São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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FUTEBOL

Clubes 10 x 0 seleções

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os clubes são mais legais que as seleções. Não há pesquisa que comprove isso, mas o torcedor se envolve muito mais com seu time de coração do que com seu selecionado. Muitos não estão nem aí com as seleções quando não é Copa ou Eurocopa, mais no caso dos europeus.
As últimas semanas ajudam a corroborar essa tese. Se a coluna passada destacou os recentes péssimos jogos de seleções, a de hoje deveria fazer o contrário com as disputas interclubes.
As quartas-de-final da Copa dos Campeões foram sensacionais, épicas. A expectativa não era das melhores porque parecia que três duelos estavam definidos (escrevi isso e quebrei a cara). A Rede TV! não mostrou o jogo londrino, o único que não apontava certamente um classificado. Sorte dos telespectadores, pois viram as incríveis derrocadas de Real Madrid e Milan. Só vendo para crer.
Foi a primeira e última derrota do Real na Champions League. Ronaldo estava em campo. Em tropeços recentes, ficou uma idéia de que a presença dele resolvia tudo, até os grosseiros problemas defensivos da equipe espanhola. Idéia furada.
Beckham não atuou. Havia a impressão de que o aproveitamento dele era só jogada de marketing sem benefícios para o time em campo. Impressão errada.
A pompa do time, porém, pesou. A queda de rendimento na segunda etapa pode ser explicada pela preparação física dos galácticos. Envoltos em propagandas, eventos e campanhas, faltou atenção com o corpo. Teria havido mesmo pedido formal de alguns dos craques para minimizar os treinos ("baladas" e "traições" seriam só sensacionalismo).
Enquanto isso, o Monaco voava baixo. O baixinho Giuly conduziu de tal forma a equipe de Deschamps que é sério candidato a grande craque do torneio.
Mas, pegando toda a Copa dos Campeões, o turbinado Chelsea ostenta a melhor campanha. Um amigo que acompanhou em Londres o clube de Roman Abramovich eliminar o Arsenal me falou duas coisas que parecem verdades. Uma é que o time de Claudio Ranieri é bem meia boca. A outra é que milionários são estupidamente sortudos. O magnata russo não entende quase nada de futebol, gastou um bolo de dinheiro sem critério, já fritou seu técnico e pode ter a Europa na primeira tentativa. Quem posa de burro é Florentino Pérez, presidente do Real, que gastou menos que Roman comprando o "gordo" Ronaldo e o "fashion" Beckham e apostando em Carlos Queiroz.
Silvio Berlusconi, que lida com o futebol há muito mais tempo que Abramovich, não entende até agora o que aconteceu com seu Milan e seu G14, ridicularizado na Copa dos Campeões. Ele foi o primeiro a defender que os clubes são mais importantes que as seleções e certamente está por trás da ação do G14 contra a Fifa que pede dinheiro quando um atleta serve seu país. Por trás da questão talvez esteja a explicação para o fato de alguns atletas renderem bem mais nos clubes que nas seleções. Boleiros são empregados dos clubes que fazem "bico" (às vezes não remunerado) nas seleções.

Copa da Uefa
O G14 tem boa chance de levar o título. Um semifinalista está certo (Olympique ou Inter). O Valencia está quase garantido, e o PSV ainda sonha. Mas não vivemos a melhor época para palpites.

Libertadores
O principal interclubes da América não teve grandes "zebras" e, se seguir assim, pode ver seu campeão ser favorito no Mundial interclubes, o que não ocorre já faz um bom tempo. O Porto é o mais forte possível representante europeu.

Copa dos Campeões
Nem Ronaldo nem Henry nem Shevchenko. O artilheiro é mesmo o espanhol Morientes (sete gols).


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