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dono do pedaço
Brasil de Dunga domina os vizinhos
Campeão continental, time tem resultados melhores contra sul-americanos do que diante de rivais de outras regiões
Seleção, que já treina para as eliminatórias da Copa, mostra até em categorias de base uma hegemonia local e uma fraqueza nos Mundiais
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
A seleção brasileira abriu ontem sua preparação final para
uma missão que seu treinador
considera até mais difícil do
que uma Copa do Mundo. Mas
a realidade é bem diferente da
imaginada por Dunga.
O Brasil só é rei hoje, da base
até o time adulto, na América
do Sul, que abre suas eliminatórias para o Mundial de 2010 no
próximo sábado -o time nacional entra em campo um dia depois, contra a Colômbia, em
Bogotá (às 19h de Brasília).
Exemplo disso acontece na
própria gestão Dunga. Contra
os vizinhos sul-americanos, a
seleção jogou oito vezes, venceu sete e empatou uma. O
aproveitamento é de 92%, a
média de gols pró fica em três
por partida, e a defesa foi vazada só 0,47 vez por jogo. Diante
de times de outras regiões, esses números são, respectivamente, 64%, 1,45 e 0,91.
Porém a supremacia continental não é exclusividade de
Dunga. O Brasil é bicampeão da
Copa América, mas fracassou
no Mundial. Em 2007, ganhou
os Sul-Americanos sub-17 e
sub-20, mas fez campanha vergonhosa nos Mundiais dessas
categorias -caiu nas oitavas-de-final na primeira e nem passou da fase inicial na segunda.
Para os jogadores que se
apresentaram ontem na serra
fluminense, a dificuldade sul-americana imaginada por Dunga é vista com ressalvas.
Os estreantes em eliminatórias não endossam as palavras
do chefe. "Não posso dizer isso
[se as eliminatórias são mais difíceis que a Copa]. Nunca disputei", disse o lateral Maicon.
O capitão Lúcio elogia a técnica sul-americana, mas é claro
ao comentar que tipo de rival é
mais complicado para o Brasil.
"As seleções européias sempre
dão mais trabalho. E é mais
gostoso jogar contra eles", afirmou o zagueiro.
Nem a altitude de algumas cidades que vão abrigar jogos da
seleção assusta. "Não acredito
que isso será um problema", falou Kaká, que aponta outra dificuldade. "Nas eliminatórias,
por serem muito longas, o time
que termina é bem diferente do
que o que começa."
Elano, que é homem de confiança de Dunga desde o início
da gestão do treinador, concorda com o chefe sobre as dificuldades de enfrentar um vizinho
de continente. "Os sul-americanos sabem como jogamos,
conhecem os atalhos para nos
superar", explicou o meia.
O treinador voltou a valorizar ontem a dureza do qualificatório, que classifica quatro times diretamente para a Copa
da África do Sul (o quinto ainda
vai disputar uma repescagem).
"O time precisa ter a noção
de que a eliminatória é diferente de qualquer competição normal. Os países se preparam especialmente para enfrentar o
Brasil. O treino agora é jogo, e o
jogo é uma guerra", afirmou o
treinador, que ontem só mostrou irritação quando questionado sobre a afirmação do são-paulino Souza, que se queixou
do fato de os atletas que atuam
no Brasil terem poucas chances
na seleção brasileira.
"Para defender a seleção, é
preciso ter ética, não falar mal
dos companheiros", atacou o
técnico da seleção.
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