Ainda em fase de adaptação no São Paulo, ex-corintiano diz que merecia gol para aplacar agruras na atribulada carreira

Jogador tenta superar problema de saúde e afirma que ainda não tem condição de reivindicar a posição de titular no time de Muricy

Almeida Rocha/Folha Imagem

O meia Carlos Alberto, herói da vitória do São Paulo, corre próximo ao técnico Leão, do Santos, seu desafeto, após marcar na partida de ontem, no Morumbi

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele chegou sob a desconfiança da torcida do São Paulo, pela sua identificação com a camisa do arqui-rival Corinthians e pela fama de indisciplinado. Mas ontem Carlos Alberto, que só entrou aos 38min do segundo tempo, livrou o clube de registrar o quinto empate após oito jogos disputados no Paulista.
O triunfo sobre o Santos recolocou a equipe do Morumbi no pelotão dos quatro times que passarão às semifinais do torneio estadual.
"Eu mereci [ter feito o gol]. Passei muito tempo de sofrimento. Estou contente e feliz por ter subido mais um degrauzinho na minha recuperação", comemorou o meia, revelado pelo Fluminense.
Nos minutos finais do clássico, o jogador carregou a bola pelo meio e bateu contra a meta do goleiro Fábio Costa. A bola ainda desviou no zagueiro Domingos antes de morrer no fundos das redes dos santistas, que pressionavam em busca do gol.
"Ouvi alguém falando "chuta, chuta". Tive tranqüilidade, levei para a perna boa e acabei arriscando", relembrou o camisa 19 do São Paulo, ainda em fase de readaptação ao futebol brasileiro após período na Europa.
Emprestado ao time paulistano pelo Werder Bremen (ALE), Carlos Alberto vem sofrendo para chegar ao físico ideal por um problema de hipertireoidismo. E, por conta dessa deficiência, o atleta ainda não se sente à vontade para reivindicar um lugar no time titular de Muricy Ramalho.
"Não estou em situação de exigir nada. Não sou burro e sei das minhas condições [físicas]", explicou o jogador.
"Quebrei mais uma barreira até voltar ao meu [ físico] ideal. Espero que eu possa entrar mais vezes e cada vez melhor para ajudar", complementou Carlos Alberto, que dedicou o gol à mulher, Carolina, com quem pretende ter quatro filhos -mais uma faceta da imagem familiar que decidiu construir no seu retorno ao Brasil.
Em sua fase mais rebelde, o meia teve problemas com o técnico Emerson Leão quando ainda defendia o time do Parque São Jorge.
Assuntos relativos ao passado, porém, não fazem mais parte de seu repertório. Como em entrevistas anteriores, ele não quer falar das encrencas pelas quais passou e pensar somente na recuperação do seu futebol. E negou que o gol da vitória tenha sido mais importante por ser contra um desafeto.
"Tem gosto especial porque foi no Santos, que sempre faz clássicos importantes. As coisas negativas eu deixo de lado porque estou com outros pensamentos na vida pessoal e profissional", disse o atleta.
(JULYANA TRAVAGLIA E TONI ASSIS)

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