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JUCA KFOURI
Clássicos da bola e da literatura
Do San-São no Morumbi às desventuras de Romário/ Macunaíma. E a desgraça dos bingos, elementar, caro...
O CLÁSSICO superou todas as
expectativas. Se, em 2002, o
São Paulo foi a primeira
grande vítima dos meninos do Santos, ontem, quase a história se repete, sem a mesma dramaticidade.
Porque a impressão inicial que o
São Paulo deu de até golear a equipe
santista ficou pelo caminho no fim
do jogo, quando Kléber Pereira,
duas vezes, desperdiçou os gols que
dariam uma vitória injusta, mas trabalhada pelo time de Leão.
Sim, o tricolor foi muito melhor
no primeiro tempo, mas tomou o
primeiro gol e não soube transformar a superioridade em vantagem
até o intervalo.
Se logo no recomeço do jogo conseguiu a virada e desperdiçou a ampliação do placar, no fim ganhou por
causa de uma bola desviada em chute de Carlos Alberto, ele mesmo que
Muricy pusera em campo um pouco
antes e que perdera a bola que quase
dera o gol da virada para os santistas.
Belo jogo, enfim.
Só no meu time
José Geraldo Couto já disse tudo
sobre a nova pisada na bola de Romário. João Saldanha dizia que havia certos craques que ele queria no
time dele, não para casar com sua
filha.
Embora desconfie demais de
pragmatismos exagerados, sempre
me pareceu correta a idéia do João
e acho até que o Zé concorda com
ela. Porque também eu queria Romário no meu time.
Mas devo admitir que cada vez
tenho menos paciência com gente
que mesmo sendo muito competente no que faz revela não ter nenhum princípio e mau caráter.
Por mais que continue a achar
Macunaíma um grande livro.
Bingo!
Também já cansei de usar o titulinho acima.
Mas cada vez que surge uma reportagem sobre o tema bingo, mais
fica demonstrado aquilo que era
sabido, elementar, meu caro Watson, como diria Sherlock Holmes,
em outro clássico da literatura.
A reportagem de Adalberto Leister Filho, ontem nesta Folha, sobre a devastadora conseqüência
dos bingos em nossas federações
esportivas é prova dramática disso.
O que dá raiva é lembrar que ex-ministros do Esporte como Greca e
Agnelo não só defendiam os bingos
com de tudo fizeram para perpetuá-los, o último com a cumplicidade de escalões tão altos no governo que, lembremos, a regularização dos bingos fez parte de mensagem presidencial ao Congresso.
Quando alguns poucos diziam
que os bingos só eram bons para os
bingueiros e para aqueles cujas
campanhas políticas eles financiavam, jamais para o esporte, o mundo vinha abaixo, era coisa de jornalista que vê corrupção em tudo.
Quando o extraordinário Robert
Scheidt era criticado por fazer propaganda de bingos, quem criticava
era visto como patrulheiro.
Pois a reportagem mostra um
buraco de quase R$ 200 milhões
deixados como herança pelos bingos para federações endividadas
como a de vela (a de Scheidt...), canoagem, atletismo, vôlei etc.
E o mesmo COB, entusiasta dos
bingos, agora diz não ter nada com
isso, que é problema de cada federação, como se fosse a única virgem
entre as pecadoras.
blogdojuca@uol.com.br
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