São Paulo, terça-feira, 10 de novembro de 2009

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Juízes no banco dos réus


É o juiz quem diz o que é certo ou errado. Se ele erra, o que é certo passa a ser errado e o errado, acerto


A IMAGEM dos juízes brasileiros é péssima. E justa. Os nossos judiciários, tanto o dos tribunais quanto o dos campos, são muito ruins.
Ambos são lentos, cometem equívocos gigantescos e são suspeitos de corrupção. Sim, corrupção. Lembram de Lalau e Edílson?
O primeiro participou do desvio de R$ 169,5 milhões na obra do Tribunal Regional do Trabalho.
O segundo vendeu resultados (por reles R$ 15 mil cada um) e estragou o Campeonato Brasileiro de 2005. E os dois estão em casa, felizes da vida.
Juiz não vai para cadeia.
Quer roube milhões de pessoas, como Edílson Pereira de Carvalho, quer roube milhões de reais, como Nicolau dos Santos Neto.
Não, os juízes quase nunca são punidos. Márcio Rezende de Freitas, que errou absurdamente na final entre Santos e Botafogo de 95, foi escalado para a decisão do Brasileiro do ano seguinte.
E ainda recebeu como prêmio pré-aposentadoria apitar aquele fatídico jogo entre Corinthians e Internacional, no qual, em vez de expulsar Fábio Costa e marcar pênalti, deu cartão vermelho para Tinga.
Já Armando Marques cometeu o erro mais burro da história, nas cobranças de pênaltis entre Santos e Portuguesa na final do Paulista de 73 e, anos depois, era o supremo mandatário da categoria.
Os juízes, vistam toga ou calção, são a personificação da justiça.
São eles que julgam o que é certo e errado. Assim, se eles erram, o certo passa a ser errado e o errado, certo.
E isso é bem mais que um jogo de palavras.
É claro que escrevo isso pensando no erro de Carlos Eugênio Simon.
Ele já fez partidas perfeitas e é o provável árbitro brasileiro para a Copa. Mas vem falhando muito.
Houve o célebre erro contra o Fortaleza, quando viu um pênalti inexistente, e nos últimos dias deu apenas três minutos de acréscimo no jogo entre Santos e São Paulo, sendo que apenas a expulsão de Rogério Ceni (que achei correta) levou mais de cinco minutos. Ontem, contra o Palmeiras, houve o gol anulado e um pênalti não dado em Danilo.
Porém, ele não foi o único a cometer erros graves. O trio formado por Wilton Pereira Sampaio, César Augusto de Oliveira Vaz e Eremílson Xavier Macedo deixou de dar um pênalti para o Coritiba e validou um gol em impedimento do Botafogo.
É claro que os erros são comuns.
Mas andam comuns demais. Já é uma tradição vermos falhas cometidas a favor dos times da casa (como no caso de Fluminense e Botafogo neste domingo) e contra os times pequenos contra os grandes.
A solução, não total, mas ao menos parcial, me parece ser o uso da tecnologia na arbitragem.
É uma burrice não usar câmeras de tevê para auxiliar os juízes.
E por vários motivos: porque ajuda no cumprimento da justiça, porque poupa a mãe dos árbitros honestos e, principalmente, porque evita conversas chatas.
Hoje, por exemplo, enquanto tomava meu pingado no Bar da Preta, só ouvi conversas sobre o erro de Simon. Ninguém falava no gol olímpico de Pet, nos dribles de Neymar, no balaço de Ronaldo.
E é triste quando se fala de erros em vez de acertos.

torero@uol.com.br


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