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Inchados, Jogos Abertos causam temor
Criação de 2ª divisão faz Piracicaba receber 17 mil participantes em evento, que começa hoje, com inscrição de equipes
Com mais atletas e orçados neste ano em R$ 8,4 milhões, Jogos têm repetido sedes, como Santos, que abrigará o torneio pela 3ª vez na década
ADALBERTO LEISTER FILHO
CAROLINA ARAÚJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os Jogos Abertos do Interior,
cuja 72ª edição tem início hoje,
em Piracicaba, data final para
inscrição de atletas, começam a
padecer de problema semelhante ao da Olimpíada: o temor com seu gigantismo.
Segundo Nelson Gil de Oliveira, coordenador dos Jogos
Abertos pela Secretaria de Estado de Esporte, é preciso brecar o crescimento do evento,
sob o risco de, em alguns anos, a
maioria das cidades não ter
condições de abrigar os Jogos.
Oliveira conta que a secretaria fará estudo para tentar limitar o número de esportes e atletas. "Estamos no limite, com 25
esportes oficiais e cinco ou seis
modalidades extras. Temos que
ter o cuidado de só aceitar esportes que são praticadas em
todo o Estado para não inchar
os Jogos", diz o coordenador.
A novidade deste ano, porém,
de estabelecer uma primeira e
segunda divisão, se estimulou
cidades menores a participar,
também gerou o aumento do
número de inscritos, causando
mais preocupação à secretaria.
"Acredito que o número máximo seja até 12 mil atletas. Não
podemos passar muito disso."
O problema é que, neste ano,
esse número já foi bastante extrapolado. "Temos 17.028 atletas e dirigentes de 233 cidades",
contabiliza Pedro Mello, secretário de Esportes de Piracicaba.
É muita gente, considerando
que a maioria deste contingente é de atletas. Em Olimpíadas,
o COI estabelece um teto de 10
mil competidores. Nos Jogos
Abertos, não há regra definida,
e o inchaço é assustador. Em
2001, por exemplo, São José do
Rio Preto recebeu 8.073 atletas.
Mesmo assim, para Mello, a
tendência é esse número crescer ainda mais, o que contraria
a visão defendida pelo Estado.
"Acredito que a vocação dos
Jogos Abertos é a de igualar seu
programa ao olímpico, sem
abandonar nossas modalidades
tradicionais, como bocha, malha e xadrez", diz o secretário.
Para ele, só assim o Estado
irá difundir modalidades pouco
praticadas. "É a maneira de incentivar as cidades a desenvolverem a esgrima, por exemplo.
São Bernardo tentou fazer isso
[em 2006], mas não deu certo."
O problema é que o crescimento dos Jogos faz com que
poucas cidades tenham condições de ser sede. Neste ano, o
evento está orçado em R$ 8,4
milhões, sendo R$ 6,4 milhões
de investimentos da prefeitura.
"Para 2009, está definido que
os Jogos serão em Santos. Mas
ainda não apareceu candidato
para o ano seguinte", diz Mello.
Encarecido, o evento vê suas
sedes se repetirem. É o caso de
Santos, que abrigou os Jogos
em 2000 e 2003. "Uma solução
seria compartilhar a sede [em
duas cidades]", aponta Mello.
Oficialmente, tal iniciativa
nunca ocorreu. Mas passos iniciais nesse sentido já aconteceram. Em 2005, Botucatu, sede
oficial, cedeu várias modalidades à vizinha São Manuel.
E, mesmo uma cidade grande
como São Bernardo do Campo
(cerca de 800 mil habitantes, a
quarta maior do Estado), não
ofereceu condições para sediar
as provas de atletismo, direcionadas para São Paulo em 2006.
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