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Após R$ 8 milhões
da CBF, Botafogo
troca de "partido"
Depois de empréstimo, clube alvinegro retira apoio a Fábio Koff e vira vice na chapa de Kléber Leite na eleição do C13
Goiás, Coritiba e Corinthians também mudam de lado na disputa, mas negam que a troca seja fruto de pressão ou dinheiro da confederação
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
PAULO VINÍCIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA
A eleição para a presidência
do Clube dos 13, amanhã, inclui
na campanha dinheiro da CBF
e antecipações de cotas de televisão em troca de votos. Corinthians, Botafogo, Goiás e Coritiba, exatamente os vices na
chapa de Kléber Leite, candidato da confederação, são os clubes que aceitaram trocar de lado após receberem dinheiro ou
promessas e benefícios.
Os dois primeiros desmentem que votam em Kléber Leite
em troca de apoio financeiro,
mas admitem que receberam
dinheiro da CBF e da TV Globo
às vésperas da eleição.
Botafogo, Goiás e Coritiba
assinaram abaixo-assinado, em
29 de março, apoiando a reeleição de Fábio Koff. Dias depois,
apareceram na chapa de Leite.
"Se fosse por causa de dinheiro, então, todo mundo estaria
agora com o Kléber Leite", diz o
corintiano Andres Sanchez,
quase avalizando a acusação de
que o ex-presidente do Flamengo passou sua campanha
trocando benefícios por votos.
O botafoguense Maurício Assumpção acertou apoio à candidatura de Fábio Koff na segunda-feira, dia 29 de março. Três
dias antes, no entanto, o clube
formalizara acordo costurado
no dia anterior com a CBF no
valor de R$ 8 milhões.
O Botafogo receberia R$ 3,5
milhões em 6 de abril, R$ 2,5
milhões em 6 de maio e R$ 2
milhões em 6 de agosto.
Em 30 de março, o dirigente
do Botafogo recebeu recado de
que o empréstimo estava condicionado ao voto em Leite.
Sem apresentar justificativas
objetivas, Assumpção apareceu
na chapa de Leite dois dias depois. "Não é justo dizer que
apoiei o Kléber Leite em troca
do empréstimo. Comecei a negociar um valor de R$ 10 milhões em janeiro, muito antes
do processo eleitoral. E só recebi R$ 3 milhões", diz Maurício
Assumpção. "Os dois lados me
fizeram ofertas", diz ele.
Koff, por meio de sua assessoria, nega que tenha oferecido
qualquer benefício financeiro
para ter o voto do Botafogo.
"É injusto cobrar do Botafogo uma posição igual à do Corinthians, porque nosso poder
financeiro é diferente", afirma
o presidente do time carioca.
A CBF informa que "vários
clubes têm dívidas com a entidade, inclusive alguns que votam em Fábio Koff".
Primeiro vice na chapa de
Leite, Andres Sanchez teve
acesso a R$ 8 milhões de antecipação de direitos de TV em 9
de março, que pagará em oito
parcelas de R$ 1 milhão até
abril de 2011. "Peguei R$ 3,5
milhões", disse ele. Confrontado pela reportagem, recuou:
"Se foi isso [R$ 8 milhões], pergunte ao Raul [Corrêa e Silva,
diretor financeiro]".
Dois dias depois de ter firmado seu nome se comprometendo a votar em Koff, Syd Oliveira, presidente do Goiás, passou
a terceiro vice de Leite. Em carta ao C13, oficialmente alegou
"motivos institucionais".
Mas a interlocutores admitiu
ter sofrido pressão da federação goiana e da CBF, inclusive
com ameaça de rebaixamento à
Série B do Brasileiro. O Coritiba, que terá na próxima quinta
o julgamento sobre a punição
ao estádio Couto Pereira, também trocou de lado abruptamente. "Foi uma decisão de colegiado do clube", defende-se o
presidente Jair Cirino.
O racha entre a CBF e o Clube dos 13 se deu quando Ricardo Teixeira rompeu, em 2009,
com a FBA, entidade responsável pela organização da Série B.
Aos clubes da Segundona ofereceu R$ 30 milhões pelo contrato de televisão. O Clube dos
13 tinha quatro filiados na Série B e precisava avalizar o novo acordo, mas o recusou. Foi
quando Ricardo Teixeira e Fábio Koff se afastaram.
"Nunca vi tanta baixaria como nesse mundo do futebol",
declarou o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo,
que apoia Fábio Koff.
O dirigente gaúcho se disse
surpreso com "traições por razões inconfessáveis".
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