São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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Bilheteria do clube cobre 4,5% de arena

CORINTHIANS
Diretoria admite não saber quem paga custo do estádio, igual à venda de ingressos em 22 anos


MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS

DE SÃO PAULO Há uma conta em aberto de estimados R$ 600 milhões para fazer o estádio do Corinthians para a abertura da Copa-2014. Foi o que deixou claro a diretoria do clube ontem, ao confirmar que ainda não tem fonte financeira acertada para quitar a construção de sua arena.
Esse custo é igual a 22 vezes a bilheteria anual corintiana, tomando 2009 como referência. Representa mais que o triplo do total da renda anual do clube. E é um valor similar ao quádruplo do total de débitos alvinegros.
Com projeto indicado pelo COL (Comitê Organizador Local) ontem para receber a abertura, a diretoria do Corinthians tem, por enquanto, um pré-contrato com a Odebrecht para fazer um estádio para 48 mil lugares. Pelo acordo, a empreiteira levanta o dinheiro com empréstimo no BNDES e constrói a arena.
O clube então paga a empreiteira em um prazo de dez a 15 anos, com três anos de carência -período necessário para a construção.
Só que nem o valor desse plano inicial é um consenso. Arquitetos da arena falam em R$ 400 milhões. O Corinthians só admite custear pouco mais de R$ 300 milhões.
"Nós vamos bancar o custo do estádio que vamos viabilizar que é o estádio de R$ 300, R$ 335 milhões", afirmou o vice de marketing corintiano, Luis Paulo Rosemberg. "Como vamos pagar o estádio? Os estudos mostram que a gente paga com um valor menor do que o do acréscimo de receita por jogar lá, e não mais no Pacaembu."
A venda de direitos sobre o nome é a principal aposta do clube para pagar a conta. Mas, para isso, será necessário obter valor superior ao de estádios norte-americanos, os mais rentáveis do mundo.
O maior enigma nas contas, porém, está na ampliação do estádio para 65 mil lugares, capacidade necessária para receber a abertura.
Sem ela, a arena pode ser excluída do Mundial e perde o financiamento do BNDES. O custo final deve aumentar em R$ 200 milhões.
"Existe a apropriação de um ganho de quanto vale ser abertura. É na casa de bilhões", exaltou Rosemberg, para em seguida ser evasivo sobre quem paga a conta da ampliação. "E vamos juntos construir solução financeira justa e tolerável por todos."
A diretoria corintiana descarta ser responsável por esse acréscimo à construção.
E também garante que nenhumas das fontes de renda atual do clube será utilizada para pagar o estádio.
"Uma coisa não interfere na outra. O ativo estádio é uma coisa, o dia a dia do clube é outra", justificou o diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa da Silva.
Das fontes de renda que existem hoje, a bilheteria será a única usada para bancar a nova arena -as demais só existirão quando o estádio estiver funcionando.
A maior renda de 2010, diante do Flamengo pela Libertadores, foi de R$ 2,9 milhões. Serão necessários 203 jogos assim para quitar a arena. É um dado concreto para um clube que, até agora, não tem nem contrato definitivo para financiar a obra.


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