São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

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BOXE

Mulher de ouro

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é exagero!
Se não fosse por ela, provavelmente o filme "Menina de Ouro", que estréia hoje, não estaria concorrendo a Oscars. Provavelmente nem teria sido produzido.
Aliás, se não fosse por ela, muito certamente o pugilismo feminino não teria atingido a popularidade da qual desfruta atualmente.
Ela desapareceu depois de perder para Laila Ali em 2003, mas ninguém pode negar (embora esqueçam) que foi ela a mulher que pôs o boxe feminino no mapa.
De quem estou falando?
Da norte-americana Christy Martin, que costumava roubar a cena ao participar das preliminares de Mike Tyson, lembram?
Sua primeira luta em "pay-per-view", sob Tyson x Frank Bruno 2, já atraiu a atenção de todos. Foi contra a irlandesa Deirdre Gogarty, que subiu ao ringue do MGM Grand para lutar mesmo.
Christy, uma ex-professora, venceu um combate encardido disputado em seis assaltos.
Ela diz que o fato de seu nariz ter sangrado naquele combate foi um dos melhores truques promocionais de todos os tempos.
E foi acumulando vitórias sobre as mais diferentes adversárias, mesmo que saísse do ringue com uniforme todo sujo de sangue.
Pense bem. Christy pegou Melinda Robinson na preliminar de "Iron" Mike x Bruce Seldon.
O que foi mais legal? Assistir a um apavorado Seldon se jogar na lona depois de um golpe relar em seu cabelo ou a Christy nocautear Melinda em quatro assaltos?
Não posso dizer que sou o maior admirador do boxe feminino, mas nesse caso, mesmo não lembrando todos os detalhes de ambas as lutas, digo com certeza que a das mulheres foi melhor.
Até o meio como Christy ganhou a chance de aparecer em programações de Don "Only in America" King foi bem distinta.
Foi quando seu técnico, manager e marido, Jim Martin, convenceu King a vê-la fazer "sombra" (movimentação contra oponente imaginário) em seu escritório.
Pronto! Foi o bastante para King adicioná-la a seu grupo. A "Sports Illustated", conhecida por sua implicância com o boxe, chegou a colocá-la em sua capa, e o CMB deu um título de campeã a ela (apesar de o valor de tal título ser questionável, afinal até mesmo Sylvester Stallone tem um cinturão de campeão honorário).
E quando todos pensavam que haviam visto Christy pela última vez (após a derrota para Ali)...
Christy negou de forma veemente tal idéia em entrevista à publicação especializada "Boxing Digest" (edição de fevereiro).
"Estou treinando e logo voltarei ao ginásio. Não me aposentei. Não sei de onde saiu o rumor, mas, antes da luta com Laila, havia dito que não importaria se vencesse, empatasse ou perdesse, seguiria lutando", reclamou ela.
Aí afirmou que pretende percorrer "roteiro da vingança". Pede revanches com Laila Ali e Mia St. John, pugilista que foi capa da "Playboy" norte-americana.
Ironicamente um de seus alvos está em "Menina de Ouro", trata-se da ex-campeã Lucia Rijker.
E Rijker deve a ela. Afinal, sem Christy, dificilmente teria havido um "Menina de Ouro".

Amador
Depois de Waldemar Zumbano, agora é a vez de Servílio de Oliveira, medalhista no México-68, ser homenageado ao dar nome à sala de pugilismo da Companhia Athletica de São José dos Campos.

Feminino
A ESPN exibe na madrugada de sábado, às 2h30, em teipe delay, o combate de boxe feminino entre Laila Ali e Cassandra Geiger.

Masculino
O campeão unificado dos médios (até 72,5 kg), o norte-americano Bernard Hopkins, é favorito na proporção de 6 por 1 para manter seus cinco títulos (""The Ring", CMB, AMB, FIB e OMB) contra Howard Eastman. A luta com o britânico será em 19 de fevereiro.


E-mail: eohata@folhasp.com.br

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