São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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EM NOVAS MÃOS

Titular no amistoso contra o México, Jefferson , do Botafogo, trilha caminho para tentar ser o primeiro goleiro negro a ganhar a Copa com a seleção

MARTÍN FERNANDEZ
ENVIADO ESPECIAL A TORREÓN

Jefferson, 28, começa amanhã a percorrer um caminho que pode levá-lo a destruir um trauma do futebol brasileiro. Um goleiro negro pode, em 2014, ganhar uma Copa do Mundo pela seleção.
"A gente fica chateado com as pessoas que afirmam que o Brasil não pode ter um goleiro negro", declarou Jefferson à Folha, ontem à tarde.
O jogador do Botafogo será titular no amistoso contra o México amanhã, às 22h30 (de Brasília), em Torreón. Júlio César, 32, dono da posição, sofreu lesão muscular na coxa esquerda, foi cortado e voltou para a Itália.
Jefferson quer mais do que convencer o técnico Mano Menezes de que pode ser o camisa 1 do Brasil. "Talvez seja uma oportunidade de mudar a cabeça das pessoas, de mudar esse pensamento."
O novo titular, porém, diz que ainda é cedo para pensar em 2014, quando o Brasil vai organizar a Copa do Mundo pela segunda vez. "Eu penso, claro", afirmou. "Mas tenho que ir passo a passo, manter a regularidade no clube e continuar sendo chamado."
Em 1950, o Brasil foi sede da Copa, mas perdeu o título para o Uruguai. O goleiro era Barbosa, negro, atleta do Vasco. "Eu já ouvi muito sobre isso, mas não tem nada a ver, o Dida também já foi goleiro em uma Copa [em 2006]."
Ao contrário de outros jogadores, Jefferson disse nunca ter sofrido com racismo no futebol. "Tive problemas na Turquia [entre 2005 e 2009, jogou no Trabzonspor e no Konyaspor], mas isso, não."
Jefferson ultrapassou Victor na corrida para ser o reserva imediato de Júlio César na seleção. Hoje, é ameaça real ao jogador da Inter de Milão. "Eu respeito o Júlio e todos os outros goleiros, mas meu objetivo não é ficar na reserva. Busco meu espaço."
O botafoguense já iniciou duas partidas no time nacional. Foi titular nos duelos contra a Argentina no Superclássico das Américas, em que o Brasil não foi vazado -e dos quais só participaram atletas que atuam no país.
Júlio César sofreu oito gols em dez jogos como titular sob o comando de Mano. Victor levou apenas um em cinco partidas, média de 0,2.
Mas Jefferson não se entusiasma com a invencibilidade. "Fico feliz por não ter tomado gol, mas um dia vou tomar, não tem como, é a vida de goleiro", declarou, com a mesma serenidade que exibe em campo e lhe valeu o apelido de "Homem de Gelo".
Na semana passada, Júlio César já havia declarado que não se sentia "dono da posição" na seleção de Mano.
"Eu tenho que mostrar a cada jogo, não tenho cadeira cativa. Fiquei feliz com a estreia do Jefferson na seleção. É bom que cada um conquiste seu espaço", declarou.
Jefferson afirmou ainda ter recebido um telefonema de Victor, do Grêmio, e uma mensagem de Júlio César.


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