São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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BASQUETE

Modalidade de rua ganha seu primeiro local de treinos no país em Madureira, bairro carente da zona norte do Rio

Rappers põem CT de R$ 4 mi sob viaduto

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Garotos jogam basquete de rua debaixo do viaduto Negrão de Lima, no Rio, onde será erguido o primeiro CT da modalidade no país


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Há cerca de cinco anos apenas uma brincadeira de festival de rap no Rio, o basquete de rua se popularizou nos subúrbios da cidade e ganhará agora o primeiro centro de treinamento do país.
Liderada pelos irmãos rappers MV Bill e Nega Gizza, a Cufa (Central Única das Favelas) vai começar a construir na próxima semana o CT, que pretende reunir atletas das comunidades cariocas.
Inicialmente com duas quadras e uma estrutura para abrigar os jogadores, o centro será erguido debaixo do viaduto Negrão de Lima, em Madureira, o bairro mais popular da zona norte do Rio.
O espaço contará com uma pista de skate e um centro cultural para cursos de grafite, DJ, dança de rua e teatro. A obra, de R$ 4 milhões, será bancada pelos ministérios do Esporte e da Educação, Secretaria Municipal das Culturas, Eletrobras e Fundação Ford.
""O primeiro contato que tive com o basquete de rua foi durante um show meu. Um negão pegou uma latão e uma galera começou a jogar ouvindo o som. O jogo começou a esquentar e, quando fui reclamar, levei um vaia imensa. A partir daí, todo o pessoal do movimento hip hop do Rio começou a dar força para o esporte, que só vem crescendo", disse MV Bill.
Neste ano, a Libbra (Liga Brasileira de Basquete de Rua), coordenada pela Cufa, reuniu cerca de 1.500 atletas para um Nacional, que contou com 160 equipes.
""O basquete de rua mudou a vida de quase todos aqui. No meu caso, troquei o corte de cabelo e sou mais ousado nas atitudes, uma das coisas que aprendi nas quadras", disse Alan Martins, 20, morador de Paciência, zona oeste do Rio, que joga nos ""Rebeldes".
Como Martins, a maioria dos atletas mora no subúrbio, adota o estilo dos jogadores da NBA (liga norte-americana de basquete), gosta de rap e começou a praticar o esporte bem longe dos clubes.
""Quase todo mundo é duro e iniciou no basquete de rua improvisando bola, fazendo lata de lixo de cesta", disse o desempregado Alan Sabino, 19, que joga no TIB (Time Independente de Basquete), que reúne jovens de vários bairros da zona oeste do Rio.
Eles não escondem o sonho de se tornarem profissionais no basquete de quadra, mas reconhecem que a dificuldade é grande.
""O que queremos mesmo é nos divertir", declarou Sabino.
Para Nega Gizza, coordenadora da Cufa e da Libbra, o objetivo inicial do CT não é formar atletas ou preparar equipes especificamente como os centros de treinamentos de esporte de alto rendimento.
"Antes mesmo de criar um atleta profissional, queremos é valorizá-los e ajudar a abrir a porta para o mundo", disse Nega Gizza.


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