São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000

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Vasco realiza eleições sob suspeita

DA SUCURSAL DO RIO

As eleições para a presidência do Vasco ocorrem hoje sob suspeita de fraude, levantada por Hércules Figueiredo, candidato da oposição a Eurico Miranda, atual vice-presidente do clube.
Figueiredo diz estar "muito temeroso" quanto à possibilidade de não haver lisura no pleito que escolherá o comandante do Vasco para os próximos três anos.
"Há rumores de que está sendo preparada uma fraude gigantesca. Carteiras de associados estariam sendo emitidas em escala industrial para pessoas que jamais puseram os pés em São Januário", afirmou o candidato da oposição.
Figueiredo afirmou que pediria providências ainda ontem ao presidente da Assembléia Geral, João da Silva, responsável pela coordenação das eleições. Eles se reuniriam no final da tarde de ontem para discutir o assunto. A Folha ligou para a secretaria de administração do clube, mas ninguém atendeu. O telefone celular de Eurico Miranda estava desligado.
O número oficial de eleitores em condições de votar-84.755 associados-, cedido pela atual administração, também é questionado pelo opositor a Miranda. Para ele, "é exageradíssimo" e poderia servir para legitimar supostos eleitores falsos.
Segundo Figueiredo, votaram no último pleito apenas 3.124 eleitores, o que corresponderia a apenas 3,7% do número atual de possíveis votantes. Para ele, a diferença entre os números é muito grande. Figueiredo não soube precisar o número de sócios do clube.
Engenheiro civil de 51 anos, ele é o único candidato de oposição a Miranda. O outro candidato da oposição, Amadeo Pinto da Rocha -que contava com o apoio do presidente do Vasco, Antonio Soares Calçada-, passou a fazer parte da chapa de Miranda.
Há 15 anos na administração do Vasco, ao lado de Calçada, Miranda nunca foi presidente do clube, apesar de ser o homem-forte do Vasco há anos.
Dirigente de destacada influência no futebol, ele é a figura mais conhecida do clube carioca por seu comportamento pouco convencional. Miranda tem opiniões controvertidas e é amado e odiado, tanto no Vasco como em outros setores do esporte nacional.
Ele foi o responsável pela implantação e pelo sucesso do "projeto olímpico" do clube carioca, que reúne alguns dos principais atletas do país em diversos esportes. Dos 205 competidores brasileiros na Olimpíada de Sydney, 83 eram do Vasco.
O projeto é também alvo de críticas da oposição e do próprio presidente atual, que alegam que os altos gastos não tiveram o correspondente retorno financeiro.
"Esse programa é uma incógnita e foi feito sem nenhum planejamento", afirmou Figueiredo.


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