São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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Marcos joga com contrato "de gaveta"

Extensão do acordo por mais duas temporadas, até 2009, feita há um ano e meio, ainda não foi registrada pelo Palmeiras

No boletim da CBF em que estão os registros de atletas, vínculo do clube alviverde com o camisa 1 chegará ao fim em 4 meses e 20 dias


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Marcos conseguiu neste começo de ano ultrapassar a marca de 350 jogos com a camisa do Palmeiras e se tornou o quarto goleiro que mais atuou pelo clube. Mas pode ser que não tenha a chance de galgar mais posições nesse ranking histórico.
O contrato do camisa 1 e atualmente um dos maiores ídolos palmeirenses é "de gaveta". O acordo acertado há pouco mais de um ano que estendia o compromisso do jogador com o clube por mais duas temporadas -além do que já vigorava- nunca foi registrado.
O acordo que consta no departamento de registros da CBF -representado pelo BID (Boletim Informativo Diário) disponível no site oficial da entidade- vale só até julho.
Registrado sob o número 459.065, o contrato entre Marcos e Palmeiras rege 1º de agosto de 2004 como data de início, 31 de julho de 2007 como final. Está descrito como do tipo "Nacional definitivo" e com a situação em "andamento".
O registro contrasta com a informação divulgada pela diretoria palmeirense há pouco mais de um ano e meio.
Quando o clube recebeu, em 2005, uma proposta de US$ 2 milhões para liberar o jogador feita por um grupo internacional de investidores que queria levá-lo para atuar em Portugal, o então diretor de futebol, Salvador Hugo Palaia, anunciou que, após negociações com Marcos, renovara o vínculo com o camisa 1 até 2009, para que ele pudesse atuar no Palmeiras até o fim da carreira.
A Folha apurou que o contrato que segura Marcos por mais dois anos de fato existe, mas é "de gaveta". Ele foi assinado pelas duas partes -jogador e clube-, mas o Palmeiras optou por registrá-lo apenas após o fim do atual acordo. Membros da cúpula palmeirense que acompanharam o caso dizem que o papel é considerado pelo clube como uma espécie de "pré-contrato".
Isso porque o novo vínculo prevê aumento no salário do atleta -classificado por conselheiros palmeirenses como "substancial". Mas, segundo o que foi acertado entre o clube e Marcos, o valor só passaria a ser pago a partir de agosto de 2007. À época do assédio, o goleiro recebeu só 10% de acréscimo em seus vencimentos.
Procurado pela Folha para comentar a decisão de deixar de registrar imediatamente a extensão de contrato de Marcos, o ex-diretor de futebol Savador Hugo Palaia não se manifestou sobre o assunto.
Já a atual diretoria, que assumiu o comando do departamento apenas no fim de dezembro passado, mostrou-se surpresa com a informação de que, para efeito de registro, o vínculo com o principal goleiro do clube dura só mais quatro meses e 20 dias. Porém Savério Orlandi, atual diretor de futebol, preferiu não confirmar que exista um contrato "de gaveta".
A permanência de Marcos em campo pelo Palmeiras até 2009, aliás, tem sido motivo de discussões no Parque Antarctica. Alguns conselheiros acreditam que o goleiro já não poderia mais ser o titular, já que no ano passado Diego Cavalieri se mostrou capaz de assumir com competência a defesa da meta.
Outros apostam ainda que o próprio jogador não terá vontade de jogar por mais dois anos. Quando lhe foi oferecida a extensão, também ficou acertado que, caso quisesse, Marcos, 33, poderia se aposentar antes de 2009 com rescisão sem multa.


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