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FUTEBOL
Talento e fragilidade
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A gora só faltam quatro jogos
para o fim. Se o Cruzeiro
vencer dois deles, será o campeão
brasileiro. Nada mais justo: é o time mais completo e equilibrado
do país.
O Santos, em alguns momentos,
é mais brilhante e encantador, e
conta com maior número de jogadores extraordinários. Mas é
também mais frágil e instável.
As partidas de ontem foram
exemplares no que diz respeito a
essas características do líder e do
vice-líder do Brasileiro.
Contra o Vasco, em Campo
Grande, o Cruzeiro foi soberano
todo o tempo, apesar do calor senegalesco e do gramado ruim,
que prejudicaram seu toque de
bola, de resto muito superior ao
da desfalcada e confusa equipe
carioca. Talvez se possa dizer que
a perda do mando de jogo em São
Januário acabou sendo uma vantagem para o Vasco, pois, em condições normais de temperatura e
pressão, a vitória cruzeirense provavelmente seria mais elástica.
Já o Santos, em Campinas, repetiu o que tem acontecido com frequência: saiu atrás no placar e foi
buscar a virada, num jogo empolgante e repleto de reviravoltas.
O time de Leão confirmou aquilo que muita gente pensa dele (inclusive eu): que sua maior virtude, a vocação ofensiva, é também
seu calcanhar-de-aquiles.
O Santos muitas vezes ataca
com os dois laterais ao mesmo
tempo, e não é raro que um de
seus zagueiros suba ao ataque
junto com os volantes e meias.
Tanta gana em atacar, além de
deixar espaços ao adversário, tira
a concentração dos atletas encarregados do desarme e da defesa.
Os gols da Ponte Preta, ontem,
foram originados de momentos
de desatenção ou falhas de posicionamento da zaga santista.
No segundo, por exemplo, o
sempre elogiado Alex parece ter
tomado um susto com o chute de
Jean. Em vez de cortar a bola, tentou se proteger dela e acabou causando um desvio fatal para o goleiro Júlio Sérgio.
Resumindo, é possível dizer que
o Santos é fatal com a bola nos
pés, mas tem dificuldade em bloquear o jogo adversário. É um time formado há dois anos, mas
que ainda precisa aprender a se
defender.
Faz lembrar o que disse o então
treinador da França, Aimé Jacquet, na véspera da final contra o
Brasil, na Copa-98: "Temos chances de vencer porque os brasileiros
são tão bons que só pensam em ir
ao ataque e brilhar, descuidando
do adversário".
Sábias palavras.
Com a vitória sobre o Paysandu,
o Grêmio ganhou uma sobrevida
no campeonato, mas a situação
continua delicada, não só por
conta das pedreiras que o tricolor
gaúcho ainda tem pela frente,
mas também pelo futebol pobre
que tem apresentado.
O jogo de sábado foi muito
ruim. Sem poder de criação, os
dois times ficaram num pingue-pongue medonho entre as duas
intermediárias. Não é por acaso
que a torcida espera tanto do jovem Marcelinho, de 16 anos. Só a
renovação pode salvar o tricolor.
Alviverde imponente
Na Série B do Brasileiro, o Palmeiras é o único que pode respirar tranquilo, embora ainda
sem euforia. Com os sete pontos conquistados na fase final
até agora e o futebol consistente
que tem apresentado, o time do
Parque Antarctica só deixará de
voltar à Série A se acontecer
uma zebra muito grande.
Queda do Goiás
Ontem, no Pacaembu, o Corinthians quebrou a sequência de
vitórias do Goiás graças a sua
boa atuação no primeiro tempo, quando não deixou espaços
para os atacantes goianos ameaçarem a meta de Doni.
Depois, contou com a má pontaria dos adversários, que perderam vários gols, e com uma pequena ajuda do árbitro, que
deixou de marcar dois pênaltis
a favor do Goiás.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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