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Croata vai "ensinar" atletas do polo a nadar
País contrata técnico que diz que no Brasil se treina pouco
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil contratou o técnico
croata Goran Sablic para "ensinar" os jogadores da seleção de
polo aquático a nadar.
O presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes,
anunciou ontem o croata como
técnico da equipe masculina.
Sablic treinou o Pinheiros
por cerca de dois meses em
2009, período em que levou o
clube ao bi da Liga Nacional.
Mas, segundo Coaracy, o que
o levou à contratação do croata
para a seleção foi a elaboração
de um relatório sobre a situação do polo aquático brasileiro.
"Ele deixou claro que o brasileiro treina pouco e não sabe nadar, aquele nado específico",
disse o dirigente. "No primeiro
quarto, o Brasil joga bem, mas,
depois, cai e vai levando gols."
Amadores, os jogadores de
polo brasileiros treinam à noite, após o expediente. Geralmente, das 19h às 22h. Na Croácia, os atletas são profissionais
e treinam seis horas diárias.
Goleiro da seleção, Luis
Maurício Santos, 29, é engenheiro mecânico da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) e treinou com Sablic
no Pinheiros no ano passado.
"Essa coisa da natação tem a
ver um pouco com o treino reduzido", afirmou Santos. "Em
duas, três horas, temos que nadar e treinar a parte tática."
"São poucos os que optam
pelo polo no Brasil. Às vezes, o
cara não nada muito bem, mas
tem bons fundamentos e acaba
no polo", disse o goleiro, que
treina menos natação que os
outros atletas e faz mais trabalho específico de sustentação.
Daniel Mameri, 39, que integrou a seleção até 2009 e também treinou com o croata, diz
que o time se assustou com o
novo sistema de trabalho. "Nadávamos 2.000 m, 3.000 m por
dia, e ele queria que fossem
5.000 m, 6.000 m", disse.
Para Carlos Carvalho, técnico do Fluminense, há duas formas de analisar o fato de os brasileiros não saberem nadar.
"Se analisarmos brasileiros
que fazem sucesso no exterior,
vemos que não é por aí", declarou ele. "Mas, se colocarmos
dentro do contexto, o brasileiro
não só não sabe nadar como
não sabe "chutar", passar e se
deslocar como um do Leste Europeu. A realidade é outra."
Para o treinador, o relatório
mostra o que técnicos e atletas
já sabem "há dez, 15 anos".
Segundo Roberto Chiappini,
técnico do time feminino do Pinheiros e ex-treinador da seleção, a vinda do croata é benéfica, mas exige adaptação devido
à forma diferente de trabalhar.
Coaracy diz que o polo é prioridade da CBDA, que ainda tem
natação, maratona aquática,
saltos ornamentais e nado sincronizado. À frente da entidade
desde 1988, ele ainda não viu o
time masculino na Olimpíada
-a última vez foi em Los Angeles-84, beneficiado pelo boicote. Já a Croácia foi bronze no
Mundial do ano passado.
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