São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Próximo rival do Brasil, Irã enfrenta maratona

Se chegar às semifinais do Mundial de futsal, equipe mudará 4 vezes de cidade

Regulamento faz com que alguns times viajem muito; anfitriões, brasileiros já trocaram Brasília pelo Rio, de onde não mais sairão


MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Primeira adversária do Brasil na segunda fase, a seleção iraniana tenta superar o cansaço para manter o status de revelação deste Mundial de futsal.
Entre os oito classificados para a próxima etapa, o Irã foi a equipe mais prejudicada em termos de deslocamento. Caso cheguem às semifinais, os iranianos terão completado um total de quatro viagens entre Rio e Brasília (4.592 km percorridos) em uma semana.
Os italianos foram os mais beneficiados. Permanecem no Rio, onde jogaram a primeira fase, até o fim do torneio.
Isso ocorre porque o regulamento prevê que as últimas partidas de cada fase sejam disputadas no mesmo horário. Sendo assim, algumas equipes são sacrificadas, pois cada cidade-sede brasileira utiliza só um ginásio para o torneio, impossibilitando a disputa simultânea de jogos do mesmo grupo.
"Não estamos satisfeitos. Ficar indo e voltando de uma cidade a outra é muito desgastante", queixou-se Abbas Torabian, chefe da delegação do Irã.
"Os jogos deveriam ser disputados na mesma cidade. Não haveria problema se tivéssemos que jogar em ginásios menores do que esses", disse o dirigente, referindo-se ao Nilson Nelson e ao Maracanãzinho.
Apesar de a média de público girar em torno de 4.500 pessoas por jogo, a Fifa exige que os ginásios tenham capacidade para 12 mil pessoas.
Mesmo cansados pela viagem, os iranianos se desdobraram ontem para vencer a República Tcheca por 3 a 2, obter a segunda colocação do Grupo D e, como conseqüência, a classificação para a segunda fase.
O gás adicional foi conquistado com o apoio da torcida brasileira. Jovens do Projeto Lotação Esgotada, que cobriam cerca de 60% dos lugares, não se cansavam de gritar "Irã, Irã".
Com véus cobrindo suas cabeças, mulheres de funcionários da Embaixada do Irã saudavam o time com bandeirinhas. A empatia entre público e jogadores iranianos foi tão grande que, após o triunfo, os atletas deram a volta olímpica para cumprimentar a torcida.
"Foi como se estivéssemos jogando em casa. Se a seleção do Brasil fosse ao Irã, teria essa mesma sensação. Os iranianos amam os brasileiros", afirmou o técnico Hossein Shams.
No mesmo horário, os brasileiros treinavam no Rio e se recuperavam da única viagem que fizeram até o fim do Mundial. Brasil e Irã se enfrentam amanhã, no Maracanãzinho. "Não se preocupem. Daremos um ponto [empate] ao Brasil", disse Schams, aos risos.


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