São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Após R$ 8 milhões da CBF, Botafogo troca de "partido"

Depois de empréstimo, clube alvinegro retira apoio a Fábio Koff e vira vice na chapa de Kléber Leite na eleição do C13

Goiás, Coritiba e Corinthians também mudam de lado na disputa, mas negam que a troca seja fruto de pressão ou dinheiro da confederação

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
PAULO VINÍCIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

A eleição para a presidência do Clube dos 13, amanhã, inclui na campanha dinheiro da CBF e antecipações de cotas de televisão em troca de votos. Corinthians, Botafogo, Goiás e Coritiba, exatamente os vices na chapa de Kléber Leite, candidato da confederação, são os clubes que aceitaram trocar de lado após receberem dinheiro ou promessas e benefícios.
Os dois primeiros desmentem que votam em Kléber Leite em troca de apoio financeiro, mas admitem que receberam dinheiro da CBF e da TV Globo às vésperas da eleição.
Botafogo, Goiás e Coritiba assinaram abaixo-assinado, em 29 de março, apoiando a reeleição de Fábio Koff. Dias depois, apareceram na chapa de Leite.
"Se fosse por causa de dinheiro, então, todo mundo estaria agora com o Kléber Leite", diz o corintiano Andres Sanchez, quase avalizando a acusação de que o ex-presidente do Flamengo passou sua campanha trocando benefícios por votos.
O botafoguense Maurício Assumpção acertou apoio à candidatura de Fábio Koff na segunda-feira, dia 29 de março. Três dias antes, no entanto, o clube formalizara acordo costurado no dia anterior com a CBF no valor de R$ 8 milhões.
O Botafogo receberia R$ 3,5 milhões em 6 de abril, R$ 2,5 milhões em 6 de maio e R$ 2 milhões em 6 de agosto.
Em 30 de março, o dirigente do Botafogo recebeu recado de que o empréstimo estava condicionado ao voto em Leite.
Sem apresentar justificativas objetivas, Assumpção apareceu na chapa de Leite dois dias depois. "Não é justo dizer que apoiei o Kléber Leite em troca do empréstimo. Comecei a negociar um valor de R$ 10 milhões em janeiro, muito antes do processo eleitoral. E só recebi R$ 3 milhões", diz Maurício Assumpção. "Os dois lados me fizeram ofertas", diz ele.
Koff, por meio de sua assessoria, nega que tenha oferecido qualquer benefício financeiro para ter o voto do Botafogo.
"É injusto cobrar do Botafogo uma posição igual à do Corinthians, porque nosso poder financeiro é diferente", afirma o presidente do time carioca.
A CBF informa que "vários clubes têm dívidas com a entidade, inclusive alguns que votam em Fábio Koff".
Primeiro vice na chapa de Leite, Andres Sanchez teve acesso a R$ 8 milhões de antecipação de direitos de TV em 9 de março, que pagará em oito parcelas de R$ 1 milhão até abril de 2011. "Peguei R$ 3,5 milhões", disse ele. Confrontado pela reportagem, recuou: "Se foi isso [R$ 8 milhões], pergunte ao Raul [Corrêa e Silva, diretor financeiro]".
Dois dias depois de ter firmado seu nome se comprometendo a votar em Koff, Syd Oliveira, presidente do Goiás, passou a terceiro vice de Leite. Em carta ao C13, oficialmente alegou "motivos institucionais".
Mas a interlocutores admitiu ter sofrido pressão da federação goiana e da CBF, inclusive com ameaça de rebaixamento à Série B do Brasileiro. O Coritiba, que terá na próxima quinta o julgamento sobre a punição ao estádio Couto Pereira, também trocou de lado abruptamente. "Foi uma decisão de colegiado do clube", defende-se o presidente Jair Cirino.
O racha entre a CBF e o Clube dos 13 se deu quando Ricardo Teixeira rompeu, em 2009, com a FBA, entidade responsável pela organização da Série B. Aos clubes da Segundona ofereceu R$ 30 milhões pelo contrato de televisão. O Clube dos 13 tinha quatro filiados na Série B e precisava avalizar o novo acordo, mas o recusou. Foi quando Ricardo Teixeira e Fábio Koff se afastaram.
"Nunca vi tanta baixaria como nesse mundo do futebol", declarou o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, que apoia Fábio Koff.
O dirigente gaúcho se disse surpreso com "traições por razões inconfessáveis".


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