São Paulo, sábado, 10 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Meia brasileiro, que assumiu nacionalidade alemã, fica fora da lista de novo técnico da equipe européia
"Esquecido', Rink diz não se arrepender


RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

O brasileiro Paulo Rink não gostou da mudança na comissão técnica da seleção. Não a do Brasil, mas a da Alemanha.
O atacante, que possui nacionalidade alemã, jogou pela seleção européia em dois amistosos (contra as equipes de Malta e da Romênia), quando essa ainda era dirigida pelo técnico Berti Vogts, há pouco mais de um mês.
O treinador que permitiu a Rink ser o primeiro brasileiro a atuar pela Alemanha pediu demissão.
Seu sucessor, Erich Ribbeck, "se esqueceu" do ex-atleta do Atlético-PR ao convocar a seleção alemã para as eliminatórias da Eurocopa de 2000.
Em entrevista por telefone à Folha, Rink falou sobre a possibilidade de não jogar mais pela Alemanha e sobre o fato de não poder jogar mais pelo Brasil, pois já atuou em outra seleção.

Folha - Como você viu a saída do técnico Berti Vogts da seleção da Alemanha?
Paulo Rink -
A troca de técnico me surpreendeu totalmente. Pensava que estava iniciando um trabalho com Vogts, que tinha assinado contrato. Pensei em sequência.
Folha - O novo técnico, Erich Ribbeck, não o chamou. O que você achou disso?
Rink -
Fiquei triste por não participar desse início de trabalho, mas ele me ligou e disse para continuar trabalhando sério no Bayer que terei chances.
Folha - Para quando espera por essas chances?
Rink -
Meu primeiro objetivo é jogar a fase final da Eurocopa. Para isso, preciso ser convocado para alguns jogos das eliminatórias. Depois vem a Copa do Mundo de 2002.
Folha - Como foi sua experiência como jogador da Alemanha?
Rink -
No pouco espaço que tive, fui bem. Joguei em duas partidas, só poucos minutos, mas ajudei minha equipe a ganhar o primeiro jogo e a empatar o segundo quando estávamos perdendo.
Folha - O que achou da primeira convocação de Ribbeck, que priorizou atletas do Bayern de Munique?
Rink -
Foi normal. O Bayern venceu os seis primeiros jogos no Campeonato Alemão. Falam que a seleção é o Bayern sem o Élber (atacante brasileiro) e com o (Oliver) Bierhoff (jogador do Milan, da Itália). Não houve surpresa na convocação.
Folha - Quem são seus maiores concorrentes por uma vaga na seleção alemã?
Rink -
Além do Bierhoff, tem o Kirsten, o Marschall, o Jancker e o Neuville. Mas eu sou mais novo que eles, com 25 anos. Para a Copa de 2002 tenho boas chances.
Folha - Sua adaptação ao estilo do futebol alemão foi relativamente fácil?
Rink -
Não foi bem assim.Os alemães têm muita obediência tática. Aqui você tem que seguir um esquema de jogo. No Brasil existe mais improvisação.
Folha - Mas quando você jogava no Brasil tinha um estilo europeu.
Rink -
É. Hoje procuro conciliar os estilos. Você tem que ser eficiente. Não adianta jogar ao modo brasileiro e perder, nem jogar do jeito alemão e perder.
Folha - Você teve algum receio ao jogar na seleção alemã?
Rink -
Tinha medo da receptividade dos jogadores por ser estrangeiro. Mas foi tudo bem. O Bierhoff, de quem falavam tanto, até conversou comigo em italiano.
Folha - Não lamenta o fato de não poder mais defender a seleção brasileira?
Rink -
Não, porque ainda vejo chances de jogar pela Alemanha. A seleção alemã estava na minha mão, e a brasileira só em sonho. Não vou viver de sonho.
Folha - Você já se sente alemão?
Rink -
Sou brasileiro e isso nunca vai mudar. Aprendo muitas coisas aqui, mas não vou mudar meu jeito de ser.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.