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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Talento e fragilidade

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A gora só faltam quatro jogos para o fim. Se o Cruzeiro vencer dois deles, será o campeão brasileiro. Nada mais justo: é o time mais completo e equilibrado do país.
O Santos, em alguns momentos, é mais brilhante e encantador, e conta com maior número de jogadores extraordinários. Mas é também mais frágil e instável.
As partidas de ontem foram exemplares no que diz respeito a essas características do líder e do vice-líder do Brasileiro.
Contra o Vasco, em Campo Grande, o Cruzeiro foi soberano todo o tempo, apesar do calor senegalesco e do gramado ruim, que prejudicaram seu toque de bola, de resto muito superior ao da desfalcada e confusa equipe carioca. Talvez se possa dizer que a perda do mando de jogo em São Januário acabou sendo uma vantagem para o Vasco, pois, em condições normais de temperatura e pressão, a vitória cruzeirense provavelmente seria mais elástica.
Já o Santos, em Campinas, repetiu o que tem acontecido com frequência: saiu atrás no placar e foi buscar a virada, num jogo empolgante e repleto de reviravoltas.
O time de Leão confirmou aquilo que muita gente pensa dele (inclusive eu): que sua maior virtude, a vocação ofensiva, é também seu calcanhar-de-aquiles.
O Santos muitas vezes ataca com os dois laterais ao mesmo tempo, e não é raro que um de seus zagueiros suba ao ataque junto com os volantes e meias. Tanta gana em atacar, além de deixar espaços ao adversário, tira a concentração dos atletas encarregados do desarme e da defesa.
Os gols da Ponte Preta, ontem, foram originados de momentos de desatenção ou falhas de posicionamento da zaga santista.
No segundo, por exemplo, o sempre elogiado Alex parece ter tomado um susto com o chute de Jean. Em vez de cortar a bola, tentou se proteger dela e acabou causando um desvio fatal para o goleiro Júlio Sérgio.
Resumindo, é possível dizer que o Santos é fatal com a bola nos pés, mas tem dificuldade em bloquear o jogo adversário. É um time formado há dois anos, mas que ainda precisa aprender a se defender.
Faz lembrar o que disse o então treinador da França, Aimé Jacquet, na véspera da final contra o Brasil, na Copa-98: "Temos chances de vencer porque os brasileiros são tão bons que só pensam em ir ao ataque e brilhar, descuidando do adversário".
Sábias palavras.

Com a vitória sobre o Paysandu, o Grêmio ganhou uma sobrevida no campeonato, mas a situação continua delicada, não só por conta das pedreiras que o tricolor gaúcho ainda tem pela frente, mas também pelo futebol pobre que tem apresentado.
O jogo de sábado foi muito ruim. Sem poder de criação, os dois times ficaram num pingue-pongue medonho entre as duas intermediárias. Não é por acaso que a torcida espera tanto do jovem Marcelinho, de 16 anos. Só a renovação pode salvar o tricolor.

Alviverde imponente
Na Série B do Brasileiro, o Palmeiras é o único que pode respirar tranquilo, embora ainda sem euforia. Com os sete pontos conquistados na fase final até agora e o futebol consistente que tem apresentado, o time do Parque Antarctica só deixará de voltar à Série A se acontecer uma zebra muito grande.

Queda do Goiás
Ontem, no Pacaembu, o Corinthians quebrou a sequência de vitórias do Goiás graças a sua boa atuação no primeiro tempo, quando não deixou espaços para os atacantes goianos ameaçarem a meta de Doni. Depois, contou com a má pontaria dos adversários, que perderam vários gols, e com uma pequena ajuda do árbitro, que deixou de marcar dois pênaltis a favor do Goiás.

E-mail: jgcouto@uol.com.br


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