São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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Croata vai "ensinar" atletas do polo a nadar

País contrata técnico que diz que no Brasil se treina pouco

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil contratou o técnico croata Goran Sablic para "ensinar" os jogadores da seleção de polo aquático a nadar.
O presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, anunciou ontem o croata como técnico da equipe masculina.
Sablic treinou o Pinheiros por cerca de dois meses em 2009, período em que levou o clube ao bi da Liga Nacional.
Mas, segundo Coaracy, o que o levou à contratação do croata para a seleção foi a elaboração de um relatório sobre a situação do polo aquático brasileiro. "Ele deixou claro que o brasileiro treina pouco e não sabe nadar, aquele nado específico", disse o dirigente. "No primeiro quarto, o Brasil joga bem, mas, depois, cai e vai levando gols."
Amadores, os jogadores de polo brasileiros treinam à noite, após o expediente. Geralmente, das 19h às 22h. Na Croácia, os atletas são profissionais e treinam seis horas diárias.
Goleiro da seleção, Luis Maurício Santos, 29, é engenheiro mecânico da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e treinou com Sablic no Pinheiros no ano passado.
"Essa coisa da natação tem a ver um pouco com o treino reduzido", afirmou Santos. "Em duas, três horas, temos que nadar e treinar a parte tática."
"São poucos os que optam pelo polo no Brasil. Às vezes, o cara não nada muito bem, mas tem bons fundamentos e acaba no polo", disse o goleiro, que treina menos natação que os outros atletas e faz mais trabalho específico de sustentação.
Daniel Mameri, 39, que integrou a seleção até 2009 e também treinou com o croata, diz que o time se assustou com o novo sistema de trabalho. "Nadávamos 2.000 m, 3.000 m por dia, e ele queria que fossem 5.000 m, 6.000 m", disse.
Para Carlos Carvalho, técnico do Fluminense, há duas formas de analisar o fato de os brasileiros não saberem nadar.
"Se analisarmos brasileiros que fazem sucesso no exterior, vemos que não é por aí", declarou ele. "Mas, se colocarmos dentro do contexto, o brasileiro não só não sabe nadar como não sabe "chutar", passar e se deslocar como um do Leste Europeu. A realidade é outra."
Para o treinador, o relatório mostra o que técnicos e atletas já sabem "há dez, 15 anos".
Segundo Roberto Chiappini, técnico do time feminino do Pinheiros e ex-treinador da seleção, a vinda do croata é benéfica, mas exige adaptação devido à forma diferente de trabalhar.
Coaracy diz que o polo é prioridade da CBDA, que ainda tem natação, maratona aquática, saltos ornamentais e nado sincronizado. À frente da entidade desde 1988, ele ainda não viu o time masculino na Olimpíada -a última vez foi em Los Angeles-84, beneficiado pelo boicote. Já a Croácia foi bronze no Mundial do ano passado.


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