São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Inchados, Jogos Abertos causam temor

Criação de 2ª divisão faz Piracicaba receber 17 mil participantes em evento, que começa hoje, com inscrição de equipes

Com mais atletas e orçados neste ano em R$ 8,4 milhões, Jogos têm repetido sedes, como Santos, que abrigará o torneio pela 3ª vez na década

ADALBERTO LEISTER FILHO
CAROLINA ARAÚJO

DA REPORTAGEM LOCAL

Os Jogos Abertos do Interior, cuja 72ª edição tem início hoje, em Piracicaba, data final para inscrição de atletas, começam a padecer de problema semelhante ao da Olimpíada: o temor com seu gigantismo.
Segundo Nelson Gil de Oliveira, coordenador dos Jogos Abertos pela Secretaria de Estado de Esporte, é preciso brecar o crescimento do evento, sob o risco de, em alguns anos, a maioria das cidades não ter condições de abrigar os Jogos.
Oliveira conta que a secretaria fará estudo para tentar limitar o número de esportes e atletas. "Estamos no limite, com 25 esportes oficiais e cinco ou seis modalidades extras. Temos que ter o cuidado de só aceitar esportes que são praticadas em todo o Estado para não inchar os Jogos", diz o coordenador.
A novidade deste ano, porém, de estabelecer uma primeira e segunda divisão, se estimulou cidades menores a participar, também gerou o aumento do número de inscritos, causando mais preocupação à secretaria.
"Acredito que o número máximo seja até 12 mil atletas. Não podemos passar muito disso."
O problema é que, neste ano, esse número já foi bastante extrapolado. "Temos 17.028 atletas e dirigentes de 233 cidades", contabiliza Pedro Mello, secretário de Esportes de Piracicaba.
É muita gente, considerando que a maioria deste contingente é de atletas. Em Olimpíadas, o COI estabelece um teto de 10 mil competidores. Nos Jogos Abertos, não há regra definida, e o inchaço é assustador. Em 2001, por exemplo, São José do Rio Preto recebeu 8.073 atletas.
Mesmo assim, para Mello, a tendência é esse número crescer ainda mais, o que contraria a visão defendida pelo Estado.
"Acredito que a vocação dos Jogos Abertos é a de igualar seu programa ao olímpico, sem abandonar nossas modalidades tradicionais, como bocha, malha e xadrez", diz o secretário.
Para ele, só assim o Estado irá difundir modalidades pouco praticadas. "É a maneira de incentivar as cidades a desenvolverem a esgrima, por exemplo. São Bernardo tentou fazer isso [em 2006], mas não deu certo."
O problema é que o crescimento dos Jogos faz com que poucas cidades tenham condições de ser sede. Neste ano, o evento está orçado em R$ 8,4 milhões, sendo R$ 6,4 milhões de investimentos da prefeitura.
"Para 2009, está definido que os Jogos serão em Santos. Mas ainda não apareceu candidato para o ano seguinte", diz Mello.
Encarecido, o evento vê suas sedes se repetirem. É o caso de Santos, que abrigou os Jogos em 2000 e 2003. "Uma solução seria compartilhar a sede [em duas cidades]", aponta Mello.
Oficialmente, tal iniciativa nunca ocorreu. Mas passos iniciais nesse sentido já aconteceram. Em 2005, Botucatu, sede oficial, cedeu várias modalidades à vizinha São Manuel.
E, mesmo uma cidade grande como São Bernardo do Campo (cerca de 800 mil habitantes, a quarta maior do Estado), não ofereceu condições para sediar as provas de atletismo, direcionadas para São Paulo em 2006.


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