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Marcio costa/"Correio da Bahia'
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Jogadores do Bahia, que decidem o futuro da equipe na elite do Brasileiro em partida contra o Cruzeiro, domingo, na Fonte Nova |
Com Bahia e Fortaleza ameaçados, região pode ter uma só equipe na elite em 2004, um recorde negativo
Novo Brasileiro deixa Nordeste na penúria
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
No próximo domingo, o futebol
nordestino corre sério risco de sofrer mais um golpe em uma temporada tenebrosa para ele.
Bahia e Fortaleza, na rodada
derradeira do Brasileiro-03, estão
entre os times mais ameaçados de
rebaixamento. O time de Salvador, entre as seis equipes que correm risco, é a única que não depende de si para escapar. Já os
cearenses são os únicos que irão
decidir fora de casa -contra a
Ponte Preta, em Campinas.
Se os dois fracassarem na primeira oportunidade em que o
Brasileiro é disputado em dois
turnos e pontos corridos, a região
que mais gente leva aos estádios
nos Nacionais terá apenas um representante (o Vitória) na elite
em 2004. Nunca antes o Nordeste
teve menos de dois representantes na primeira divisão.
Mas o desastre nordestino não
está restrito ao campeonato mais
importante do país. Na Série B,
nenhum dos seis times da região
conseguiu o acesso.
E na terceira divisão, em que
cerca de um quarto dos inscritos
eram nordestinos, os paraibanos
Botafogo e Campinense estiveram no quadrangular decisivo,
mas acabaram superados pelos
paulistas Ituano e Santo André.
Preconceito
Para Jorge Alberto Carvalho
Mota, presidente do Fortaleza, a
falta de bons resultados de seu
clube e do futebol nordestino
acontece pelos mesmos motivos
que levam a região a ser a menos
desenvolvida do país.
"A situação dos clubes do Nordeste é resultado da nossa falta de
capacidade para reagir diante de
uma série de fatores. O principal
deles é a discriminação. No Brasil,
em todas as áreas o Nordeste é
discriminado, o nordestino é o
comedor de farinha, o cabeça-chata", diz o cartola, apontando
os efeitos dessa "discriminação".
"Temos cotas menores na divisão do dinheiro da TV, mesmo
com grandes torcidas, e as falhas
de arbitragem são sempre contra
os nossos times. Os patrocinadores também pagam menos para
os clubes nordestinos. Nós só temos a nossa torcida para confiar.
Como nem os grandes conseguem sobreviver de bilheteria, só
as boas arrecadações não resolvem", reclama Mota.
Marcelo Guimarães, presidente
do também ameaçado Bahia, tem
queixas bastante parecidas.
"Há discriminação por parte da
arbitragem. Pedi várias vezes, por
meio da federação, para que colocassem juízes da Fifa nos nossos
últimos jogos, mas isso não aconteceu e fomos prejudicados. Foi
assim o campeonato inteiro, mas
reconheço que começamos mal a
competição", analisa o dirigente,
que prevê um futuro sombrio para o futebol da sua região.
"Do jeito que as coisas estão, em
pouco tempo não teremos nenhum clube do Nordeste na primeira divisão", diz Guimarães.
Para mudar a situação atual,
muitos clubes nordestinos pedem
a volta do Campeonato do Nordeste, que foi enterrado para a
disputa do Brasileiro de pontos
corridos. "A nossa saída é voltar a
disputar a Liga do Nordeste, que é
rentável. Mesmo com um bom
público, o Bahia vai ter um prejuízo de R$ 2 milhões no Brasileiro",
constata o presidente do Bahia.
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