São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Em Jarinu, Leão castiga atletas com palavras para colocar o time em forma

L. C. Leite/Folha Imagem
Técnico chuta bolas durante treino do Corinthians em que criticou erros de finalização


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A JARINU

O sol arde em Jarinu. O treino já dura mais de duas horas na estância que hospeda o Corinthians em sua pré-temporada. Emerson Leão, com as mãos para trás e o apito na boca, ordena que seus comandados façam duas filas.
Bolas alinhadas. A cada cruzamento do técnico, uma bronca por arremate errado ou falha de posicionamento.
Leão quer um ataque melhor em 2007, sem a ineficiência que marcou o setor em 2006. Assim, não admite falhas nem nos treinos. As palavras de "incentivo" não são elogiosas. E ai de quem questionar ordens do "sargento".
Paulo Almeida chuta longe. Leão manda repetir. O volante faz cara feia, repete, e marca. "Quem estava certo? Eu ou você?", questiona o técnico com ar vitorioso.
Mas Leão deixa claro que gol fácil não vale. É a vez de o goleiro Marcelo, titular da posição, ouvir. Especialista na posição, Leão faz gesto cômico para imitar seu atleta, que quase levou um frango. "Não dá para ficar com a mãozinha assim [põe as duas mãos para baixo] e levantar os pezinhos para rebater", reclama.
E lá vem Rosinei, talvez o maior "pé torto" do time no ano passado. Longe do gol. Leão faz cara feia. E duas tentativas mais tarde são suficientes para o grito. "Tá uma merda danada."
Jogadores alinhados, e Leão pede que invertam os lados. Alguém retruca. Não deveria. "Quando vocês forem treinadores, farão o treino de vocês. Enquanto isso, fazem do meu jeito", responde.
E recomeça a atividade. "Cris [como ele se refere ao atacante Christian], você está muito longe do rebote." Mas com Bruno Octávio não tem afago. Um arremate sem direção. "Parece uma bailarina, c....", berra Leão.
O goleiro Weverson, recém-chegado do time B, está conhecendo o estilo Leão. "Olha a perna, garoto. Tá caçando Tatu?", reclama.
Sobrou até para o certinho Marcelo Mattos. "Chega na bola, pô. A namorada você vai buscar em casa, não é?"
Nilmar, que recupera a forma física aos poucos, também não foi poupado ao chutar fraco uma bola. "O gol aberto, e você fica fazendo frescura?"
O repertório de Leão termina com um de seus comandados pagando castigo com polichinelos. Ao final da sessão de mais de três horas, Leão foi questionado pela Folha: "Você os trata pior do que trata os jornalistas, hein?".
"Eu trabalho com eles, assim como trabalho com vocês", afirmou. "Mas eles gostam. Tem que ser animado. Elogio quando tem que elogiar e dou dura quando tem de dar dura. O treino não pode ser morto."


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