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Bilheteria do clube cobre 4,5% de arena
CORINTHIANS
Diretoria admite não saber quem paga custo do estádio, igual à venda de ingressos em 22 anos
MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO
Há uma conta em aberto
de estimados R$ 600 milhões
para fazer o estádio do Corinthians para a abertura da Copa-2014. Foi o que deixou
claro a diretoria do clube ontem, ao confirmar que ainda
não tem fonte financeira
acertada para quitar a construção de sua arena.
Esse custo é igual a 22 vezes a bilheteria anual corintiana, tomando 2009 como
referência. Representa mais
que o triplo do total da renda
anual do clube. E é um valor
similar ao quádruplo do total
de débitos alvinegros.
Com projeto indicado pelo
COL (Comitê Organizador Local) ontem para receber a
abertura, a diretoria do Corinthians tem, por enquanto,
um pré-contrato com a Odebrecht para fazer um estádio
para 48 mil lugares. Pelo
acordo, a empreiteira levanta
o dinheiro com empréstimo
no BNDES e constrói a arena.
O clube então paga a empreiteira em um prazo de dez
a 15 anos, com três anos de
carência -período necessário para a construção.
Só que nem o valor desse
plano inicial é um consenso.
Arquitetos da arena falam
em R$ 400 milhões. O Corinthians só admite custear pouco mais de R$ 300 milhões.
"Nós vamos bancar o custo do estádio que vamos viabilizar que é o estádio de R$
300, R$ 335 milhões", afirmou o vice de marketing corintiano, Luis Paulo Rosemberg. "Como vamos pagar o
estádio? Os estudos mostram
que a gente paga com um valor menor do que o do acréscimo de receita por jogar lá, e
não mais no Pacaembu."
A venda de direitos sobre o
nome é a principal aposta do
clube para pagar a conta.
Mas, para isso, será necessário obter valor superior ao de
estádios norte-americanos,
os mais rentáveis do mundo.
O maior enigma nas contas, porém, está na ampliação do estádio para 65 mil lugares, capacidade necessária
para receber a abertura.
Sem ela, a arena pode ser
excluída do Mundial e perde
o financiamento do BNDES.
O custo final deve aumentar
em R$ 200 milhões.
"Existe a apropriação de
um ganho de quanto vale ser
abertura. É na casa de bilhões", exaltou Rosemberg,
para em seguida ser evasivo
sobre quem paga a conta da
ampliação. "E vamos juntos
construir solução financeira
justa e tolerável por todos."
A diretoria corintiana descarta ser responsável por esse acréscimo à construção.
E também garante que nenhumas das fontes de renda
atual do clube será utilizada
para pagar o estádio.
"Uma coisa não interfere
na outra. O ativo estádio é
uma coisa, o dia a dia do clube é outra", justificou o diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa da Silva.
Das fontes de renda que
existem hoje, a bilheteria será a única usada para bancar
a nova arena -as demais só
existirão quando o estádio
estiver funcionando.
A maior renda de 2010,
diante do Flamengo pela Libertadores, foi de R$ 2,9 milhões. Serão necessários 203
jogos assim para quitar a arena. É um dado concreto para
um clube que, até agora, não
tem nem contrato definitivo
para financiar a obra.
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