|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NATAÇÃO
Treinador do medalhista olímpico é acusado de receitar esteróides
Doping envolve Popov e já gera reação da Austrália
DA REDAÇÃO
Um escândalo na área do doping envolvendo os campeões
olímpicos Alexander Popov e Michael Klim ameaça manchar a reputação "limpa" da natação australiana e já detona uma caça às
bruxas no esporte daquele país.
Técnico dos dois nadadores, o
russo Gennadi Turetski é acusado
pela polícia de ministrar esteróides anabólicos para seus atletas.
O caso foi anunciado ontem em
Canberra, no Instituto Australiano de Esportes, centro de excelência para formação de atletas.
Primeiro reflexo das investigações, a cúpula do instituto divulgou que fará exames antidoping
em massa já no próximo sábado.
Ao todo, 250 atletas de várias modalidades passarão pelos testes.
"Nós não temos outra alternativa. Além disso, Turetski vai ficar
suspenso até provar que é inocente", afirmou Vena Murray, diretora de natação do centro, que abrigou a delegação brasileira na aclimatação para os Jogos de Sydney.
"Por enquanto, só sei que ele está negando a acusação", declarou
Mark Peters, diretor-executivo.
O problema gerou até um comunicado da ministra dos Esportes da Austrália, Jackie Kelly: "O
governo não vai tolerar a presença de drogas no esporte e continuará mantendo um rigoroso regime de exames antidoping".
Hoje, o treinador está convocado a apresentar sua defesa a um
tribunal de Canberra. A lei australiana prevê pena de até seis meses
de prisão pelo porte de esteróides.
O roteiro que levou às acusações
é, no mínimo, fora do comum.
Tudo começou há exatos dez
dias, quando Turetski teve seu
apartamento invadido. Entre outras coisas, os ladrões levaram um
cofre, alguns troféus e relógios.
No dia seguinte, a polícia encontrou o cofre arrombado, jogado numa lagoa nos subúrbios da
cidade. Dentro, havia medalhas
conquistadas por Popov e Klim,
além de uma cartela com dez tabletes da substância proibida.
A defesa de Turetski no tribunal
deve se basear justamente no fato
de o cofre ter sido violado.
Na Austrália, que nunca havia
registrado um grande problema
de doping, o caso ganhou destaque. O "Sydney Mourning Herald", um dos principais jornais
do país, chegou a fazer um paralelo entre o escândalo e as eternas
suspeitas sobre nadadores do Leste Europeu na década de 70.
"O mundo da natação foi abalado nos anos 70 pelo regime da
Alemanha Oriental e não está disposto a passar por algo parecido."
Em Sydney-2000, a natação australiana conquistou 18 medalhas
(cinco de ouro, nove de prata e
quatro de bronze), ficando atrás
apenas dos EUA, com 33.
Klim levou ouro nos revezamentos 4 x 100 m e 4 x 200 m livre
e foi prata nos 100 m borboleta e
no 4 x 100 m medley.
Popov, russo, mas que busca
nacionalidade australiana, saiu
dos Jogos com a medalha de prata
nos 100 m livre. Antes, já contava
com quatro ouros olímpicos em
seu currículo, conquistados em
Barcelona-92 e em Atlanta-96.
Os dois nadadores ainda não se
manifestaram sobre o caso.
Texto Anterior: Futebol - Tostão: Vou torcer para a Tonga Próximo Texto: Nadadores não sofrem ameaça de suspensão Índice
|