São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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Tratado como veterano pela primeira vez, brasileiro abre temporada de branco, pressionado pela defesa de pontos e de olho em jovens favoritos

Tudo contra o novo Guga

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Kuerten inicia nesta semana, no Torneio de Auckland (Nova Zelândia), sua temporada de 2004 de maneira bem peculiar.
O brasileiro, que terminou o ano passado como 16º no ranking, viu representantes da nova geração dominarem o circuito de uma forma incontestável.
Aos 27 anos, não é mais visto como um talento em ascensão, o homem a ser batido ou o tenista que, recuperado de lesão, busca retomar seu lugar no ranking.
Agora, já um veterano no circuito, a própria ATP classifica o ex-número um do mundo como "jogador com potencial para obter um bom resultado", mas o relaciona ao lado de nomes como o britânico Tim Henman, o francês Sebastien Grosjean e o australiano Mark Philippoussis.
Os três frequentam a lista dos top ten, mas não são estrelas de primeira grandeza -nunca chegaram ao topo do ranking nem foram campeões de Grand Slams.
Outro fato inédito, Guga inicia a temporada já sob pressão no ranking. Em 2003, ele fez o melhor começo do ano de sua carreira.
Como conquistou o título do Torneio de Auckland, defende agora 175 de seus 1.470 pontos.
No nível em que se encontra, se for mal nesta semana, Kuerten pode sair do grupo dos top 20.
Na sequência, ele disputa o Aberto da Austrália, o Grand Slam em que apresenta seus piores resultados -nunca conseguiu passar da segunda rodada.
O primeiro semestre ainda concentra os principais eventos no saibro da temporada. Apesar de ser sua superfície preferida, o brasileiro enfrenta um jejum inédito na terra batida. Seu último título no piso foi em julho de 2001, no Torneio de Stuttgart (Alemanha).
O fraco retrospecto no saibro fez o técnico Larri Passos gastar três das cinco semanas da pré-temporada em Camboriú (Santa Catarina) treinando seu pupilo na superfície, apesar de Guga jogar seus dois primeiros torneios do ano em quadra dura.
A temporada de 2004 reserva ainda outra particularidade para o tenista. Em agosto, acontece os Jogos Olímpicos de Atenas.
Guga diz que ainda é cedo para falar da preparação para a Olimpíada, mas, com o status de grande estrela da delegação brasileira, com certeza será pressionado para trazer uma medalha da Grécia.
Em Sydney-2000, Kuerten caiu nas quartas-de-final diante do russo Ievguêni Kafelnikov, que, depois, conquistou o ouro.
Para enfrentar essa temporada peculiar, o brasileiro pelo menos chega animado com os últimos resultados no fim de 2003.
No segundo semestre, ele perdeu para os adversários com ranking mais baixo desde o primeiro título de Roland Garros. Caiu na estréia do Aberto dos EUA, foi rebaixado, com o Brasil, para a segunda divisão da Davis ao perder para o Canadá e acumulou uma série de três derrotas na primeira rodada de Masters Series.
Em outubro, porém, Guga conseguiu se recuperar. Conquistou pela primeira vez um título no carpete, em São Petersburgo.
E encerrou a temporada, em que não conseguiu o objetivo de voltar ao top ten, alcançando a terceira rodada no Masters Series de Paris. Seu algoz foi o britânico Tim Henman, que obteve o título do torneio na França.
"O principal em todo o início de temporada é me manter motivado. E posso te dizer que, hoje, estou bastante motivado", diz Guga, que, pela primeira vez, inicia uma temporada sem o patrocínio de material esportivo definido.


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