entre os mais nobres. O Rei Pelé receberá cerca de 20 mil torcedores -menos da metade da capacidade de estádios de Estados vizinhos, como o Castelão, em Fortaleza, o Arruda, no Recife, e a Fonte Nova, em Salvador. Para azedar ainda mais a festa, o ingresso para a arquibancada sairá por no mínimo R$ 80.
O tratamento não é o mesmo de outros tempos da gestão de Ricardo Teixeira na CBF. Logo após a conquista do tetracampeonato, em 1994, o presidente colocou Recife no roteiro da comemoração.
Depois de ganhar o pentacampeonato, em 2002, o Brasil fez seu primeiro jogo no país em Fortaleza, em um amistoso contra o Paraguai com forte cunho político -o então candidato à Presidência Ciro Gomes recebeu uma camisa do então ascendente Kaká.
O jogo em Maceió também acontece no reduto de um dos maiores aliados políticos da CBF, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Em público, jogadores e comissão técnica dizem não se importar onde a seleção manda seus jogos caseiros. Para Ronaldo, "jogar no Brasil é sempre um prazer". "No Nordeste, o torcedor apóia muito a equipe", afirma o técnico Carlos Alberto Parreira.
Depois do jogo contra a Colômbia, o Brasil retornará a campo pelas eliminatórias apenas mais uma vez em 2004. O rival será o Equador, na altitude de Quito.
Em campos brasileiros, o time só atuará de novo no início de 2005, contra o Peru, provavelmente em Goiânia, no Centro-Oeste, que será então a última região do país a fazer parte da turnê da equipe pelas eliminatórias.
Confira o resultado de Brasil x Venezuela na www.folha.com.br

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