São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

A missão de Muricy

NINGUÉM se anima com o Palmeiras de 2010, e há dois motivos para isso. O primeiro é o final do ano passado. Se o time era bom, por que perdeu o Brasileirão da maneira como perdeu, sem direito até mesmo à vaga na Libertadores? A outra parte do desânimo tem a ver com os reforços. Ou melhor: que reforços?
Chegaram o zagueiro Léo e o volante Márcio Araújo. É pouco. Mas o que o Palmeiras tem à disposição não é tão pouco quanto parece. Se fosse, o time de Muricy Ramalho não teria passado 19 rodadas na liderança do Brasileirão.
O problema maior é que o Palmeiras se prepara para a estreia no Paulistão, no sábado, colecionando velhos problemas do passado. Um deles, a desconfiança dos jogadores com que deseja contar. Vagner Love não vai enquanto Belluzzo -com razão- disser que só vende se o clube tiver contrapartida. Mas Val Baiano dá de ombros para a proposta verde, como se ouvisse a sondagem de time da quarta divisão do Cazaquistão.
A sina palmeirense tem sido esta. Ouvir de jogadores como Makelele que pretende usar o Palmeiras como ponte para o futebol europeu ou de Val Baiano que tem propostas de clubes do exterior. Só há um antídoto para o desprestígio: títulos.
Quando Muricy Ramalho foi contratado, em junho, e quando conseguiu o empréstimo de Vagner Love, em agosto, o Palmeiras deu a demonstração de ambição que precisava para começar a vencer esse seu problema recorrente. Por que não venceu?
A explicação que segue sendo a mais plausível é ter havido uma ruptura muito grande entre o estilo da equipe montada por Luxemburgo, de toque de bola e velocidade, com o adotado por Muricy, de marcação e bolas longas. Muricy discorda disso. "Eu não mudei o jeito da equipe jogar", disse no final de 2009.
Verdade, não mudou o desenho. Mas os métodos de trabalho são diferentes. A começar pelo fato de que seus times treinam, enquanto as boas e más línguas do Parque Antarctica seguem dizendo que Luxemburgo não dava treinos táticos e com frequência cancelava os treinos da manhã. Em 2010, Muricy vai treinar e montar seu próprio time. Eis sua chance de fazer o Palmeiras voltar a vencer.



VANTAGEM VERDE
A vantagem do Palmeiras hoje é a mesma do Corinthians em 2009. Em abril, quando das semifinais do Estadual, São Paulo e Corinthians jogarão a reta final da primeira fase da Libertadores. E as oitavas do torneio continental. Chegar às semifinais é o passo decisivo para Muricy ganhar o Paulistão.

REFORMULAÇÃO
Como o Palmeiras está o Santos, de Dorival Jr. Mas o time santista mudou tudo, até o técnico e o presidente. A reformulação pode indicar vantagem menor quando as semifinais chegarem, em abril. Mas, até lá, Dorival Jr. pode dar cara ao time, como Vagner Mancini conseguiu em 2009 e chegou à decisão.

VANTAGEM TRICOLOR
No Rio de Janeiro, o Estadual também começará no sábado, com o Fluminense em vantagem, pois o clube não terá momentos decisivos da Libertadores da América simultâneos às finais estaduais, como o Flamengo. E também não precisará reformar o time inteiro, como farão Vasco e Botafogo, durante a Taça Guanabara. Cuca continua convivendo com a fama de técnico que vence pouco. Mas tem a oportunidade de se sagrar bicampeão estadual.


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