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Degola recorde assusta clubes
Brasileiro-2006 começa no sábado com um quinto dos 20 participantes condenado a cair à segunda divisão, índice que supera o das principais ligas européias e divide equipes do país
KLEBER TOMAZ
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem gosta mais da luta
contra o rebaixamento do que da
disputa pelo título, o Brasileiro-2006, que começa no próximo sábado, será um prato cheio.
Entre os 20 inscritos, quatro serão rebaixados. O percentual de
20% é o mais alto nas edições em
que os grandes tinham a possibilidade de cair. Essa marca já foi inferior a 10%. Isso porque o campeonato vai ter o número de participantes sempre desejado pela
CBF. E, para desgosto dos clubes,
a entidade manteve o pé firme na
hora de fazer o regulamento, e
quatro equipes irão cair.
Esse índice é maior do que o verificado nas principais ligas européias. Na Espanha, o campeonato
também tem 20 times, mas só três
são rebaixados à Segundona. Outros países ainda fazem um playoff entre os piores da primeira
divisão com times da segunda.
A degola recorde divide os clubes, mas a maioria prefere um número menor de rebaixados.
"É exagerado [o percentual de
20%]. É um número muito alto.
O pelotão maior será dos clubes
que brigarão para não cair. Será
um campeonato bem mais disputado do que fora no ano passado", afirma Gustavo Mendes, gerente de futebol do Fluminense,
clube que já foi rebaixado duas
vezes na década passada (em uma
delas, acabou salvo por uma "virada de mesa").
"É um percentual muito alto. A
nossa vontade seria que 15% dos
clubes fossem rebaixados, e não
20%. O ideal seria caírem três times e subirem três equipes", diz
Mário Celso Petraglia, homem
forte do Atlético-PR.
Alguns se queixam da chance
maior de cair, mas reconhecem
que a disputa deve ter mais emoção. "Analisando isso em causa
própria, eu sou favorável a que
não sejam rebaixados quatro clubes. No entanto, entendo que essa
fórmula de descenso é a mais justa, pois forçará todos os clubes a
melhorarem seu nível: os da Série
A para não caírem, e os quatro da
B que subirem para brigar mais
para permanecerem na elite",
afirma Ribamar Bezerra, presidente do Fortaleza.
"Será um dos Brasileiros mais
equilibrados e difíceis dos últimos anos. A proximidade de
quem estará no descenso e na
Sul-Americana será muito pequena", diz Anderson Barros, gerente
de futebol do Figueirense.
Marco Aurélio Cunha, superintende de futebol do São Paulo,
tem raciocínio parecido.
"Esse percentual maior de rebaixados fará com que os clubes
que estiverem no meio-termo da
tabela briguem para fugir do descenso ou para entrarem na Copa
Sul-Americana."
Realmente, a "zona da pasmaceira" será muito menor neste
ano. Se um clube brasileiro ganhar a Taça Libertadores deste
ano, nada menos do que 16 dos 20
times do próximo Brasileiro terão
obtido vaga em competições internacionais ou serão rebaixados
-o índice, de 80%, será o maior
de todos os tempos.
E para quem vai lutar contra o
rebaixamento, a chance de recuperação será menor. Com 20 times, o Brasileiro-06 terá 38 rodadas, ou oito a menos do que na
primeira edição com pontos corridos, em 2003, quando 24 clubes
participaram da competição.
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