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Espanha que paga pouco é invadida por brasileiros
Peso espanhol na exportação de atletas nacionais mais do que dobra em 5 anos
Brasil mandou 38 atletas para o país europeu em 2007, a maioria para clubes da 4ª divisão, onde o salário quase nunca chega a 1 mil
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Espanha não quer mais
brasileiros para trabalhar como
garçom ou pedreiro. Mas vagas
mal remuneradas para jogadores de futebol do maior país da
América do Sul não faltam.
Em cinco anos, a participação do mercado espanhol na
exportação de atletas nacionais
pulou de 1,4% para 3,5%, segundo dados oficiais da CBF.
Foram só nove jogadores em
2002 e 38 no ano passado, um
crescimento de 322%, contra
60% do resto do mundo.
A Espanha passou no período do 19º para o 5º lugar no ranking de maiores importadores
de boleiros brasileiros.
Com outros grandes mercados europeus aconteceu o contrário. A Itália era o destino de
5% das exportações brasileiras
em 2002. Em 2007, respondeu
por 4,3%. No caso da Alemanha
esses números foram, respectivamente, de 6,7% e 4%. Na Inglaterra, 1% e 0,6%.
Mas o perfil do jogador brasileiro desejado hoje pelos clubes
espanhóis tem muito pouco de
Robinho ou Ronaldinho, com
seus milionários salários, e bastante dos brasileiros barrados
no aeroporto de Barajas.
Só 5 dos 38 atletas exportados no ano passado foram para
clubes da primeira divisão.
Mais de 70% deles foram para
times da terceira ou quarta divisão e até ligas regionais -a
Espanha tem um sistema de
acesso e descenso envolvendo
cerca de 500 clubes.
Justamente competições em
que a remuneração só encolhe.
O torneio equivalente à terceira divisão, para onde foram
mais de 20 brasileiro no ano
passado, tinha na década passada salários que chegavam até a
18 mil anuais, quase R$ 44
mil. Hoje, os jogadores mais valorizados recebem 12 mil
(menos de R$ 31 mil anuais).
Mas existem relatos de penúria absoluta, com atletas ganhando por mês 200 (pouco
mais de R$ 500). Um clube de
Logroño liberou todos os jogadores de cumprir o contrato
por falta de meios para pagá-los. As dívidas trabalhistas e
fiscais desses times pequenos
crescem em ritmo elevado.
Como mostrou a Folha na
edição de ontem, é possível encontrar trabalho de garçom para um brasileiro recém-chegado na Espanha com um salário
de 800.
Com esse cenário, é cada vez
mais comum atletas que atuam
nessas divisões terem que arrumar uma outra atividade
profissional.
A lista de clubes espanhóis
que importaram brasileiros
tem nomes totalmente desconhecidos, como Union Villalba,
Baenta Atletico e Martos.
Dificilmente eles pagam algo
para os clubes nacionais. Contratam jogadores brasileiros
sem contrato em vigor ou ligados a empresários.
Também é bastante variada
em termos geográficos. Clubes
da Galícia, Andaluzia e até das
Ilhas Canárias.
Os brasileiros não são o único grande grupo de jogadores
nos clubes de divisões menores
da Espanha. Argentinos e marroquinos também têm um número grande de representantes
em clubes da terceira e quarta
divisão do país europeu.
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