São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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JUCA KFOURI

Clássicos da bola e da literatura

Do San-São no Morumbi às desventuras de Romário/ Macunaíma. E a desgraça dos bingos, elementar, caro...

O CLÁSSICO superou todas as expectativas. Se, em 2002, o São Paulo foi a primeira grande vítima dos meninos do Santos, ontem, quase a história se repete, sem a mesma dramaticidade.
Porque a impressão inicial que o São Paulo deu de até golear a equipe santista ficou pelo caminho no fim do jogo, quando Kléber Pereira, duas vezes, desperdiçou os gols que dariam uma vitória injusta, mas trabalhada pelo time de Leão.
Sim, o tricolor foi muito melhor no primeiro tempo, mas tomou o primeiro gol e não soube transformar a superioridade em vantagem até o intervalo.
Se logo no recomeço do jogo conseguiu a virada e desperdiçou a ampliação do placar, no fim ganhou por causa de uma bola desviada em chute de Carlos Alberto, ele mesmo que Muricy pusera em campo um pouco antes e que perdera a bola que quase dera o gol da virada para os santistas. Belo jogo, enfim.

Só no meu time
José Geraldo Couto já disse tudo sobre a nova pisada na bola de Romário. João Saldanha dizia que havia certos craques que ele queria no time dele, não para casar com sua filha.
Embora desconfie demais de pragmatismos exagerados, sempre me pareceu correta a idéia do João e acho até que o Zé concorda com ela. Porque também eu queria Romário no meu time.
Mas devo admitir que cada vez tenho menos paciência com gente que mesmo sendo muito competente no que faz revela não ter nenhum princípio e mau caráter.
Por mais que continue a achar Macunaíma um grande livro.

Bingo!
Também já cansei de usar o titulinho acima.
Mas cada vez que surge uma reportagem sobre o tema bingo, mais fica demonstrado aquilo que era sabido, elementar, meu caro Watson, como diria Sherlock Holmes, em outro clássico da literatura.
A reportagem de Adalberto Leister Filho, ontem nesta Folha, sobre a devastadora conseqüência dos bingos em nossas federações esportivas é prova dramática disso.
O que dá raiva é lembrar que ex-ministros do Esporte como Greca e Agnelo não só defendiam os bingos com de tudo fizeram para perpetuá-los, o último com a cumplicidade de escalões tão altos no governo que, lembremos, a regularização dos bingos fez parte de mensagem presidencial ao Congresso.
Quando alguns poucos diziam que os bingos só eram bons para os bingueiros e para aqueles cujas campanhas políticas eles financiavam, jamais para o esporte, o mundo vinha abaixo, era coisa de jornalista que vê corrupção em tudo.
Quando o extraordinário Robert Scheidt era criticado por fazer propaganda de bingos, quem criticava era visto como patrulheiro.
Pois a reportagem mostra um buraco de quase R$ 200 milhões deixados como herança pelos bingos para federações endividadas como a de vela (a de Scheidt...), canoagem, atletismo, vôlei etc.
E o mesmo COB, entusiasta dos bingos, agora diz não ter nada com isso, que é problema de cada federação, como se fosse a única virgem entre as pecadoras.


blogdojuca@uol.com.br

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