São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Nacional assiste a dominação cubana

Lisdeivi e Ariadna deixaram seu país e hoje comandam Ourinhos e Catanduva nas semifinais do torneio de basquete

Mais experiente, pivô convida colega a vir ao Brasil e se torna conselheira da jogadora, que quer jogar na Europa e reunir a família


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma é peça-chave do tricampeão brasileiro. Outra chegou sem chamar muito a atenção e hoje se destaca no atual vice paulista. Em comum, a vontade de vencer no Brasil e as saudades que sentem de casa.
A partir de hoje, quando começam as semifinais do Nacional de basquete, a pivô Lisdeivi Victores Pompa, 33, do Ourinhos, e a ala-armadora Ariadna Capiro Felipe, 25, do Catanduva, lutam para confirmar o favoritismo de suas equipes.
Se atingirem o objetivo, pela primeira vez haverá um confronto entre cubanas na decisão do Brasileiro.
Às 20h, o Ourinhos recebe o Sport. Na quarta, o Catanduva é anfitrião do São Bernardo.
"Foi a Lisdeivi quem me aconselhou a vir ao Brasil. Tenho grande admiração por ela. É minha conselheira para tudo. Ela é mais velha, e a considero como uma mãezona", declara Ariadna, que, com 15,6 pontos em média por jogo, é a sétima cestinha do torneio.
"A Ariadna tem evoluído a cada ano. Conheci ela garotinha, aos 14 ou 15 anos, em treinos da seleção cubana. Neste estágio no Brasil, melhorou seu arremesso de três pontos", afirma Lisdeivi, principal destaque do Ourinhos no garrafão. Ela consegue uma média de 8,7 rebotes por partida.
A pivô está no país desde 2004, quando abandonou o Havana Club, que disputava no país um torneio classificatório para a Liga Mundial de clubes.
Habituada ao Brasil, já comprou uma casa em Ourinhos (cidade a 370 km a oeste de São Paulo) e chegou até a se casar com um nativo da terra -acabou se divorciando.
"Quero continuar aqui. Vou jogar até quando meus joelhos e pernas agüentarem. Depois, quero fazer pós-graduação e continuar trabalhando com basquete", planeja a pivô.
Já Ariadna não dá detalhes sobre sua trajetória anterior. Na sexta-feira, foi ao Paraguai para tirar novo visto de trabalho. Teve passagem pelo Equador e pelo universitário da França antes de aportar no Brasil. Pela seleção, sua principal conquista foi o título do Pan de Santo Domingo, em 2003.
"Está difícil voltar a Cuba. Abandonei a seleção. E agora não posso jogar mais lá porque atuo profissionalmente", explica a jogadora.
Chamada por Lisdeivi, foi atuar pelo Marília, dirigido por Antonio Carlos Vendramini. "Aqui há muitas jogadoras, e sabia que ela teria poucas chances. Por isso falei com o Vendramini, que arrumou lugar. Hoje me arrependo. Mas ela está muito bem", diz Lisdeivi.
O apoio da amiga-mãe foi fundamental nos primeiros tempos no país. "Não faço nada sem ouvir a Lisdeivi", admite.
Ao contrário de Lisdeivi, Ariadna pretende fazer estágio curto no Brasil. Quer ficar nas quadras nacionais por mais um ano para ganhar experiência.
"Mas meu sonho é jogar na Europa e, no futuro, conseguir independência financeira para trazer minha família para morar comigo", planeja a ala-armadora, que estuda propostas de Portugal e Espanha.
Em um Nacional esvaziado pela ausência das maior parte das atletas que defendem a seleção brasileira, que estão no exterior, a presença das cubanas é bem-vinda.
"Elas aumentam o nível do campeonato. Têm um estilo agressivo. E esse intercâmbio é bom para nossas atletas", opina o técnico Paulo Bassul, do Ourinhos e da seleção feminina.


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