São Paulo, terça-feira, 10 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

fúria

Palmeiras perde a compostura

Após Muricy Ramalho atacar a imprensa, Belluzzo fala em bater no juiz, que é afastado do Brasileiro

Dirigente será denunciado e poderá pegar até 180 dias de suspensão em razão das ofensas contra Simon, a quem chamou de "safado"

André Vicente/Folha Imagem
O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, que disse que vai consultar advogados para processar o árbitro Carlos Eugênio Simon, durante treino da equipe

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Ganhar apenas cinco pontos dos últimos 21 disputados causou estragos no Palmeiras, que perdeu a liderança do Campeonato Brasileiro e a cabeça.
Primeiro, o técnico Muricy Ramalho atacou a imprensa, que, como reflexo, acabou sendo bastante hostilizada pela torcida na última exibição do time em casa, contra o Goiás.
Ontem, o presidente do clube, Luiz Gonzaga Belluzzo, lavou as mãos e deixou a cargo do torcedor mais exaltado decidir o que fazer se der de cara com o árbitro Carlos Eugênio Simon.
Após ter dito em entrevista ao diário "Lance" que a única coisa a ser feita em relação ao juiz era "encher o cara de porrada", o dirigente manteve sua posição em entrevista coletiva concedida à tarde, no CT.
"Disse isso num momento de muita irritação. Não sou bonzinho nem santo. Sou tão humano quanto qualquer um. Eu tive, mesmo, vontade [de bater no juiz]", disse o cartola.
Belluzzo goza de muito prestígio junto à torcida, que ele estima em 15 milhões de pessoas.
Questionado se tal comportamento não incitaria parte dela a agir de forma violenta contra Simon, o presidente eximiu-se de responsabilidade.
"Espero que o torcedor decida de acordo com sua consciência e com as circunstâncias", afirmou o mandatário.
O juiz virou o alvo da ira palmeirense após ter anulado um gol legítimo marcado por Obina quando o jogo diante do Fluminense ainda estava empatado. A derrota (1 a 0) impossibilitou os paulistas de reassumirem a liderança do Brasileiro, que hoje pertence ao São Paulo.
Logo após o duelo, o gerente de futebol, Toninho Cecílio, veio a público atacar o árbitro e pedir providências para o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Corrêa.
O protesto deu certo. Simon foi afastado ontem pela comissão até o final do campeonato.
Em comunicado curto, a CBF justificou a decisão "em virtude da repetição de erros cometidos durante a competição".
O árbitro já se envolvera em polêmica recente, na 31ª rodada, quando deixou santistas e são-paulinos nervosos no clássico disputado na Vila Belmiro.
Por outro lado, Belluzzo será denunciado pela Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e poderá ser punido por até 180 dias em função das ofensas ao árbitro.
Na entrevista para o "Lance", o cartola chamou Simon de "vigarista, safado e crápula".
O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, disse que enviará até o final da semana a denúncia contra o dirigente.
O mandatário deverá ser enquadrado no artigo 188 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que trata, entre outras coisas, das "manifestações desrespeitosas" contra os árbitros ou auxiliares.
"É um absurdo um presidente de um clube dizer isso por mais revoltado que esteja. Cada um fala o que quer, mas tem que responder pelo seu excesso", afirmou Schmitt.
De acordo com o procurador, Belluzzo se mostrou "muito pouco equilibrado" ao dar as declarações após o revés da equipe no Rio. O caso deverá ser julgado no final do mês na primeira instância do tribunal.
Antes mesmo de saber da intenção da procuradoria, o presidente palmeirense mostrava-se conformado com uma possível punição. Preferiu continuar batendo forte na arbitragem.
"Vou consultar amigos advogados para saber que medidas são necessárias para processar o Simon por perdas e danos morais e financeiros em nome do Palmeiras", falou o cartola.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.