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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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Marcio costa/"Correio da Bahia'
Jogadores do Bahia, que decidem o futuro da equipe na elite do Brasileiro em partida contra o Cruzeiro, domingo, na Fonte Nova


Com Bahia e Fortaleza ameaçados, região pode ter uma só equipe na elite em 2004, um recorde negativo

Novo Brasileiro deixa Nordeste na penúria

PAULO COBOS
RICARDO PERRONE

DA REPORTAGEM LOCAL

No próximo domingo, o futebol nordestino corre sério risco de sofrer mais um golpe em uma temporada tenebrosa para ele.
Bahia e Fortaleza, na rodada derradeira do Brasileiro-03, estão entre os times mais ameaçados de rebaixamento. O time de Salvador, entre as seis equipes que correm risco, é a única que não depende de si para escapar. Já os cearenses são os únicos que irão decidir fora de casa -contra a Ponte Preta, em Campinas.
Se os dois fracassarem na primeira oportunidade em que o Brasileiro é disputado em dois turnos e pontos corridos, a região que mais gente leva aos estádios nos Nacionais terá apenas um representante (o Vitória) na elite em 2004. Nunca antes o Nordeste teve menos de dois representantes na primeira divisão.
Mas o desastre nordestino não está restrito ao campeonato mais importante do país. Na Série B, nenhum dos seis times da região conseguiu o acesso.
E na terceira divisão, em que cerca de um quarto dos inscritos eram nordestinos, os paraibanos Botafogo e Campinense estiveram no quadrangular decisivo, mas acabaram superados pelos paulistas Ituano e Santo André.

Preconceito
Para Jorge Alberto Carvalho Mota, presidente do Fortaleza, a falta de bons resultados de seu clube e do futebol nordestino acontece pelos mesmos motivos que levam a região a ser a menos desenvolvida do país.
"A situação dos clubes do Nordeste é resultado da nossa falta de capacidade para reagir diante de uma série de fatores. O principal deles é a discriminação. No Brasil, em todas as áreas o Nordeste é discriminado, o nordestino é o comedor de farinha, o cabeça-chata", diz o cartola, apontando os efeitos dessa "discriminação".
"Temos cotas menores na divisão do dinheiro da TV, mesmo com grandes torcidas, e as falhas de arbitragem são sempre contra os nossos times. Os patrocinadores também pagam menos para os clubes nordestinos. Nós só temos a nossa torcida para confiar. Como nem os grandes conseguem sobreviver de bilheteria, só as boas arrecadações não resolvem", reclama Mota.
Marcelo Guimarães, presidente do também ameaçado Bahia, tem queixas bastante parecidas.
"Há discriminação por parte da arbitragem. Pedi várias vezes, por meio da federação, para que colocassem juízes da Fifa nos nossos últimos jogos, mas isso não aconteceu e fomos prejudicados. Foi assim o campeonato inteiro, mas reconheço que começamos mal a competição", analisa o dirigente, que prevê um futuro sombrio para o futebol da sua região.
"Do jeito que as coisas estão, em pouco tempo não teremos nenhum clube do Nordeste na primeira divisão", diz Guimarães.
Para mudar a situação atual, muitos clubes nordestinos pedem a volta do Campeonato do Nordeste, que foi enterrado para a disputa do Brasileiro de pontos corridos. "A nossa saída é voltar a disputar a Liga do Nordeste, que é rentável. Mesmo com um bom público, o Bahia vai ter um prejuízo de R$ 2 milhões no Brasileiro", constata o presidente do Bahia.


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