São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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Degola recorde assusta clubes

Brasileiro-2006 começa no sábado com um quinto dos 20 participantes condenado a cair à segunda divisão, índice que supera o das principais ligas européias e divide equipes do país

KLEBER TOMAZ
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem gosta mais da luta contra o rebaixamento do que da disputa pelo título, o Brasileiro-2006, que começa no próximo sábado, será um prato cheio.
Entre os 20 inscritos, quatro serão rebaixados. O percentual de 20% é o mais alto nas edições em que os grandes tinham a possibilidade de cair. Essa marca já foi inferior a 10%. Isso porque o campeonato vai ter o número de participantes sempre desejado pela CBF. E, para desgosto dos clubes, a entidade manteve o pé firme na hora de fazer o regulamento, e quatro equipes irão cair.
Esse índice é maior do que o verificado nas principais ligas européias. Na Espanha, o campeonato também tem 20 times, mas só três são rebaixados à Segundona. Outros países ainda fazem um playoff entre os piores da primeira divisão com times da segunda.
A degola recorde divide os clubes, mas a maioria prefere um número menor de rebaixados.
"É exagerado [o percentual de 20%]. É um número muito alto. O pelotão maior será dos clubes que brigarão para não cair. Será um campeonato bem mais disputado do que fora no ano passado", afirma Gustavo Mendes, gerente de futebol do Fluminense, clube que já foi rebaixado duas vezes na década passada (em uma delas, acabou salvo por uma "virada de mesa").
"É um percentual muito alto. A nossa vontade seria que 15% dos clubes fossem rebaixados, e não 20%. O ideal seria caírem três times e subirem três equipes", diz Mário Celso Petraglia, homem forte do Atlético-PR.
Alguns se queixam da chance maior de cair, mas reconhecem que a disputa deve ter mais emoção. "Analisando isso em causa própria, eu sou favorável a que não sejam rebaixados quatro clubes. No entanto, entendo que essa fórmula de descenso é a mais justa, pois forçará todos os clubes a melhorarem seu nível: os da Série A para não caírem, e os quatro da B que subirem para brigar mais para permanecerem na elite", afirma Ribamar Bezerra, presidente do Fortaleza.
"Será um dos Brasileiros mais equilibrados e difíceis dos últimos anos. A proximidade de quem estará no descenso e na Sul-Americana será muito pequena", diz Anderson Barros, gerente de futebol do Figueirense.
Marco Aurélio Cunha, superintende de futebol do São Paulo, tem raciocínio parecido.
"Esse percentual maior de rebaixados fará com que os clubes que estiverem no meio-termo da tabela briguem para fugir do descenso ou para entrarem na Copa Sul-Americana."
Realmente, a "zona da pasmaceira" será muito menor neste ano. Se um clube brasileiro ganhar a Taça Libertadores deste ano, nada menos do que 16 dos 20 times do próximo Brasileiro terão obtido vaga em competições internacionais ou serão rebaixados -o índice, de 80%, será o maior de todos os tempos.
E para quem vai lutar contra o rebaixamento, a chance de recuperação será menor. Com 20 times, o Brasileiro-06 terá 38 rodadas, ou oito a menos do que na primeira edição com pontos corridos, em 2003, quando 24 clubes participaram da competição.


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