São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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OLIMPÍADA

Projeto consumirá US$ 2 bi e ficará pronto em 2007, dois anos antes da escolha da sede da 31ª edição do evento

Dubai constrói cidade para Jogos de 2016

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A DUBAI

O desavisado que topa com a fila de caminhões e a floresta de guindastes no meio do deserto pode imaginar que daquele imenso canteiro de obras vai surgir um condomínio de luxo ou mais um parque temático, como tantos que há espalhados pelo mundo.
Um engano, embora a impressão não esteja totalmente errada. A um custo de US$ 2 bilhões, numa área equivalente a quatro Ibirapueras, um consórcio de empresas árabes está erguendo a 20 km de Dubai a primeira cidade esportiva do planeta. Grosso modo, uma Disneylândia do esporte.
Um megaempreendimento, como quase tudo o que foi construído nos Emirados Árabes Unidos nos últimos anos. Que deve ser entregue em 2007. Que é o sonho de qualquer atleta ou equipe. E que nasce com um objetivo ambicioso: receber a primeira Olimpíada do Oriente Médio, em 2016.
"Estaremos prontos para concorrer aos Jogos. Ao contrário do que os outros fazem, estamos construindo toda a estrutura para depois lançar a candidatura", afirmou Mohammed Al Gergawi, dirigente do órgão responsável por fomentar o desenvolvimento do emirado, o mais proeminente entre os sete que formam o país.
O projeto da DSC (Dubai Sports City) mostra que o sonho é bem possível. É só questão de tempo.
Serão dois estádios para 25 mil pessoas -e que podem ser ampliados-, um estádio indoor para 10 mil torcedores e um ginásio para mais 8.000. Haverá ainda um complexo de piscinas, um campo de golfe com a grife do sul-africano Ernie Els, atual sétimo colocado no ranking profissional, e um campo de críquete, um dos esportes mais populares do país.
Tem mais. A DSC contará com um clube de tênis, um velódromo, academias de boxe, ginástica, artes marciais e luta greco-romana, além de espaços para beisebol, handebol e vôlei. Ao todo, 20 modalidades estarão contempladas.
Entre um complexo e outro, serão construídos conjuntos residenciais e hotéis com capacidade para abrigar até 60 mil pessoas.
"Teremos tudo para receber qualquer equipe de qualquer modalidade que quiser fazer uma pré-temporada. Seremos uma vila olímpica sem Olimpíada. Por enquanto", afirmou à Folha Bala Balasubramaniam, presidente-executivo da DSC. Ou prefeito.
Dinheiro não falta. O empreendimento tem por trás um consórcio de três grupos dos Emirados Árabes que atuam em áreas como petróleo, construção, shopping centers e indústria alimentícia.
Com tudo isso, a futura cidade já está atraindo grandes nomes. Além do golfista Els, o Manchester United já anunciou que abrirá na DSC sua primeira franquia fora da Europa. A equipe, que deve contar com jogadores não aproveitados pelo clube inglês, vai disputar campeonatos regionais.
"Com o Manchester aqui, poderemos formar jogadores de alto nível", disse Balasubramaniam.
O executivo admite que a cidade teria que ser ampliada para uma Olimpíada. Mas acha que Dubai já tem algo em mãos. Pelo menos, com base no orçamento, metade do que é necessário para os Jogos.
O governo grego está gastando US$ 4,8 bilhões em infra-estrutura para os próximos Jogos. Sydney, que recebeu a Olimpíada de 2000, despendeu US$ 4 bilhões.
Para organizar o próximo Pan, o Rio vai gastar US$ 300 milhões, sendo US$ 135 milhões em obras.
Após passar por Europa, América, Ásia e Oceania, talvez tenha chegado a hora de a tocha olímpica iluminar o Golfo Pérsico. A escolha da sede dos Jogos de 2016 será em 2009, quando a DSC já estiver em pleno funcionamento.
Enquanto suas concorrentes apresentarem suas candidaturas em calhamaços de papel, Dubai responderá com uma cidade.
Os árabes terão um trunfo firme, sólido. De concreto armado.


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