São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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JUCA KFOURI

Cara de campeão, pinta de campeão


Quem faz a diferença neste time que pode até não chegar ao hexa, ou ao tri, mas que virou favorito?

O FUTEBOL é mágico e adora pregar peças.
Ensina lições e as enterra com a mesma facilidade, em não mais do que em 90 minutos.
E uma lição que o futebol ensinou faz tempo diz sobre a tal sorte de campeão.
E ninguém anda com mais sorte de campeão do que o São Paulo.
Sorte que se manifesta das mais diferentes maneiras.
Desde uma bola no travessão no último minuto, como no Canindé, até a ilusão de ótica do bandeirinha que anulou um gol do Botafogo.
Um empate contra a Lusa e outro no Engenhão, para falar apenas de dois jogos recentes, e pronto! O São Paulo teria quatro pontos menos do que tem.
Tudo que o Palmeiras, por exemplo, queria. Ou o Grêmio.
Pois queriam.
Porque, mesmo quando não joga futebol de campeão, o Tricolor tem jogado com cara de campeão, confiança de campeão, pinta de campeão, sorte de campeão.
Coisa que falta ao Palmeiras.
Para muitos, ao menos neste Brasileirão, a diferença não está nas diretorias dos dois clubes, nem nos elencos, nem nos investimentos.
Está no banco. A diferença está entre os dois técnicos.
O mal-humorado Muricy Ramalho, rabugento, tão mal-educado que fica engraçado, sem terno nem gravata, só de uniforme do clube, parte para seu tricampeonato brasileiro de fato, o quarto de direito. E para ser eleito mais uma vez como o melhor treinador em atividade no Brasil e ir, talvez, para a seleção.
Incapaz de deixar seus jogadores na mão, de não ser solidário.
Impensável, sem dúvida, ver Muricy Ramalho na TV para comentar a atuação de comandados seus.
Sabe aquele algo mais que o boleiro é capaz de dar para um técnico? Muricy Ramalho consegue ser objeto daquela gota de suor tirada do fundo d'alma.
Talvez seja exagerado dizer que é ele quem faz a diferença em 2008, porque, sem Rogério Ceni, André Dias, Miranda, Hernanes, Hugo (sim, Hugo, depois que o Tostão falou dá para afirmar sem receio), Jorge Wagner e, sim, Borges (ou não, Doutor Tostão?), a impressionante atropelada tricolor não teria acontecido como aconteceu.
Mas, é verdade, o Palmeiras tem Marcos, Roque Júnior, Gustavo, Élder Granja, Pierre, Martinez, Kléber e Alex Mineiro.
Sei lá. Vai ver, desta vez, a diferença é mesmo o técnico. Pelo menos até que um Figueirense chegue ao Morumbi e mude o curso da história.
Como fez o Grêmio no Palestra Itália lotado, ao derrotar um bisonho Palmeiras, cujo técnico pensa apenas em si e na seleção.
Porque o futebol é mágico.
Embora, como na vida, faça a esperteza engolir quem se acha esperto demais.

Kirrata
Leitor também erra, mas erra mais o colunista que não checou: Anthony Nesty foi, sim, o primeiro nadador negro a ganhar ouro em Olimpíadas, só que em Seul-88, não em Barcelona-92. E o terceiro gol do São Paulo na Lusa foi dado para Zé Luis, embora, teimoso, o colunista insista que seja de Borges.

blogdojuca@uol.com.br


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