São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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dono do pedaço

Brasil de Dunga domina os vizinhos

Campeão continental, time tem resultados melhores contra sul-americanos do que diante de rivais de outras regiões

Seleção, que já treina para as eliminatórias da Copa, mostra até em categorias de base uma hegemonia local e uma fraqueza nos Mundiais

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

A seleção brasileira abriu ontem sua preparação final para uma missão que seu treinador considera até mais difícil do que uma Copa do Mundo. Mas a realidade é bem diferente da imaginada por Dunga.
O Brasil só é rei hoje, da base até o time adulto, na América do Sul, que abre suas eliminatórias para o Mundial de 2010 no próximo sábado -o time nacional entra em campo um dia depois, contra a Colômbia, em Bogotá (às 19h de Brasília).
Exemplo disso acontece na própria gestão Dunga. Contra os vizinhos sul-americanos, a seleção jogou oito vezes, venceu sete e empatou uma. O aproveitamento é de 92%, a média de gols pró fica em três por partida, e a defesa foi vazada só 0,47 vez por jogo. Diante de times de outras regiões, esses números são, respectivamente, 64%, 1,45 e 0,91.
Porém a supremacia continental não é exclusividade de Dunga. O Brasil é bicampeão da Copa América, mas fracassou no Mundial. Em 2007, ganhou os Sul-Americanos sub-17 e sub-20, mas fez campanha vergonhosa nos Mundiais dessas categorias -caiu nas oitavas-de-final na primeira e nem passou da fase inicial na segunda.
Para os jogadores que se apresentaram ontem na serra fluminense, a dificuldade sul-americana imaginada por Dunga é vista com ressalvas.
Os estreantes em eliminatórias não endossam as palavras do chefe. "Não posso dizer isso [se as eliminatórias são mais difíceis que a Copa]. Nunca disputei", disse o lateral Maicon.
O capitão Lúcio elogia a técnica sul-americana, mas é claro ao comentar que tipo de rival é mais complicado para o Brasil. "As seleções européias sempre dão mais trabalho. E é mais gostoso jogar contra eles", afirmou o zagueiro.
Nem a altitude de algumas cidades que vão abrigar jogos da seleção assusta. "Não acredito que isso será um problema", falou Kaká, que aponta outra dificuldade. "Nas eliminatórias, por serem muito longas, o time que termina é bem diferente do que o que começa."
Elano, que é homem de confiança de Dunga desde o início da gestão do treinador, concorda com o chefe sobre as dificuldades de enfrentar um vizinho de continente. "Os sul-americanos sabem como jogamos, conhecem os atalhos para nos superar", explicou o meia.
O treinador voltou a valorizar ontem a dureza do qualificatório, que classifica quatro times diretamente para a Copa da África do Sul (o quinto ainda vai disputar uma repescagem).
"O time precisa ter a noção de que a eliminatória é diferente de qualquer competição normal. Os países se preparam especialmente para enfrentar o Brasil. O treino agora é jogo, e o jogo é uma guerra", afirmou o treinador, que ontem só mostrou irritação quando questionado sobre a afirmação do são-paulino Souza, que se queixou do fato de os atletas que atuam no Brasil terem poucas chances na seleção brasileira.
"Para defender a seleção, é preciso ter ética, não falar mal dos companheiros", atacou o técnico da seleção.


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